DÈLICAT `ARABE CAVE DI MILLANO
QUEIJOS,PÃES ÁRABES,PASTA ,AZEITE E VINHOS DE TODAS AS PARTES DO ORIENTE MÉDIO SOB ENCOMENDA..........................................
KÁAB GHAZAL
MUNDO DOS SOMELLIERS
Reportagem da Somellièrs Maria Uzêda
Sommelière
Desvendando os segredos do vinho
Se você é um enófilo de carteirinha e está programando uma viagem, crie o hábito de colecionar dicas de reportagens, artigos de revistas especializadas, contatos feitos em feiras e encontros de vinho, que irão norteá-lo rumo a novidades incríveis e experiências inesquecíveis no que diz respeito ao mundo do vinho durante o seu passeio.
Sobre o Produtor:
Eu, por exemplo, em recente viagem à Alemanha, levei comigo um artigo de Carlos Marcondes publicado na Revista DiVino, intitulado “Vinhos na Terra dos Carros”. O autor referia-se à cidade de Stuttgart que fascina não só pelos museus da Mercedes Benz e da Porsche, como pelos vinhedos urbanos que cercam a cidade. Na reportagem, o autor destaca a familiar vinícola WÖHRWAG como uma das mais renomadas pequenas produtoras de Stuttgart.
Com essa dica na mala, pude enriquecer minha viagem à Alemanha ao passar pela cidade de Stuttgart. No hotel em que estava hospedada, tratei de me informar sobre a exata localização da Wöhrwag. Com o endereço na mão, o GPS me levou facilmente ao local onde fui muito bem recebida pelo enólogo Hans Peter, marido de Christin Wöhrwag que herdou a tradicional propriedade de seis gerações de viticultores. Surpreso e entusiasmado ao receber uma sommelière brasileira, Hans fez questão de fazer uma cópia da tal reportagem vinda do Brasil.
Com uma produção de aproximadamente 150.000 garrafas, a Wöhrwag oferece ao visitante a oportunidade de degustar mais de trinta variedades de vinhos, dentre eles brancos (weissweine), tintos (rotweine), rosés, espumantes (sekt) e uma fina seleção de vinhos classificados de “Grosses Gewächs”.
Estes são as estrelas da casa. O sistema “Grosses Gewachs” foi criado nos anos 90 pela VDP, que é uma associação dos principais produtores alemães proprietários de importantes vinhedos. Para estampar o símbolo na garrafa, o produtor deve utilizar apenas cepas autorizadas e manter a produtividade baixa para destacar a qualidade do vinhedo.
Dos vinhos Wöhrwag degustados, impressionaram-me bastante os VDP:
1- “Herzogenberg Riesling GG” 2011.
2- “Herzogenberg Weissburgunder GG” (Pinot Blanc) 2011.
3- “Herzogenberg Spätburgunder GG” (Pinot Noir) 2009.
Este último é um tinto alemão respeitável. Passa 18 meses em carvalho francês, é equilibrado, com taninos maduros e aveludados, apresenta notas de tabaco e chocolate. Apesar de pronto para se beber, pode ter guarda de mais 10 anos.
Seja um profissional do vinho, seja um enófilo, aquele que faz uma degustação na Wöhrwag sai, com certeza, impressionado com a alta qualidade dos vinhos que a Alemanha é capaz de produzir.
21/04/2013 por crisapx
A região vinícola da Toscana está dividida entre duas grandes áreas que abrangem a costa e as colinas centrais. Na costa, áreas como Bolgheri e Marema são favorecidas pelo clima quente marítimo. Renomados produtores como “Tenuta dell’Ornellaia”, “Tenuta San Guido” e “Tenuta Guado al Tasso”, oferecem vinhos espetaculares, de grande classe e equilíbrio como o famoso Supertoscano “Sassicaia”, ou o “Bolgheri Rosso Superiore”, ou o “Masseto”.
As colinas centrais formam o distrito de maior prestígio da Toscana, concentrando famosas áreas de Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG): Chianti, Chianti Clássico, Carmignano, Montaltino, Montepulciano e San Gimignano.
O coração do Chianti Clássico fica exatamente entre as cidades de Florença e Siena, onde o solo é reconhecidamente o melhor para o cultivo da uva Sangiovese, cepa com a qual se elabora o vinho Chianti. Identificado pela imagem de um galo preto na garrafa, este símbolo garante a autenticidade do vinho Chianti Clássico e indica que passou por rigoroso controle de qualidade.
As enotecas e cantinas espalhadas pela Toscana dão ao visitante a oportunidade de degustar inúmeras opções de vinhos da região. Em Florença por exemplo, a “Enoteca Pinchiorri”, além de uma culinária de inspiração francesa, possui uma excelente adega com uma grande seleção de magnuns (garrafas de 1,5 l) e safras históricas. Nos arredores de Siena, a “Enoteca Italiana”, que fica numa fortaleza medieval (“Fortezza Medicea di Siena), oferece uma coleção de mais de 1100 rótulos, além de ser uma boa fonte de informações locais (www.enoteca-italiana.it). Em Greve in Chianti, além da “Cantine di Greve in Chianti” recomendada em nossa última matéria do dia 07/04, podemos encontrar também a “Enoteca Gallo Nero” com uma respeitável coleção de Chianti Clássico.
Ao sul de Siena, ainda na região da Toscana, existem duas áreas vinícolas muito importantes: Montalcino e Montepulciano. Pelos vales ao redor da cidade de Montalcino espalham-se inúmeros produtores de grandiosos Brunellos. Pode-se dizer que o Brunello de Montalcino é a resposta toscana ao Barolo do Piemonte. Elaborado com a uva Sangiovese de bagos grandes (Sangiovese Grosso), conhecida no local com o nome de Brunello, esse vinho resulta em um tinto encorpado, concentrado, com taninos potentes e final prolongado. Pelas normas, o Brunello é o único DOCG da Toscana 100% Sangiovese e necessita de 4 anos de envelhecimento obrigatórios,sendo pelo menos dois em carvalho. É um vinho para se guardar por décadas.
Uma versão mais leve do Brunello é vendida como “Rosso di Montalcino”, com menos tempo de envelhecimento, mas não por isso menos adorável. Na cidade de Montalcino você não pode deixar de visitar a Enoteca muito bem instalada no interior da imponente fortaleza medieval (séc. XIV) que domina a paisagem, e se deliciar com os maravilhosos Brunellos.
Das colinas ao redor da cidade de Montepulciano, origina-se o “Vino Nobile di Montepulciano” feito com outro clone da Sangiovese, a “Prugnolo” (ameixa em italiano), resultando em um vinho de cor concentrada, bom corpo, taninos sólidos e boa persistência. Há também uma versão mais leve do Vino Nobile que requer menos tempo de envelhecimento e é vendida como “Rosso di Montepulciano”, muito apreciada e de bom custo/benefício. Esses vinhos podem ser degustados nas enotecas e cantinas da cidade. Recomendo “La Bottega del Nobile”, situada na Via di Gracciano nel Corso, 95, bem no centro de Montepulciano (www.vinonobile.eu), ou ainda a “Enoteca del Consorzio del Vino Nobile di Montepulciano”, na Piazza Grande, 7 (agendamento:enoteca@consorziovinonobile.it).
Não poderíamos encerrar essa matéria sem citar o “Vernaccia di San Gimignano”, único vinho branco DOCG da Toscana. Elaborado com a uva Vernaccia plantada nas encostas ao redor da pitoresca cidade medieval de San Gimignano, é um vinho seco, com sabor de mel e limão e notas de amêndoas. Um produtor confiável ė o Montenodoli.
Para os amantes do vinho, a Toscana é isso: um mar de possibilidades ilimitadas de encanto e prazer.Encantos da Toscana I
As colinas centrais formam o distrito de maior prestígio da Toscana, concentrando famosas áreas de Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG): Chianti, Chianti Clássico, Carmignano, Montaltino, Montepulciano e San Gimignano.
O coração do Chianti Clássico fica exatamente entre as cidades de Florença e Siena, onde o solo é reconhecidamente o melhor para o cultivo da uva Sangiovese, cepa com a qual se elabora o vinho Chianti. Identificado pela imagem de um galo preto na garrafa, este símbolo garante a autenticidade do vinho Chianti Clássico e indica que passou por rigoroso controle de qualidade.
As enotecas e cantinas espalhadas pela Toscana dão ao visitante a oportunidade de degustar inúmeras opções de vinhos da região. Em Florença por exemplo, a “Enoteca Pinchiorri”, além de uma culinária de inspiração francesa, possui uma excelente adega com uma grande seleção de magnuns (garrafas de 1,5 l) e safras históricas. Nos arredores de Siena, a “Enoteca Italiana”, que fica numa fortaleza medieval (“Fortezza Medicea di Siena), oferece uma coleção de mais de 1100 rótulos, além de ser uma boa fonte de informações locais (www.enoteca-italiana.it). Em Greve in Chianti, além da “Cantine di Greve in Chianti” recomendada em nossa última matéria do dia 07/04, podemos encontrar também a “Enoteca Gallo Nero” com uma respeitável coleção de Chianti Clássico.
Ao sul de Siena, ainda na região da Toscana, existem duas áreas vinícolas muito importantes: Montalcino e Montepulciano. Pelos vales ao redor da cidade de Montalcino espalham-se inúmeros produtores de grandiosos Brunellos. Pode-se dizer que o Brunello de Montalcino é a resposta toscana ao Barolo do Piemonte. Elaborado com a uva Sangiovese de bagos grandes (Sangiovese Grosso), conhecida no local com o nome de Brunello, esse vinho resulta em um tinto encorpado, concentrado, com taninos potentes e final prolongado. Pelas normas, o Brunello é o único DOCG da Toscana 100% Sangiovese e necessita de 4 anos de envelhecimento obrigatórios,sendo pelo menos dois em carvalho. É um vinho para se guardar por décadas.
Uma versão mais leve do Brunello é vendida como “Rosso di Montalcino”, com menos tempo de envelhecimento, mas não por isso menos adorável. Na cidade de Montalcino você não pode deixar de visitar a Enoteca muito bem instalada no interior da imponente fortaleza medieval (séc. XIV) que domina a paisagem, e se deliciar com os maravilhosos Brunellos.
Das colinas ao redor da cidade de Montepulciano, origina-se o “Vino Nobile di Montepulciano” feito com outro clone da Sangiovese, a “Prugnolo” (ameixa em italiano), resultando em um vinho de cor concentrada, bom corpo, taninos sólidos e boa persistência. Há também uma versão mais leve do Vino Nobile que requer menos tempo de envelhecimento e é vendida como “Rosso di Montepulciano”, muito apreciada e de bom custo/benefício. Esses vinhos podem ser degustados nas enotecas e cantinas da cidade. Recomendo “La Bottega del Nobile”, situada na Via di Gracciano nel Corso, 95, bem no centro de Montepulciano (www.vinonobile.eu), ou ainda a “Enoteca del Consorzio del Vino Nobile di Montepulciano”, na Piazza Grande, 7 (agendamento:enoteca@consorziovinonobile.it).
Não poderíamos encerrar essa matéria sem citar o “Vernaccia di San Gimignano”, único vinho branco DOCG da Toscana. Elaborado com a uva Vernaccia plantada nas encostas ao redor da pitoresca cidade medieval de San Gimignano, é um vinho seco, com sabor de mel e limão e notas de amêndoas. Um produtor confiável ė o Montenodoli.
Para os amantes do vinho, a Toscana é isso: um mar de possibilidades ilimitadas de encanto e prazer.Encantos da Toscana I
07/04/2013 por crisapx
Para os enófilos de carteirinha, um passeio pela Toscana pode ser uma experiência ímpar, prazerosa e inesquecível, pois essa é uma região com enorme concentração de competentes, audaciosos e ambiciosos produtores vinícolas.
Na Toscana tudo nos encanta: a paisagem pontilhada pelos ciprestes, as verdes colinas que formam grandes ondulações, as vilas com suas casas de telhados de terracota, as cidades medievais muradas, os castelos vinícolas como o “Vicchiomaggio” e o “ Verrazzano” cheios de história, mas um fato que também nos impressiona é a quantidade incrível de enotecas e cantinas que podemos encontrar nas cidades da região. Muitos desses estabelecimentos estão guarnecidos com a Enomatic que é uma máquina italiana que permite ao cliente fazer degustações de alto nível. A Enomatic possui um sistema de vedação altamente eficiente que garante a integridade do produto, mesmo depois de aberto por vários dias. Na cidade de Greve in Chianti, por exemplo, mais de 140 rótulos podem ser degustados na “Cantine di Greve in Chianti”, graças a essas máquinas e à profissional e simpática orientação do Felippo, funcionário há anos na loja.
Além dos vinhos, você pode também experimentar azeites, queijos e salames, tudo produzido na área. Para isso basta comprar um “wine card” cujo preço varia de 10 a 25 euros que você vai gastando com a degustação dos vinhos ou na aquisição ou consumo de qualquer outro produto da loja.
Quando estive na “Cantine”, Felippo me apresentou um Chianti Clássico Riserva 2007, “Lamole di Lamole” DOCG, do “Vigneto di Campolungo”. Pode-se dizer que esse vinho exemplifica bem toda a exuberância da uva Sangiovese criada no privilegiado “terroir” da Toscana e manuseada com atenção e respeito. De coloração rubi intenso e brilhante, exala os aromas de frutos negros do bosque, com notas de especiarias e taninos aveludados, originando um vinho fresco, elegante e muito agradável.
Outro vinho interessante degustado foi o Supertoscano “Brancaia il Blue” 2007, da Casa Brancaia. Vinho complexo e intenso, elaborado com as uvas Sangiovese, Merlot e um pouco de Cabernet Sauvignon, passou 20 meses em barrica. É conveniente lembrar aqui a respeito do termo “Supertoscano”: usado para designar vinhos de alta qualidade da Toscana, esse nome refere-se àqueles vinhos que, nas décadas de 70/80, ousaram desafiar as regras italianas de denominação de origem controlada, utilizando uvas e métodos não autorizados. Listados entre os melhores vinhos da Itália, hoje alcançam preços bem altos e são supervalorizados.
A surpresa final ficou por conta do “Castell’in Villa”, um Chianti Clássico Riserva DOC “encontrado” em meio às raridades mais antigas da loja. Com safra de 1982, comprei essa estrela para uma homenagem especial que farei a minha filha sommelière que nasceu no ano de 1982.
Conhecida como a maior enoteca do Chianti Clássico, a Cantine di Greve in Chianti fica aberta todos os dias, das 10 às 19 horas, inclusive feriados. Para saber mais.
Charme & Sabor: Restaurante DIBACO
29/01/2013 por crisapx
Há alguns dias, tive o prazer de conhecer o restaurante DIBACO que funciona num casarão construído em 1909, em Perdizes. O proprietário, Murilo Becassa, restaurou o imóvel, mantendo a arquitetura original e valorizando detalhes como, por exemplo, o belíssimo piso todo trabalhado em madeiras nobres. O terraço externo com guarda-sóis amarelos é um verdadeiro convite a um relaxante aperitivo. Os diversos ambientes internos garantem o ar acolhedor e super agradável do local.
No cardápio, o destaque é a variedade de cortes de carnes de alta qualidade que são preparados na “parrillera”, seguindo a técnica assadora argentina. Assim, pode-se optar pelo “ojo de bife”, o “bife ancho”, o “bife de chorizo”, as “cejas” ou ainda o “lomo”, por exemplo, todos servidos no ponto exato solicitado. Os preços variam de R$44,00 (o “lomo”) a R$77,00 (as “cejas”). As variedades de entradas e acompanhamentos são muito bem selecionadas. Pode-se começar com as típicas empanadas ou a linguiça de metro (R$24,00). Para acompanhar a refeição, o arroz biro-biro e as batatinhas suflês são sempre muito requisitados. Não deixe de provar o purê de mandioquinha gratinado e os bolinhos de batatas assados e cobertos com catupiry e bacon picado crocante.
No cardápio, o destaque é a variedade de cortes de carnes de alta qualidade que são preparados na “parrillera”, seguindo a técnica assadora argentina. Assim, pode-se optar pelo “ojo de bife”, o “bife ancho”, o “bife de chorizo”, as “cejas” ou ainda o “lomo”, por exemplo, todos servidos no ponto exato solicitado. Os preços variam de R$44,00 (o “lomo”) a R$77,00 (as “cejas”). As variedades de entradas e acompanhamentos são muito bem selecionadas. Pode-se começar com as típicas empanadas ou a linguiça de metro (R$24,00). Para acompanhar a refeição, o arroz biro-biro e as batatinhas suflês são sempre muito requisitados. Não deixe de provar o purê de mandioquinha gratinado e os bolinhos de batatas assados e cobertos com catupiry e bacon picado crocante.
Para quem não é tão apaixonado pelas carnes, há opções como frango, bacalhau, salmão, legumes, também assados na “parrillera” em suas grelhas próprias. Além disso há algumas opções de massas, risotos e saladas verdes. De sobremesa, a panqueca de “Dulce de leche” com sorvete é fantástica!
Para finalizar, eu não poderia deixar de falar sobre a Adega do casarão que disponibiliza a seus clientes uma requintada e generosa seleção de rótulos com preços justos e convidativos, prontos para harmonizar perfeitamente com os pratos do cardápio.
Com uma equipe eficiente e bem treinada, o serviço é irrepreensível. Sem falar no atendimento personalizado feito pelo próprio Murilo que faz questão de passar de mesa em mesa, distribuindo simpatia e atenção.
19/01/2013 por crisapx
Em viagem à Itália, graças a um contato meu feito na última edição da EXPOVINI SP, pude visitar Luca Speri, um dos membros da Família Speri que se orgulha em manter a quinta geração consecutiva no comando dos negócios vinícolas no coração da região da Valpolicella DOC. Luca, recém chegado de viagem aos Estados Unidos, estava atarefadíssimo em seu escritório, por isso pode apenas me cumprimentar e dar as boas vindas. Sua irmã Chiara foi quem me acompanhou em agradável e inesquecível visita.
A vinícola Speri tem sua sede no município de Pedemonte. Donos de 50 ha de vinhedos, produzem cerca de 350.000 garrafas por ano, utilizando exclusivamente uvas de suas terras. Sua produção de vinhos leva em consideração as diferentes características dos vários terroirs da área do Valpolicella Classico, tais como “La Roggia”, “La Roverina” e o excepcional “Vigneto Monte Sant’Urbano”.
O vinho Valpolicella é obtido a partir do corte básico de Corvina, Rondinela e Molinara, segundo a regulamentação da Valpolicella DOC. As versões de mais alta qualidade do vinho Valpolicella (produzidas em menores quantidades) são o Recioto e o Amarone. Eles começam a ser produzidos após um cuidadoso trabalho de seleção manual das uvas que serão então submetidas ao método de secagem chamado na Itália de “appassimento”. Elas secam em estantes ou engradados, em temperatura ambiente, por pelo menos três meses. Ao final, apresentam a metade do seu tamanho original, alta concentração de açúcar e assim, estão prontas para a vinificação.
O Amarone é um vinho tinto encorpado, rico em sabores que lembram geléia de cerejas, doce de ameixa, uva passa, chocolate amargo e especiarias. Seu teor alcoólico atinge frequentemente 15 ou até 16 por cento. É um vinho envolvente, complexo e aveludado.
O Recioto é a versão doce do Amarone, obtida quando a fermentação é interrompida, seja de forma natural ou por interferência externa, resultando em vinho tinto potente e doce, exprimindo sabores intensos de cerejas, ameixas e defumado, com um final levemente amargo.
O Valpolicella Ripasso é um vinho que, durante seu processo de vinificação, recebe a adição das cascas não prensadas do vinho Amarone, tendo assim seus sabores mais intensificados e o teor alcoólico aumentado.
A Família Speri tem uma longa história, com fortes raízes na Região da Valpolicella DOC, tornando-se uma referência na produção de vinhos de alta qualidade e um grande intérprete de um dos mais prestigiados vinhos da Itália: o Amarone.
Dessa forma, penso que, ao elaborar até hoje, vinhos a partir de uvas de seus próprios vinhedos, colhidas manualmente, cuidadosamente selecionadas, acompanhando o processo de vinificação em todas as suas fases, da colheita ao engarrafamento, a Família Speri nos comunica através de cada garrafa a emoção que um vinho pode criar, a riqueza de suas terras e os valores de suas antigas tradições.
Maria Uzêda
28/06/2012 por crisapx
No último dia 20 de Junho, a Confraria dos Amigos da ABS esteve reunida no “hall” do Hotel Golden Tulip para uma degustação de vinhos espanhóis, ainda não disponíveis no mercado brasileiro.
Estiveram presentes Blanca Muro Pradillo, diretora de exportação e qualidade da Bodega Latúe, Armando Zogbi, da Mult Art Eventos, Fernanda Vianna, consultora de vinhos, Arlene Colucci, do Gabinete de Comunicação, Gustavo Buabra, Cristina Almeida Prado e Maria Uzêda do blog Sommelière.
Blanca abriu o encontro com uma breve explanação sobre a Latúe Bodegas, que está localizada em Villanueva de Alcardete, na Província de Toledo, região de La-Mancha, no coração da Espanha.
A Latúe Bodegas faz parte de uma Cooperativa de 400 viticultores empreendedores com mais de 50 anos de experiência. Com o aumento da demanda por seus produtos, a empresa implementou um negócio modelo de exportação, dando início a uma crescente distribuição nos mercados internacionais. A empresa tem feito uso de uma agricultura orgânica e uma tecnologia ultramoderna, que aliadas ao preparo correto do solo, à forma de plantio (espaçado, com mais ou menos 8 metros de distância e próximas ao solo para permitir que elas mantenham para si a umidade existente no solo), à gestão otimizada da água e ao aproveitamento das condições climáticas que permitem o não uso de pesticidas, garantem produtos de alta qualidade e ótimo preço final.
A Latúe Bodegas produz vinhos a partir de várias castas: Sauvignon Blanc, Chardonnay, Macabeo e Verdejo dão origem a brancos frescos e crocantes; Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah com as quais são elaborados encorpados e expressivos tintos. No entanto, seu forte é a varietal branca Airén e a tinta Tempranillo (originariamente chamada Cencibel na região), ambas nativas da região La-Mancha.
Com seu entusiástico jeito falante, Blanca nos apresentou quatro rótulos:
1- Cueva Brut Nature 2010, método champenoise, 25.000 garrafas, colocação manual da rolha
100% Airen, 11% vol. álc.
Coloração amarelo palha, perlage abundante, contínuo e finíssimo; aromas de pão e leveduras; boa acidez, frescor, equilíbrio, média persitência.
Coloração amarelo palha, perlage abundante, contínuo e finíssimo; aromas de pão e leveduras; boa acidez, frescor, equilíbrio, média persitência.
2- Latùe Airén 2011, maceração a frio
100% Airén, 12,5% vol. álc.
Coloração verdeal, límpido e brilhante; aromas doces de frutas brancas como maçã verde, banana e pera, um toque floral; grande frescor e leveza, sabor intenso de banana no palato, álcool equilibrado, baixa acidez e certo amargor.
Prêmio medalha de bronze no concurso de Montpelier.
Prêmio medalha de bronze no concurso de Montpelier.
3- Latúe Tempranillo 2011, jóvem
100% tempranillo, 13% vol. álc.
Produto de vinhas velhas (50 anos), apresenta coloração vermelho cereja, límpido e brilhante; aromas de morangos, cerejas, um toque de caramelo; em boca delicado, redondo, com taninos aveludados, fresco, pura fruta, álcool equilibrado, boa acidez, média persistência, muito agradável, fácil de beber. Pode-se guardar por 5/6 anos. Prêmio medalha de prata no concurso de Montper
4- Latúe Cabernet Sauvignon-Syrah 2010, jóven (1 mês em barrica)
13,5% vol. álc.
Vinho de coloração rubi claro, límpido e brilhante; aromas de cerejas, com taninos elegantes e delicados em boca, discreta madeira, boa personalidade.
Esta foi uma pequena amostra dos vinhos que a Latúe tem produzido. A empresa vê o Brasil como um grande mercado importador em potencial. Quanto a nós, encerramos o encontro com a esperança de que em breve possamos fazer parte, como consumidores, da bonita história que a Latúe Bodegas está escrevendo.
Pela primeira vez no Brasil, a presidente e os membros da União dos Grands Crus de Bordeaux realizaram um grande encontro para profissionais da área para a degustação excepcional da safra 2009. Estiveram reunidos no salão do Grand Hyatt Hotel os maiores Chateaux das denominações Margaux, St. Julien, St. Emilion, Paulliac, Pomerol, Médoc, Sauternes e Barsac, com a presença dos proprietários e/ ou colaboradores de cada Grand Cru. Dentre os convidados estavam presentes os profissionais da mídia, importadores, distribuidores e profissionais do meio.
Região localizada a sudoeste da França, Bordeaux possui o maior vinhedo do mundo, com a maior produção mundial de vinhos finos e o maior nicho de terroirs do planeta, um verdadeiro império vinífero. Os vinhos de Bordeaux foram ranqueados de acordo com uma classificação oficial estipulada em 1855. A partir dessa data ficaram eleitos os melhores da região que listam os 5 seletos grupos dos Cru Classés. Existem 61 vinhos classificados em Bordeaux, baseados na classificação de 1855, válida até hoje.
O grande evento nos deu oportunidade de conhecer uma amostra e, logicamente, as grandes promessas da safra 2009. Segundo Saul Galvão, “Para apreciar um grande Bordeaux é preciso aproveitar a idade certa, beber quando ele está no auge!”.
Nossos destaques da noite foram os seguintes:
Brancos:
-Chateau Carbonieux – Pessac-Léognan
-Chateau Fieuzal – Pessac-Léognan
Tintos
-Chateau Gazin – Pomerol
-Chateau La Conseillante – Pomerol
-Chateau Dauzac – Margaux (custo-benefício, cerca de 35 Euros)
-Chateau Léoville Poyferrer – Saint Julien (100 RP)
-Chateau Pichon Longueville – Pauillac
-Chateau Pichon Longueville Comtesse de Lalande – Pauillac
-Chateau Lynch-Bages – Pauillac
-Chateau Troplong Mondot – St. Émilion
-Chateau Franc Mayne – St. Émilion
-Chateau La Tour de Figeac – St. Émilion
-Chateau Angelús – St. Émilion
Sobremesa
-Chateau Guiraud – Sauternes
Muitos desses vinhos ainda não têm representante no Brasil. Quem tiver a oportunidade de visitar os Chateaux ou comprar aqueles que estão disponíveis em nosso mercado, certamente estará fazendo um belo investimento. Os vinhos ainda são bebês e irão mostrar todo seu potencial nas próximas décadas.
Um brinde!
11/03/2012 por crisapx
Na última edição do ano de 2011, a Confraria dos Amigos da ABS se reuniu em dezembro para mais uma experiência inesquecível. Mantendo o ritual de sempre, fizemos uma degustação às cegas de quatro rótulos, todos elaborados com a mesma uva: a Syrah.
Muito se fala dessa uva que gera vinhos tão adoráveis. Diz-se que é cepa originária do norte do Rhône, na França, onde obteve seus primeiros êxitos em célebres apelações como Hermitage, Crozes-Hermitage e Côte Rotie, por exemplo, que produzem vinhos excepcionais e de grande longevidade.
Não se pode esquecer da lenda, segundo a qual Jesus teria tomado um vinho dessa uva na última ceia, uma vez que ela era plantada em toda Jerusalém naquela época.
A grande verdade é que, nos dias de hoje, a uva Syrah, típica de clima quente, teve excelente adaptação na Austrália onde é grafada Shiraz. Considerada uva emblemática desse país, encontra-se aí uma das maiores áreas de plantio de Shiraz do mundo. Presente em quase todas as áreas vinícolas australianas, ela tem sua maior expressão nos vales Barossa e Maclaren de onde saem vinhos corpulentos, de elevado teor alcoólico com sabores maduros de amora, uva passa, chocolate e alcaçuz, com taninos redondos e profundos. “Penfolds Grange”, “Henscheke Hill of Grace” “Astralis Shiraz” são exemplos de excelentes vinhos provenientes dessas regiões.
No vale do “Hunter” ela assume uma característica própria, refletindo aquele “terroir” com toques terrosos e queimados do sol. Em “Clare Valley”, uma das regiões mais frias dentro do calor australiano, a Shiraz exala aromas de framboesas e cerejas.
Qualquer que seja a região de onde provêm, os vinhos australianos sempre surpreendem.
1- Produtor: Mitchelton
Região: South Australia – Victoria
Safra: 2006
Teor alcoólico 14,5%
2 – Produtor: Mitolo Jester
Região: Maclaren Valley
Safra: 2009
Teor alcoólico: 14%
3 – Produtor: Knappstein
Região: South Australia – Clare Valley
Safra: 2005
Teor alcoólico 14,5%
4 – Produtor: Ebenezer – Barosa Valley State
Região: South Australia – Barosa Valley
Safra: 2005
Teor alcoólico: 14,5%
Os vinhos degustados possuíam estilos distintos, refletindo características da região de onde provinham, no entanto traziam um caráter comum aos vinhos australianos: presença forte da fruta, riqueza de extrato, aromas profundos e potência em álcool.
Ao final da degustação, o grupo classificou os vinhos com a seguinte colocação:
Terceiro lugar: “Knapstein”
Segundo lugar: “Mitchelton “
Primeiro lugar: “Mitolo”
Eleito por 7 votos a 1, o Mitolo, que é vinho premiado e bem pontuado internacionalmente, se mostrou um vinho de coloração rubi intenso, exalando aromas de frutas vermelhas frescas, especiarias (anis) e baunilha, com um fundo herbáceo e leve tostado; em boca, a confirmação das frutas, bom corpo, taninos macios, boa acidez, deixando a sensação agradável típica de um vinho equilibrado e elegante.
Como afirma a escritora de vinhos e jornalista Carolyn Hammond, “o vinho australiano é o brilho do Sol em uma taça”.
Para as pessoas que nunca experimentaram um vinho da Austrália, fica aqui o nosso estímulo e sugestão para um momento de prazer.
02/01/2012 por crisapx
Retrospectiva do Blog Sommelière em 2011
A sala de concertos da Ópera de Sydney tem uma capacidade de 2.700 pessoas. Este blog foi visitado cerca de 22.000 vezes em 2011. Se fosse a sala de concertos, eram precisos 8 concertos egostados para sentar essas pessoas todas.
Em 2011 foram publicados 16 novos artigos, aumentando o arquivo total para 51 artigos. Foram carregadas 61 imagens, ocupando um total de 78mb. É cerca de uma imagem por semana.
O dia com mais tráfego foi 9 de novembro, com 155 visitas. O artigo mais popular nesse dia foi Ranking dos 50 Melhores Vinhos da América do Sul.
- vieram à procura, sobretudo por temperatura, uva, bandeira do mexico, sommeliere, e cortiça.
De onde vieram?
América do Sul
- 99,3% Brazil
- 0,3% Chile
- 0,2% Argentina
- 0,1% Uruguay
- 0,0% Peru
- Europa
- 72,1% Portugal
- 5,8% France
- 3,8% Italy
- 2,4% The United Kingdom
- 2,3% Belgium
América do Norte
- 79,9% The United States
- 11,8% Mexico
- 4,7% Canada
- 1,8% El Salvador
- 1,2% Panama
- Ásia
- 34,6% Japan
- 23,1% Philippines
- 23,1% TW
- 7,7% Hong Kong
- 3,8% India
- Oceania
- 50,0% New Zealand
- 42,9% Australia
- 7,1% Guam
- África
- 50,0% Angola
- 25,0% Mozambique
- 25,0% Cape Verde
Países que mais acessaram: Brasil, Portugal e Estados Unidos
Fundação Eugênio de Almeida
30/10/2011 por crisapx
Fundada em 1963, a Fundação Eugênio de Almeida (“F.E.A.”) é uma instituição auto-sustentável sem fins lucrativos. Ela administra projetos que visam ao desenvolvimento social, cultural e técnico da região de Évora. Em suas propriedades, explora as culturas arvenses, a pecuária, silvicultura e a viticultura. A produção vinícola é realizada na Adega Cartuxa e financia todos os outros projetos.
Hoje em dia, o antigo posto jesuíta, onde já em 1776 funcionava um importante lagar de vinho, recebe visitantes enófilos do mundo inteiro para as degustações que devem ser agendadas com antecedência e variam da mais simples à mais refinada.
Conduzidos pela guia credenciada pela F.E.A., Ana Santos, a visita inclui dois vídeos exibidos em diferentes momentos, um passeio pelas salas e corredores um dia habitados pelos monges cartuxos, uma experimentação aromática e, por fim, a degustação em si. Enquanto vamos atravessando corredores ladeados por grandes tonéis de carvalho (ainda usados pela empresa) e salas que guardam antigas instalações vinícolas como as ânforas argelinas e as imensas cubas de concreto revestidas de resina (testemunho de um passado recente), ouvimos as explanações da Ana, tendo de fundo o som celestial do canto gregoriano.
A originalidade da visita surge no momento por eles denominado de “experiência aromática”, que eu chamaria de “degustação olfativa”. Fizemos aí uma parada diante de um painel contendo fotos das principais uvas por eles cultivadas e seus respectivos aromas apresentados em essências elaboradas pela própria empresa. Foi uma prazerosa brincadeira em que íamos descobrindo toda a complexidade aromática de uvas como a Trincadeira, a Aragonez, a Castelão, Antão Vaz e a Alicante Bouchet.
O Pêra-Manca tinto é o vinho mais caro produzido pela F.E.A. na Adega Cartuxa. É feito somente nos anos de boa safra, atendendo a um elevado grau de exigência na qualificação das colheitas que precisam ser de qualidade exepcional. O primeiro Pêra-Manca tinto da F.E.A. foi produzido em 1990. De lá para cá, em 21 anos, foram produzidos apenas 10 safras do Pêra-Manca. Por aí se entende por que é bem difícil ser encontrado e por que seu preço é diferenciado na categoria. O Pêra-Manca branco é também muito bom, porém, não goza do mesmo prestígio.
A F.E.A. produz ainda, os vinhos da linha “Cartuxa”, o Scala Caeli (de produção muito pequena, feito todos os anos com as melhores castas da safra que não sejam típicas do Alentejo) e o E.A., muito popular aqui no Brasil. Todos, vinhos de qualidade respeitável.
Ao final da visita, a degustação dos vinhos (Pêra-Manca tinto e branco) simpaticamente acompanhada de pãozinho, fatias de queijo de cabra, fatias de “enchido” (embutidos), água e provas de seus três azeites (o “Álamos”, o “Cartuxa” e o “E.A.”).
Avaliação dos vinhos:
Castas: Antão Vaz e Arinto
Teor alcoólico: 13,5% vol.
Região: Évora-Alentejo
De coloração amerelo-ouro claro, límpido e brilhante, o vinho liberava intensos aromas de frutas exóticas e mel; em boca, seco, um toque amanteigado e notas de amêndoas, revelando bom corpo, acidez extremamente agradável e final persistente.
2. Pêra-Manca tinto, safra 2007
Castas: Tricadeira e Aragonez
Teor alcoólico: 14%
Região : Évora-Alentejo
Com intensa coloração rubi escuro, aroma de frutos negros maduros, toque de madeira, em boca, seco, os frutos maduros, notas de especiarias, bom corpo, estrutura balanceada, revelando taninos delicados e final de longa persistência.
Não poderíamos deixar de tecer aqui um breve comentário sobre os azeites apresentados:
1. “Álamos” – elaborado com dois tipos de oliva, é utilizado de várias maneiras: cozinhar, assar, temperar; bem versátil e saboroso.
2. “E.A.” – utilizado em pratos mais pesados, como carnes vermelhas, é um azeite forte e picante.
3. “Cartuxa” – elaborado com um único tipo de oliva, é delicado e suave; ultizado para saladas, peixes cozidos e massas frias.
O nome Pêra-Manca é uma curiosidade à parte. Conta-se que deriva do toponímico “pedra-manca”ou “pedra oscilante”- uma formação granítica de blocos arrendondados em desequilíbrio sobre rocha firme.
Visitar a Adega Cartuxa foi uma experiência inesquecível que nos permitiu compartilhar da generosidade alentejana e da história de um grande vinho.
Maria Uzêda
31/07/2011 por crisapx
Existem inúmeros tipos de uvas utilizadas para a elaboração dos principais vinhos do mundo, as chamadas uvas viníferas. Divididas em tintas ou brancas, cada qual possui características próprias que as diferenciam umas das outras. Algumas, como já foi dito no artigo postado neste blog em 12 de maio, são emblemáticas de uma determinada região, mas podem ser cultivadas em outras partes do mundo com bom resultado. Muitas vezes, no entanto, uma mesma variedade de uva pode dar vinhos com características diferentes, como coloração e aroma, dependendo do clima, do solo em que foi cultivada, do ano da safra e até mesmo do capricho do enólogo.
Na quarta edição da Confraria dos Amigos da ABS, o grupo enfrentou o desafio de degustar às cegas e avaliar vinhos de diferentes procedências, elaborados com a mesma uva: Pinot Noir.
A Pinot Noir é uma uva de pele fina, com pouco corante e relativamente pouco tanino. É uma varietal muito sensível às condições climáticas e reconhecidamente difícil e exigente. Por isso, vinhos produzidos com essa uva são dispendiosos em sua elaboração, o que geralmente reflete no seu preço final.
Com a Pinot Noir se produzem os grandes Borgonhas, como o Romanée Conti e o Chambertin por exemplo, e todos os tintos da sub região Côte D’Or. Ela entra também na elaboração dos Champagnes e espumantes. Apesar de sua origem francesa, a Pinot Noir tem sido cultivada em outros países como Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália e mais recentemente em países sul americanos como Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.
Em nosso encontro, foram degustados quatro vinhos, todos 100% Pinot Noir, sendo dois deles da região de Borgonha, um Neozelandês e um do sul do Brasil. Estavam presentes os colegas Arlene Colucci (Gabinete de Comunicação, ABS), Matias, Rafael Porto (Expand, ABS), Kátia, Maria Uzêda (ABS), Cristina Xavier (SENAC e ABS), Fabio Brito e Gustavo Buara (ABS).
Grand Vin de Bourgogne, Chateau de Beaune, Côte D’Or
Características: vinho de coloração rubi com reflexos atijolados e um halo aquoso, sinalizando grau de evolução aromas de frutas maduras, doce em compota e baunilha; corpo médio com taninos marcantes e boa peristência.
2. Vicar’s Choice 2010, Marlborough, Nova Zelândia
Saint Clair Family Estate, 13,5%
Características: vinho de coloração rubi intenso, com reflexos violáceos; aroma de frutas vermelhas, sutil couro e pimenta; em boca um vinho de corpo médio com leve adstringência e taninos suaves.
3. Dádivas Pinot Noir 2010, Encruzilhada do Sul, Brasil
Lídio Carraro, 12,5%
Características: vinho de coloração rubi com reflexos atijolados; aromas de madeira verde, mate, chá preto e um fundo marcante de mel; um vinho de corpo médio, equilibrado e com taninos aveludados.
4. Joseph Drouhin 2006, Bourgogne, França
Appellation Bourgogne Controlée, 12,5%
Características: coloração granada; leve aroma de fruta com fundo de resina; corpo delicado, leveza, pouca fruta, fácil de beber.
Os vinhos degustados nos passaram a noção exata de como uma mesma uva pode resultar em vinhos tão variados, de acordo com a sua procedência. Surpreendeu-nos o vinho Neozelandês por sua agradável refrescência frutada e alegre e seus taninos macios, bem ao gosto do paladar brasileiro de modo geral. Surpreendeu-nos também o vinho nacional por sua fineza e elegância típicas da Borgonha, o que nos levou a confundí-lo com um autêntico francês. Quanto aos dois Borgonhas, o de safra mais recente mostrou bem toda a tipicidade da região, ao passo que o de safra mais antiga pareceu-nos estar esgotando toda sua fase de evolução, começando já a mostrar menos intensidade e a perder a sua fruta.
Saímos do encontro com a feliz sensação de termos desvendado um pouco mais sobre o maravilhoso e envolvente mundo do vinho.
26/05/2011 por crisapx
Essas são as diferentes denominações para um mesmo vinho fortificado produzido no sul da Espanha: o Jerez. O Processo de produção e envelhecimento do Jerez somente pode ser feito numa única área conhecida como triângulo de Jerez, composto por três cidades: Jerez de La Frontera, Sanlúcar de Barrameda e El Puerto de Santa Maria. Outros municípios como Chipiona, Trebujena, Rota, Puerto Real, Chiclana e Lebrija têm seus vinhedos, produzem seus vinhos, mas não fazem o Jerez.
Na Espanha, o mecanismo de produção de vinhos é rígido e controlado por rigorosa regulamentação e restrições comerciais. Há delimitação de Zona de Crianza (envelhecimento) eZona de Produción. Há também tipo de bodegas: asBodegas de Produción ficam situadas fora do triângulo de Jerez, podem produzir vinho e vendê-lo para Zona de Crianza e elaboram vinho para venda sem D.O.; asBodegas de Crianza y Almacenistas (armazéns) ficam situadas dentro daZona de Crianza, envelhecem o vinho com D.O. e são obrigadas por lei a vendê-lo para as Bodegas de Crianza y Expedición (exportadores). Estas por sua vez, ficam situadas dentro da Zona de Crianza, envelhecem, vendem e exportam vinho com D.O.
As variedades de uvas autorizadas na região são a Palomino Fino (principal uva que produz o melhor Jerez), a Pedro Ximenes (produz vinhos doces e xarope para vinho licoroso) e a Moscatel (que produz vinho doce).
A elaboração do vinho Jerez se dá graças a uma combinação perfeita de natureza (clima excepcional, solo de albariza), tradição (método de solera) e tecnologia (vinho base impecável).
Quando o vinho base está pronto para fermentação, é classificado em categorias: pálidos e ligeiros ou mais estruturados e encorpados. Uma segunda classificação se segue baseada no grau de fortificação (adição de destilado de vinho). Vinhos pálidos e ligeiros são, deliberadamente, fortificados a 15% e serão maturados sob a camada protetora de uma espontânea levedura própria do Jerez, chamada Flor. Esses vinhos são submetidos à crianza100% biológica e darão origem ao Jerez Fino. Vinhos encorpados são, deliberadamente, fortificados a 17% e são maturados em contato com o ar, pois as barricas de carvalho americano onde são colocados, com capacidade de 600 litros, são preenchidas com apenas 500 litros. Esses vinhos são submetidos àcrianza 100% oxidativa e darão origem ao Jerez Oloroso. Então cada vinho, de acordo com sua categoria, inicia sua jornada através do sistema de solera onde é submetido, por no mínimo três anos, a sucessivas misturas (blends) e estágios de envelhecimento. O sistema de solera é a base do Jerez.
Ao final de todo o processo de envelhecimento, obtém-se vários tipos de vinhos de Jerez: Jerez Fino, Manzanillas, Amontillados, Oloroso e Palo Cortado.
O Jerez Fino é um vinho delicado e menos encorpado, de coloração amarelo pálido, com aromas de brioche e fermentados e em boca, seco, notas de amêndoas, ligeiro amargor e vago toque de sal.
O Manzanilla é igualmente fino, seco, pálido, com uma leve diferença no aroma que nos lembra a flor de camomila.
O Amontillado é também fino e seco, porém mais escuro e mais complexo.
O Oloroso é um vinho mais encorpado, seco, escuro, cortante, glicérico, gordo e amargoso.
O Palo Cortado é considerado uma raridade, por isso, muito caro. É classificado entre um Amontillado e um Oloroso.
Fino ou Oloroso, o fato é que parecem participar de uma mesma equação, ou, se preferir, de um mesmo poema que somente a mão do home é capaz de produzir e nos fazem sentir mais vivos do que nunca. Experimente!
12/05/2011 por crisapx
O vinho é uma bebida milenar, produzida e apreciada desde a antiguidade, que passou por inúmeros processos de melhoria, de estudos e descobertas. Mas ainda assim, continua um mistério, provocando surpresas e novas sensações a cada garrafa aberta, que levam o consumidor ao deleite.
Mas por que há tanta variação de um vinho para outro? Existem milhares de motivos que tornam o vinho uma bebida única. Sua variedade, ou a uva que é utilizada na sua produção, que definirá suas características básicas; o microclima ou o terroir, que irá determinar sua personalidade; a safra, ou as condições climáticas de determinado ano, que irão determinar a expressão do vinho; e as características do produtor e do processo de produção, que definirão o estilo do vinho. Mas essas são apenas algumas das variáveis que influenciam no resultado final de um vinho.
Quando falamos das variedades de uvas, são mais de 3.000 plantadas mundo afora. Aquelas que são originais da região onde são plantadas são chamadas de autóctones, como a Cabernet Sauvignon na França, a Sangiovese na Itália ou a Tempranillo na Espanha, enquanto aquelas que não são originais de sua região de produção, mas que, no entanto, se deram muito bem nesta outra região, são chamadas de uvas símbolo, como a Malbec na Argentina, a Carmenère no Chile ou a Tannat no Uruguay. O movimento que vem acontecendo é que os países produtores que não possuem uvas autóctones de grande expressão têm buscado encontrar a sua uva símbolo.
No Brasil, que ainda é um jovem produtor e com pouca tradição, cada vez mais se questiona quais uvas se dão melhor em nosso terroir. Para as brancas, o destaque vai para a Chardonnay, que tem mostrado importante potencial no Rio Grande do Sul, tanto para a produção de vinhos espumantes quanto para vinhos tranqüilos. Enquanto para as tintas, que ainda são as preferidas do consumidor brasileiro, a Merlot tem mostrado bons resultados, obtendo inclusive alguns prêmios em concursos internacionais.
A Merlot é uma variedade bastante plantada pelo mundo e tem uma fama importante na região de Pomerol, onde marca presença na elaboração de vinhos ícones como Chateau Pétrus e o Le Pin, em Bordeaux, na França. É uma uva que gera vinhos de médio corpo, com taninos equilibrados, aromas de café, ameixa madura e pimenta preta, e pode ser harmonizado com aves, caça e massas com molho vermelho.
Assim, na terceira edição da Confraria dos Amigos da ABS, lançamos um embate aos grandes Merlots nacionais. Estiveram presentes os amigos confrades Rafael Porto, da Expand, Arlene Colucci e Matias do Gabinete de Comunicação, Almir Luppi do blog Vinho dos Anjos, Maria Uzêda, aluna da ABS e Fabio Brito. A degustação foi feita às cegas e os resultados foram bem interessantes:
Salton Desejo 2006
100% Merlot
RS, Brasil
Características: 12 meses de passagem por barrica, possui aromas de frutas negras maduras e tabaco com notas de café. Em boca, corpo leve e taninos bastante arredondados. Curta persistência e boa acidez. É um vinho muito elegante e fácil de beber.
Preço médio: R$65,00
DNA99 Pizzato 2005
100% Merlot
RS, Brasil
Características: 9 meses de passagem por barrica. Possui aromas de ameixas secas, especiarias, baunilha e um fundo herbáceo. Em boca, taninos marcantes, médio corpo e boa acidez e persistência. Muito bom.
Storia Casa Valduga 2006
100% Merlot
Características: 12 meses de passagem por barrica. Possui aromas de frutas vermelhas com notas de coco, baunilha e chocolate. Em boca, corpo médio, taninos maduros, com boa estrutura e persistência. É um vinho diferente e muito interessante.
Merlot Terroir Miolo 2008
100% Merlot
RS, Brasil
Características: Elaborado pelo renomado enólogo Michel Rolland, este vinho possui 12 meses de passagem por barrica, aromas de frutas negras maduras, uvas passas, com notas de couro e baunilha. Possui bom corpo, taninos marcantes e boa persistência. Muito bom.
1º. Lugar: Merlot Terroir 2008 – Miolo
2º. Lugar: Storia 2006 – Casa Valduga
3º. Lugar: DNA99 2005 – Pizzato
4º. Lugar: Desejo 2006 – Salton
Os vinhos degustados são excelentes representantes da Merlot nacional. Muito bem elaborados, cada um com a sua peculiaridade e atendem bem ao paladar do consumidor. Para quem não conhece, vale experimentar cada um deles e conferir como estamos nos saindo com a Merlot como uva símbolo.Wine Dinner no Ávila com Sur de Los Andes
08/05/2011 por crisapx
Para os amantes do vinho, um dos maiores prazeres na vida é poder desfrutar de um bom vinho harmonizado com uma boa culinária na presença de amigos e profissionais do meio, tão apaixonados pelo tema. Compartilhar momentos como este, que são momentos únicos, é especial e guardamos com muito carinho em nossas memórias.
Nesta semana tive a oportunidade de participar de um Wine Dinner no restaurante Ávila, promovido pela importadora MS Import, do empresário Marcos Simonsen, há dois anos no mercado de vinhos e com um portifólio bastante expressivo com seus vinhos Argentinos. O intuito do evento foi o de apresentar os vinhos da linha Sur de Los Andes, harmonizados com a culinária argentina do tradicional restaurante. Na ocasião, estava presente o proprietário da vinícola, o Sr. Guillermo Banfi, figura simpática e carismática, que tive o gosto de conhecer e conversar um pouco sobre seu trabalho e sua trajetória.
O mercado de vinhos Argentinos tem uma produção larga e um consumo de vinhos interno bastante expressivo. Para se ter idéia, o consumo per capita hoje na Argentina gira em torno de 30 litros. Um consumo gigante perto dos 2 litros per capita consumidos no Brasil. Ao mesmo tempo, sabemos que o consumo interno de vinhos na Argentina tem caído de alguns anos para cá. No entanto, existem mercados, como o próprio Brasil, onde ainda há muito que se explorar e crescer nesse sentido. Por isso, vinícolas como a Sur de Los Andes, tem dado atenção especial a este mercado.
A vinícola Sur de Los Andes, localizada na famosa cidade de Mendoza, foi fundada em 2005 por Guillermo Banfi, que após trabalhar alguns anos com seu pai já no ramo de vinhos, decidiu abrir sua própria vinícola. Seus vinhos de maior expressão, que são assinatura da bodega, são aqueles produzidos a partir das castas tradicionais Malbec, Torrontés e Bonarda. Os vinhos da Sur de los Andes são leves, frutados e equilibrados que agradam muito ao paladar do brasileiro. Hoje a vinícola produz cerca de 200 mil garrafas por ano e direciona 75% da sua produção para o mercado externo, principalmente para Brasil, Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, com preços bastante competitivos.
O Wine Dinner foi um evento muito agradável, que promoveu uma perfeita combinação de vinhos bem elaborados com a culinária típica Argentina. Foi uma ótima oportunidade de conhecer a linha Sur de Los Andes, saber mais sobre a história dos vinhos degustados e de como tudo isso começou. Uma coisa é certa: bons vinhos vêm de muita paixão e dedicação e isso pode claramente ser visto no trabalho do Sr. Guillermo Banfi.
Vinhos Degustados:
Sur de Los Andes Torrontés 2009
100% Torrontés
Provincia de La Rioja, Argentina
Aromas típicos da uva Torrontés, com notas florais, de lima e lichia. É um vinho leve, com bastante frescor, acidez equilibrada e fácil de beber.
Sur de Los Andes Chardonnay Premium
100% Chardonnay
Mendoza, Argentina
Aromas de peras, com notas cítricas e amanteigadas. Corpo leve e acidez equilibrada.
Sur de Los Andes Malbec 2008
95% Malbec, 4% Bonarda e 1% Cabernet Franc
Mendoza, Argentina
De coloração intensa, o vinho apresenta aromas de frutas negras maduras e notas de baunilha. Em boca, corpo médio, toques de especiarias, como pimenta preta e baunilha, taninos arredondados e boa acidez.
Sur de Los Andes Malbec Gran Reserva 2006
90% Malbec e 10% Carbernet Sauvignon
Mendoza, Argentina
Feito a partir das melhores uvas selecionadas, é um vinho especial. Possui coloração rubi profunda, com aromas de frutas negras maduras com notas de caramelo e baunilha. Em boca, corpo médio, taninos marcantes, notas picantes e acidez equilibrada. Um belo vinho, ótimo custo benefício.
Highlights ExpoVinis 2011 – Um rápido passeio pelas descobertas da grande feira de vinhos
01/05/2011 por crisapx
A ExpoVinis é a maior feira de vinhos da América Latina e ano a ano surpreende com seu tamanho e novidades apresentadas. Confesso que todo primeiro dia de feira fico com a sensação de não saber por onde começar, mas afinal, não dá mesmo para querer degustar e conhecer tudo. Mesmo em três dias de feira. Por isso, vamos atrás das coisas mais diferentes e, claro, trocando figurinhas com os colegas blogueiros e sommeliers o tempo todo para sermos mais certeiros nas descobertas.
Se fosse falar de todas as descobertas, precisaria de uns 10 posts para transmitir tudo o que conheci. Mas serei objetiva, passando rapidamente pelas novidades que me chamaram atenção e que achei que valeria a pena compartilhar com o leitor.
Começando pelo lançamento do [yellow tail] pela importadora Abflug, com presença de um ônibus amarelo no stand, que circulará pela cidade de São Paulo para marcar o lançamento e fazer divulgação. A [yellow tail] é hoje a maior marca Australiana em volume e foi um caso de sucesso nos Estados Unidos. Lembro que este lançamento foi um caso muito falado e criticado por enófilos mais tradicionais e connaisseurs. Por outro lado, o produto virou uma febre entre os jovens consumidores de vinho e é sucesso de vendas nos Estados Unidos. O que falar? Confesso que estava ansiosa para experimentar sua linha, que é composta por um Chardonnay, um Shiraz e um Cabernet Sauvignon. E a minha opinião sincera é que são vinhos bastante justos. Virão com um preço acessível, na faixa de R$35,00 e são vinhos para beber sem compromisso, no dia a dia ou num bar com os amigos. Confesso também que estou ansiosa para ver como o mercado responderá a este produto, visto que todo seu conceito é voltado para um público jovem, descolado, que busca um vinho fácil de beber e de entender. Um nicho ainda muito pouco explorado no Brasil.
Os portugueses marcaram uma presença fortíssima com enormes estandes, de importadoras, entidades vinícolas portuguesas e produtores. Alguns destaques foram o Roquette & Cazes Douro DOC 2007 da Quinta do Crasto, trazido pela Qualimpor. Este vinho foi eleito Top 10 da ExpoVinis 2011 e realmente é um vinho fantástico.
Outro português muito falado na feira foi o enólogo Antônio Saramago, um dos mais respeitados e experientes enólogos de Portugal, que marcou presença com seus vinhos trazidos pela importadora Viníssimo. Fui muito bem atendida por sua esposa, muito gentil, que apresentou a linha de produtos com tanto esmero. Aqui, chamo atenção para um vinho especial, o Scancio Reserva, um vinho desenvolvido em parceria com Arthur Azevedo, diretor da ABS-SP e José Carlos Satanita, melhor sommelier português, segundo a Revista de Vinhos de Portugal. Scancio vem da palavra escanção, que significa sommelier, ou o profissional do serviço do vinho. O vinho produzido por esses profissionais é uma homenagem aos sommeliers e escanções do Brasil e de Portugal. O Scancio Reserva 2007 é um vinho Alentejano e é produzido a partir das uvas Grand Noir e Alfrocheiro.
Não poderia falar em portugueses e não falar dos vinhos da FTP Wines, com um largo portfólio de vinhos portugueses, que neste evento apresentou uma nova linha, a Picos do Couto, da região do Dão. Dentre os quatro vinhos degustados, meu destaque vai para o Picos do Couto Reserva Branco 2009, produzido a partir da uva Encruzado. Com aromas cítricos e notas amanteigadas é um vinho com muito frescor, bom corpo e notas mineiras em boca.
Outra presença forte foi das vinícolas nacionais, com estandes cada vez maiores e mais expressivos, das pequenas às grandes, do Rio Grande do Sul à Santa Catarina. Alguns destaques :
Lançamento do espumante Maria Valduga, da Casa Valduga, uma homenagem à matriarca da família, idealizadora do sonho de elaborar espumantes no Brasil pelo métodochampegnoise. De excelente cremosidade, com perlagefino e persistente, possui aromas de brioche amanteigado e notas tostadas. Foi produzido a partir das uvas Chardonnay e Pinot Noir safra 2006 e permaneceu em autólise por 48 meses. Um excelente espumante com uma garrafa diferenciada e muito bonita para presentear. Ainda assim, quem ficou com o primeiro lugar de melhor espumante nacional pelo júri da ExpoVinis foi o Casa Valduga 130, que é o meu espumante de escolha e é um melhor custo benefício.
Tive a oportunidade de degustar em primeiríssima mão o Salton Gammay 2011! O vinho, que é uma novidade da Salton, seria lançado na Expo Vinis 2011, mas não houve tempo hábil de engarrafar e rotular. Claro que algumas garrafas saíram em primeira mão e puderam ser experimentadas por poucos ali presentes. O vinho é bastante agradável, corpo leve, frutado e fácil de beber. Muito agradável para beber em casa, sem compromisso.
Conheci também uma vinícola chamada Cordilheira de Santana, que fica no Rio Grande do Sul, bem na fronteira com o Uruguai e produz cerca de 15.000 garrafas por ano. Fui recepcionada por seus proprietários, Rosana e seu marido, que muito simpáticos, apresentaram a linha de produtos da casa. Meu destaque vai para o Chardonnay Reserva Especial, um vinho que leva 12 meses em barrica francesa, possui aromas de frutas tropicais maduras e notas de baunilha e manteiga e um leve fundo tostado, é elegante, possui boa acidez e persistência. E custa somente R$49,00. Excelente custo-benefício. Para quem é fã dos brancos, como eu, vale conhecer.
Destaco também a Vinícola Sanjo, de São Joaquim em Santa Catarina, que obteve colocação nos Top 10 Vinhos Brancos Nacionais com seu Sauvignon Blanc 2009, da linha Núbio. Um vinho de boa intensidade aromática, muito frescor e boa personalidade, com preço na faixa de R$42,00.
Outra vinícola de Santa Catarina, a Suzin, marcou presença com o Zelindo 2008 Reserva Especial, um corte de Cabernet Sauvignon e Merlot, com aromas intensos de geléia e frutas silvestres, toques de especiarias e notas defumadas. Em boca, boa estrutura e complexidade. Estagiou 15 meses em barrica francesa. Foram produzidas somente 2.700 garrafas deste vinho.
Voltando para o velho mundo, esteve presente um produtor siciliano, da vinícola Tarucco. Vinhos muito bem produzidos e com preços bastante acessíveis. Destaque para Tarucco Peralta IGT, produzido a partir de uvas Cabernet Sauvignon e Syrah na região de Contessa Entellina. Aromas de cerejas maduras e notas licorosas. Em boca, bom corpo, taninos aveludados e boa intensidade de frutas. O vinho deverá custar para o consumidor R$57,00.
Na importadora Viníssimo pude ainda experimentar vinhos do enólogo Jean Luc Thunevin, mais conhecido como Bad Boy ouGarage Boy, o enólogo que difundiu o conceito de vinhos de garage na França. A importadora traz quatro vinhos desse produtor da região de Bordeaux, sendo que os vinhos degustados foram os de Côtes de Bourg e Blaye Côtes de Bordeaux. Destaque para o Chateau La Guilbonnerie 2009, Blaye Côtes de Bordeaux, Carbernet Sauvignon e Merlot, com 12 meses de passagem por barrica. Os taninos ainda estão bastante agressivos, mas mostrou-se um excelente vinho, que irá melhorar com o tempo.
Uma interessante surpresa foi um vinho degustado na importadora DeVinum da Miguel Torres. A vinícola Miguel Torres tem origem nas Espanha, mas possui produção em mais dois países: Chile e Estados Unidos. Eu conheci a vinícola no Chile, que por sinal, é um belo passeio. Mas não me lembrava com tanta clareza de seus vinhos brancos, até porque os tintos sempre foram a assinatura da casa. No entanto, desta vez, o destaque foi para um branco, com uma proposta diferente. O Viña Esmeralda 2009, produzido a partir das uvas Gewurstraminer e Moscatel, com aromas de menta e hortelã e com muito frescor em boca. Um excelente vinho.
Por fim, a importadora Inovini que apresentou os vinhos do produtor alemão Dr. Loosen, com dois excelentes representantes dos vales do Mosel e Pfalz, o Dr. Loosen “Dr. L” Riesling Qualitatswein Trocken 2009 e Villa Wolf Pinot Gris Qualitatswein Trocken 2010. Excelentes brancos a preços muito bons, de R$49,00. Também na Inovini, o espanhol Bodegas Beronia da região da Rioja, com seu Beronia Reserva DOC 2005 e Beronia Gran Reserva 2001,
Claro que tudo isso foi somente uma palhinha de tudo o que foi visto e degustado. Mas para quem não pode estar presente, fica o meu rápido passeio pelas descobertas da ExpoVinis 2011. Agradeço aos colegas blogueiros Almir do Anjos, Daniel Perches, Alexandre Frias e sommeliers Luis Amaral e Fernanda Vianna, pelas dicas e figurinhas trocadas no evento.
26/04/2011 por crisapx
O Encontro de Vinhos Off inaugurou uma semana que será recheada de importantes eventos da área de vinhos. Organizado por Daniel Perches e Beto Duarte, o encontro aconteceu ontem das 12h as 22h na Pizzaria Bendita Hora, que para quem ainda não conhece, vale conhecer. Como de costume, foi um evento muito bem produzido, em um ambiente que permitiu conhecer novos rótulos, fazer novos contatos, reunir velhos amigos ou simplesmente celebrar a paixão pelo vinho.
Estiveram presentes cerca de 40 expositores, dentre importadoras que já conhecemos bem, como a Cantu, Expand, Ravin e MaxBrands, até algumas menores que eu conhecia somente por internet, como Smart Buy Wines e La Cave Jado. Além de produtores nacionais, como Lidio Carraro e Villaggio Grando, e alguns produtores internacionais, de países como Itália e França, procurando representação no Brasil, com novidades muito boas.
Além disso, havia uma programação de palestras promovidas por alguns dos expositores, onde foi possível conhecer mais sobre as regiões produtoras e os vinhos apresentados no evento.
Entre goles e conversas, ainda foi possível fazer rápidos intervalos para saborear uma pizza quentinha, cortesia da casa, num espaço ao ar livre com mesinhas à luz de velas.
Dentre os vinhos degustados, fiz uma seleção dos meus favoritos, com um descritivo, preço e onde encontrar:
- 1. Amarone della Valpolicella DOC Classico 2006 – Brigaldara
100% Corvina
Veneto, Itália
Aronas de frutas negras maduras, toques de amêndoas e baunilha. Em boca, corpo médio, acidez equilibrada, taninos moderados e boa persistência. Grad. Alcoólica: 16,5%. Excelente.
- 2. Vigna alle Nicchie Rosso IGT 2007 – Pietro Beconcini
Toscana, Itália
100% Tempranillo
20 meses de barrica francesa e americana. Aromas de frutas maduras e toques florais, com fundo de café e chocolate. Em boca, corpo médio, taninos elegantes e boa persistência. Grad. Alcoólica: 15,5%. Excelente.
- 3. IXE Rosso IGT 2008 – Pietro Beconcini
Toscana, Itália
90% Tempranillo, 10% Sangiovese
14 meses de barrica francesa e americana. Aromas de frutas maduras e toques florais, com fundo mineral. Em boca, corpo médio, acidez equilibrada, taninos elegantes e boa persistência. Grad. Alcoólica: 14,5%. Excelente.
- 4. Gevrey-Chambertin 2007 En Billard – Domaine Jérôme Galeyrand
Borgonha, França
100% Pinot Noir
16 meses de barrica. Aromas de frutas vermelhas maduras e notas de baunilha. Em boca, muita elegância, corpo leve, acidez equilibrada e boa persistência. Excelente representante da Borgonha!
Preço e importadora: Ainda não possui representante. Foi apresentado pelo próprio produtor, Jérome Galeyrand – www.jerome-galeyrand.fr
- 5. Mettler Petite Syrah 2005 – Mettler
Central Valley, Califórnia, Estados Unidos
100% Petite Syrah
13 meses em carvalho francês. Aromas discretos de frutas negras maduras, ervas e notas tostadas. Em boca, corpo cheio, taninos arredondados e longa persistência de frutas. Grad. Alcoólica: 14,2%. Excelente.
- 6. Chateau Grand Bert Saint-Émilion Grand Cru – Chateau Grand Bert
Saint Émilion, França
85% Merlot e 15% Cabernet Franc
18 meses em barrica francesa. Aromas de frutas vermelhas com notas de baunilha e amêndoas torradas. Em boca, boa acidez, taninos marcantes e a seriedade de um bom Bordeaux. Muito bom!
- 7. Domaine Louise Brison AOC Champagne Millésime 2004 Brut
Champagne, França
50% Chardonnay, 50% Pinot Noir
Aromas defumados e de pão com notas de funghi secci. Boa acidez, cítrico e com perlage marcante. Muito bom!
- 8. Villagio Grando Chardonnay 2008
Água Doce, Santa Catarina, Brasil
100% Chardonnay
Sem passagem por barrica, possui aromas marcantes de mel e laranja. Boa acidez em boca, leveza e frescor. Excelente.
- 9. Mitchelton Airstrip 2009
Vitória, Austrália
Marsanne, Rousanne e Viogner
6 meses em barrica francesa. Aromas de pêssego, damasco e melão. Em boa, boa complexidade de frutas e untuosidade. Grad. Alcoólica: 13,5%. Excelente.
- 10. Massaya Gold Reserve 2008
Bekaa Valley, Líbano
50% Cabernet Sauvignon, 40% Mourvèdre e 10% Syrah
2 anos em carvalho francês. Aromas de geléia de frutas negras, coco e notas de baunilha. Corpo cheio e untuoso – quase mastigável. Taninos bem marcantes e longa persistência. Muito interessante.
Meus parabéns aos produtores e importadores pelos excelentes vinhos apresentados. E parabéns aos organizadores, Daniel e Beto! Foi um prazer enorme poder participar e prestigiá-los em mais um Encontro de Vinhos.
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25/04/2011 por crisapx
Nesta semana começa o maior encontro de vinhos da América Latina: o ExpoVinis 2011. O evento é considerado atualmente como um importante catalisador do setor, fomentando e acelerando o contato entre produtores nacionais e internacionais com os players do mercado brasileiro e demais mercados mundiais.
Com a responsabilidade e compromisso de estimular um setor em crescimento, o ExpoVinis Brasil é um evento muito marcante para todo o segmento, especialmente para os profissionais e amantes do vinho, que podem, além de apreciar os melhores vinhos do mundo, conferir palestras e degustações com os principais especialistas do setor.
O ExpoVinis Brasil é um passeio pelas principais regiões vinícolas do mundo. As novidades, aromas e sabores são trazidos por produtores das regiões mais tradicionais do Velho Mundo, como a França, Espanha, Portugal e Itália, enquanto que o Novo Mundo está representado por potencias como Chile, Argentina, Austrália, África do Sul e Uruguai. Países não tradicionais como a Bolívia, Sérvia e Grécia também marcam presença no ExpoVinis, surpreendendo muitos dos visitantes com as características de seus vinhos. E não podemos esquecer do Brasil, que este ano promete uma participação histórica, com mais de 40 vinícolas de suas três principais regiões produtoras: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Vale do São Francisco.
É uma excelente oportunidade para conhecer novos vinhos, fazer novos contatos, conhecer as novidades do segmento e claro, fazer ótimos negócios. Se você é profissional ou simplesmente um apreciador, vale conferir!
15/04/2011 por crisapx
Hoje tive o privilégio de participar de um evento bastante exclusivo promovido pela Associação Brasileira de Sommeliers em São Paulo, com apoio da importadora Viníssimo. A proposta era simples, porém, bem diferente. Uma palestra sobre a arquitetura de grandes vinícolas espanholas acompanhada de degustação de alguns de seus rótulos que chegam em primeira mão ao Brasil. A palestra foi ministrada por Jesús Marino Pascual, arquiteto responsável pelas magníficas obras construídas na rota dos vinhos espanhola.
Quem já viajou pelo mundo vinícola e pode conhecer produtores do novo e velho mundo tem uma imagem bastante distinta do que é o novo e o velho mundo. Pensamos em novo mundo e vemos construções modernas com seus tanques de inox, processos automatizados e jovens enólogos estudados aplicando seus experimentos para fazer um bom vinho. Quando pensamos em velho mundo, vemos construções antigas, mas muito bem conservadas, como os velhos Chateaux franceses ou as Maisons de Champagne, com tanques de madeira, seleção manual das uvas e uma produção muito cuidadosa, transmitida de geração em geração por pessoas que cresceram em meio às videiras. Claro que estou generalizando, mas quando colocamos num embate é mais ou menos isso que pensamos. Mas o interessante é perceber que, cada vez mais, temos visto o velho mundo tirar o melhor proveito do melhor que tem a oferecer de sua tradição secular agregando arquiteturas grandiosas, como são seus vinhos. E isso é um grande atrativo especialmente para quem tanto ama o enoturismo.
Foram quatro vinícolas apresentadas. A bodega Dinastía Vivanco, fundada pela família Vivanco em 1915 e reconstruída com nova arquitetura na última década. A bodega, além de vinícola, é também um museu da cultura do vinho. Vimos a bodega Darien, que ganhou o prêmio “Best of Wine Tourism 2009”, arquiteturas e jardins. A vinícola possui em um de seus ambientes um museu de cerâmica que expõe diversas ânforas que eram usadas há séculos atrás para o armazenamento de vinho. Vimos também a Bodega Irius, em Somontano, que nasceu de um sonho de uma família Riojana que saiu mundo a fora para desenhar o projeto da vinícola e torná-la uma realidade em 2000. Outra vinícola que pudemos conhecemos foi a Bodega Antión, que possui em sua sede um hotel com 12 suítes e uma sala para conferência.
Dados apresentados por Jesús Marino nos mostram que após a construção das novas sedes, o número de visitas às bodegas triplicou e a exposição das bodegas mundo à fora aumentou significativamente. É claro que tudo isso tem um custo bastante alto, com investimentos de 20 a 40 milhões de euros, mas há o apoio do governo espanhol e investidores de indústrias poderosas no país que objetivam um renascimento da imagem da indústria vinícola espanhola no mundo e, é claro, todos os louros que vem junto a isso.
Tivemos a oportunidade de experimentar vinhos de dois dos produtores. A surpresa foi muito boa:
Barón de Oja Crianza DOC 2006 – Antión
100% Tempranillo
Rioja, Espanha – 13,5%
Notas: Aromas de doce de abóbora e chocolate. Em boca, leveza e elegância. Muito agradável.
Antión Selección DOC 2005 – Antión
Rioja, Espanha – 13,5%
100% Tempranillo
Notas: Aromas de frutas negras, chocolate e cedro. Em boca, corpo médio, boa acidez, boa intensidade de frutas e longa persistência. Muito bom.
Absum Varietales 2008 – Irius
Somontano, Espanha – 13,5%
50% Tempranillo, 35% Merlot, 10% Cabernet Sauvignon e 5% Syrah
Notas: Aromas de frutas negras maduras, coco e toques florais. Em boca, frutas maduras, bom corpo e persistência. Muito bom.
Irius Selección 2004 – Irius
Somontano, Espanha – 13,5%
Tempranillo, Merlot e Cabernet Sauvignon
Preço: R$308,55
Notas: Aromas de doce de abóbora e fundo terroso. Em boca, ótimo corpo, riqueza de frutas e retrogosto tostado. Excelente!
Se você planeja conhecer vinícolas Espanholas, deixo aqui a dica. Mas se pretende simplesmente conhecer seus vinhos, em breve os rótulos mencionados estarão disponíveis na Viníssimo.
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31/03/2011 por crisapx
O ano de 2010 foi marcado por grandes celebrações da indústria vinícola nacional. Celebramos o crescimento de 11,95% nas exportações e 7,17% de crescimento em vendas no mercado interno. Celebramos o recebimento de alguns prêmios importantes, com destaque para nosso Merlot na Inglaterra e nosso espumante na França. Celebramos a presença dos nossos vinhos em alguns eventos de destaque, como a Fórmula 1 e a posse de nossa presidente. Mas em meio a tantas celebrações, uma delas merece atenção especial: celebramos os 100 anos da primeira vinícola nacional – a Salton.
Devemos concordar que, completar 100 anos de existência é um feito digno de muito respeito. Especialmente quando falamos na indústria vinícola nacional que, muito focada em volume, sucos e vinhos de qualidade inferior, teve um salto significativo em sua qualidade e começou a despontar de poucos anos para cá. E a Salton, com seus 100 anos de vida, é um espelho de nossa história ao longo desses anos, caracterizada pela vinda dos primeiros italianos, trazidos ao sul do Brasil com promessas de fartura e riquezas. Chegaram a terras inabitadas onde iniciaram uma história com poucos recursos e com o que tinham de conhecimento de sua cultura, como a produção de sucos e vinhos.
A Salton é hoje a vinícola nacional líder em vendas de vinhos espumantes. E desenvolve produtos para atender a diversos públicos e bolsos, que vão desde linhas mais básicas para o consumo do dia a dia até produtos premiuns para atender ao paladar de consumidores mais exigentes. E para celebrar os 100 anos de existência a Salton desenvolveu dois produtos especiais: um espumante e um corte bordalês da edição limitada Salton 100 anos. Foi com o objetivo de conhecer os dois produtos que agendei uma visita à sede em Tuiuty com o diretor técnico Lucindo Copat.
Não foi minha primeira visita a Salton, mas foi, certamente, a mais interessante. Com a vinícola a todo vapor com a produção 2011, Lucindo recepcionou-me e mostrou-se uma pessoa enérgica e bem humorada, que trata com carinho e atenção cada figura que transita naquele ambiente – do segurança, aos cantineiros, aos enólogos, às vendedoras – e acompanha de perto tudo o que ali acontece. Por sinal, a arquitetura da sede da vinícola foi desenhada mesmo com esse propósito. Passarelas nos permitem caminhar pelo alto da sede, acompanhando a chegada das uvas, passando pelo desengace, prensa, chegando aos tanques, engarrafamento, colocação em caixas e sair para a distribuição. Pensando no tamanho da Salton, é simplesmente fantástico!
Após um tour pela vinícola, sentamos para degustar os dois vinhos que foram cuidadosamente elaborados pelo enólogo Lucindo Copat. Um tinto e um espumante. O primeiro, Salton 100 anos tinto, segue a linha do Salton Talento, o vinhopreminun mais famoso da empresa. É um assemblagecom 50% de Cabernet Sauvignon, 40% de Merlot e 10% de Cabernet Franc que permaneceu 16 meses em carvalho novo francês antes de ir para a garrafa. Um tinto intenso, com aromas marcantes de café e tabaco, com notas de frutas negras maduras, corpo cheio e taninos bem arredondados. Já o Salton Espumante Nature 100 anos, elaborado pelo método tradicional, é composto por 70% de Pinot Noir e 30% de Chardonnay e permaneceu três anos em contato com as leveduras. Resultado: nariz de frutas secas e leveduras, perlage intenso e sabor rico. Foram produzidas apenas 13 mil garrafas de cada modalidade do Salton 100 anos, que pelo site da Salton está sendo vendido ao preço de R$ 100.
O meu voto, particularmente, ficou com o espumante 100 anos. O que não é surpresa, já que os vinhos espumantes da Salton têm se mostrado cada vez mais a especialidade da casa, conforme os números de vendas e market share têm nos mostrado. Para quem ainda não conheceu, vale aproveitar a edição especial e celebrar esse marco importante. Deixo aqui meus parabéns à família Salton pelos 100 anos de história, de vinhos e de sucesso. E meu desejo de muita prosperidade nos anos que virão.
Geisse, um show de borbulhas!
21/03/2011 por crisapx
A região de vinhos do Vale dos Vinhedos e arredores revela sempre grandes experiências. Minha história com o mundo dos vinhos teve um marco importante por ali, há sete anos, quando estive a passeio e me descobri encantada com os sabores e poesias de cada produtor, cada parcela de vinhedos e cada nova garrafa aberta. Por isso, para mim, voltar à região traz sempre um bom sentimento. E a certeza de que novas descobertas estão por vir.
Desta vez estive na região de Pinto Bandeira, logo ao norte de Bento Gonçalves, mais conhecida como a região dos vinhos de montanha. Fui visitar a vinícola Geisse, antiga Cave de Amadeu. Já conhecia bem suas borbulhas de alguns eventos de vinho de que participei, além de saber dos importantes prêmios que receberam nos últimos anos, que deram um importante reconhecimento à qualidade de seus produtos. Alguns dizem que são os melhores espumantes que o Brasil já produziu. Eu prefiro não julgar o que dizem, mas posso sim contar a minha experiência.
Quem me recebeu foi o Sr. Carlos Abarzua, enólogo da casa, de origem Chilena, mas já com muitos anos de Brasil. Uma figura amável, que me recebeu muito bem e deixou clara a sensação de que para trabalhar com vinhos não basta entender muito do produto. É preciso gostar de pessoas e saber passar com o coração esse conhecimento e essa inexplicável paixão que é o mundo dos vinhos. E assim, Carlos me contou um pouco sobre a história da vinícola Geisse, de seu trabalho e de seus produtos.
Tudo começou quando o enólogo chileno Mario Geisse veio ao Brasil há mais de trinta anos para dirigir a Chandon do Brasil, no Rio Grande do Sul, e viu no terroir da região um potencial interessante para a produção de espumantes. Logo, buscou terras que apresentassem as características desejadas para a produção de borbulhas do mais alto nível. E chegou a Pinto Bandeira, região de montanha que oferece boa amplitude térmica, solos pobres e com boa drenagem e com ventos constantes, que ajudam na sanidade das plantas. Mario Geisse, diretor técnico da Casa Silva, renomada vinícola chilena famosa por seus Pinot Noirs, fundou ali a vinícola Geisse poucos anos após se instalar no Brasil.
Desde sua criação, Geisse buscou utilizar em sua vinícola métodos pouco difundidos ou quase inexistentes no Brasil na ocasião, como a condução das videiras por espaldeiras, a vinificação por gravidade ou mesmo a produção de suas borbulhas pelo método champegnoise. Ainda hoje, atento às novidades do mercado, Geisse e sua equipe preocupam-se em utilizar métodos e tecnologias inovadoras que dão certo. A novidade mais recente é uma máquina utilizada nos vinhedos com um sistema de ar quente que atua no controle de pragas. Esse sistema foi desenvolvido no Chile e tem mostrado excelentes resultados. A máquina é passada periodicamente por entre as parreiras e sabe-se que, quando a videira é impactada pelo forte jato de ar quente, ela libera uma substância protetora que a fortalece, protegendo-a do ataque de pragas. Além disso, nota-se que o sistema tem proporcionado outros benefícios, tais como o fortalecimento da planta, com folhas mais verdes e resistentes, até uma concentração maior do resveratrol, substância encontrada na casca da uva que fornece benefícios à saúde. Por esses e outros motivos, a vinícola Geisse denomina-se ecologicamente correta, mostrando uma preocupação com a saúde das videiras e da manutenção do meio ambiente.
Em minha visita tive a oportunidade de conhecer a cantina da vinícola Geisse em pleno funcionamento, com os tanques cheios e aquele aroma característico de fermentação. O Sr. Carlos me serviu uma taça de seu chardonnay direto do tanque, recém fermentado, apenas aguardando sua estabilização, que mostrou uma riqueza de aromas e acidez marcante. De lá, seguimos para um mirante no alto da propriedade, onde pude apreciar todas as parcelas da vinícola Geisse e sentir no rosto os ventos constantes da região de montanha. Por fim, uma parada na área destinada a eventos para degustação dos produtos tops da casa.
Cave Geisse Brut 2008, Pinto Bandeira, RS
70% Chardonnay, 30% Pinot Noir – 12,5%, 2 anos de autólise
Com perlage abundante e persistente, aromas intensos de fermento, frutas secas e notas tostadas, o espumante apresenta acidez equilibrada, boa persistência e estrutura em boca.
Cave Geisse Nature 2009, Pinto Bandeira, RS
70% Chardonnay, 30% Pinot Noir – 12,5%, 2 anos de autólise
Perlage abundante, com aromas delicados de frutas secas, leveduras e notas cítricas. O espumante surpreende por sua elegância e equilíbrio.
Cave Geisse Rosé Brut 2006, Pinto Bandeira, RS
100% Pinot Noir – 12,5%, 3 anos de autólise
Perlage abundante e persistente, coloração rosada e aromas de morangos, frutas vermelhas e notas tostadas. O espumante tem uma característica diferente dos demais produtos da casa – uma rápida passagem por barrica. Elegante, com boa acidez e boa persistência.
Cave Geisse Terroir Nature 2006, Pinto Bandeira, RS
62% Chardonnay, 38% Pinot Noir – 12,5%, 3 anos de autólise
Perlage abundante e persistente, com aromas de damascos, frutas brancas, fermento e notas florais. Possui bom corpo e cremosidade, boa acidez e ótima persistência.
Hoje a vinícola Geisse produz anualmente 170 mil garrafas e seus produtos podem ser encontrados principalmente em empórios e restaurantes. Também exportam para alguns países como Estados Unidos, Inglaterra e Bélgica, apesar de não ser o seu foco. O sucesso da vinícola Geisse certamente vem de muito trabalho, dedicação e paixão aos vinhedos e à produção.
O Sr. Carlos conta que trabalham em busca da perfeição e que o objetivo da vinícola Geisse é se tornar o melhor produto da América do Sul. E deixa o convite para que os apaixonados pelo vinho não percam a oportunidade de visitar a região que está em pleno crescimento e claro, conhecer a vinícola Geisse e seus produtos, que apaixonam naturalmente.
Assim encerrei minha visita com mais uma grande experiência e o sentimento de que os produtos nacionais cada vez mais surpreendem. E que a vinícola Geisse, com as suas borbulhas, é digna do topo da lista.
16/02/2011 por crisapx
Existem algumas situações que acontecem em nossas vidas que são realmente impagáveis. E eu acredito, sinceramente, que quando mandamos uma energia para o mundo, ela volta para nós, nos surpreendendo com momentos quase inacreditáveis. No entanto, na correria do dia a dia, não nos permitimos canalizar essa energia e muitas vezes ela se perde ou é gasta em outras coisas de menor valor. Mas quando estamos em uma situação de descanso e relaxamento, nos abrimos para o cosmos e isso naturalmente acontece.
Quando estive na Califórnia em visita às vinícolas, fui muito bem assistida em quase todas elas. Afinal, os americanos são muito bons de serviço e turismo. Algumas me deram uma atenção mais especial, sabendo que sou profissional do meio, outras não ligaram tanto. E as visitas iam seguindo esse padrão, até que no último dia, visitando a Mondavi, recebi de nosso guia uma dica valiosíssima. Disse que tinha um grande amigo brasileiro, Marcelo, sommelier de uma vinícola chamada Quintessa, logo ali na região. Já tinha minha agenda toda programada para o dia, mas pensei que seria muito interessante se conseguisse uma visita com o brasileiro. Certamente um brasileiro morando nos Estados Unidos por sabe lá quanto tempo, me receberia muito bem. E assim mudei minha rota para ver se o encontrava na Quintessa.
Chegando lá, me perguntaram se eu tinha reserva e me informaram que as visitações estavam lotadas até as próximas semanas. Acabei deixando um bilhete para ele, me apresentando e avisando que voltaria mais tarde. Segui com minha agenda e retornei após o almoço, somente para descobrir que ainda não haviam entregado o bilhete. Confesso que por um instante pensei se valeria à pena insistir. Mas meu feeling me disse que sim. Fiquei esperando até que conseguissem resgatar o Marcelo por um rápido instante e ele, todo atrapalhado, me cumprimentou, pediu desculpas pela correria e perguntou se eu poderia voltar no fim do dia que ele me receberia com o maior prazer. Era tudo o que eu precisava escutar.
Retornei no fim do dia, quando a vinícola já começava a encerrar suas atividades. Marcelo apareceu com um jipe, abriu a porta e me convidou a entrar. E assim saímos para um passeio na vinícola.
A Quintessa foi fundada em 1989 por um casal de chilenos apaixonados por vinho na região de Rutherford, em Napa. Com 280 acres de extensão, uma diversidade geográfica, diferentes microclimas e tipos de solo, a propriedade tinha todo o potencial para produzir um vinho de criação singular. Assim, o casal iniciou um trabalho tendo em conta práticas agrícolas que mantivessem a saúde e vitalidade da propriedade, incluindo toda a sua fauna e flora. Hoje a vinícola segue os preceitos e técnicas da biodinâmica e produz vinhos que refletem as características de seu terroir.
Já havia lido e estudado sobre os conceitos da biodinâmica, mas essa foi minha primeira experiência em uma vinícola desse estilo e com uma filosofia tão bonita. A biodinâmica é uma prática que busca trabalhar as energias que criam e mantém a vida na propriedade. Isso significa tratar a propriedade como um organismo vivo, buscando um equilíbrio para a videira e para o solo através de um cultivo orgânico, do uso de preparos naturais como fertilizante e energizante e considerando o compasso dos ciclos naturais da terra e do cosmos.
Conforme caminhava pela propriedade e ouvia as histórias do Marcelo, reparava em cada detalhe encantador desse organismo vivo. Borboletas voando ao redor das flores, um coelho saltitante passeando por entre as videiras e, acredite, um veado cruzando nosso caminho. “Daqui nada sai e nada entra”, me falou Marcelo. A propriedade é auto-sustentável. Não se utiliza tratores, pesticidas artificiais, nem aditivos químicos em seus vinhos e todo fertilizante ou pesticida é produzido ali mesmo, com elementos da própria natureza. A seleção das melhores uvas é feita manualmente e todo o processo de vinificação é feito por gravidade. As uvas são recebidas em um ponto mais alto e as etapas da vinificação acontecem verticalmente, até que o vinho descanse nas barricas, no ponto mais baixo da vinícola. Essa prática reduz o consumo de energia e a poluição do ambiente com maquinários.
Subimos e descemos morro, passamos por um lago, onde a proprietária Valéria construiu um pequeno templo de meditação chinês, passamos por um bosque e subimos novamente até o ponto mais alto da vinícola. Ali, a paisagem era estonteante e era possível ver uma boa parte da vinícola e suas parcelas. O recanto é utilizado para visitas especiais com harmonização de pratos locais com os vinhos da casa.
Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot e Carmenère são plantados e vinificados separadamente, por parcela, totalizando quase 100 vinhos diferentes que depois são combinados e transformam-se em um único vinho. Um trabalhão!
Depois de muitas histórias, dicas e descobertas, finalmente fomos à degustação:
Quintessa 2005, Rutherford, Napa
18 meses em barrica, 14,9%
Aromas intensos de frutas negras maduras com fundo de baunilha e toques de especiarias. Em boca, taninos elegantes, bom corpo e longa persistência.
Quintessa 2006, Rutherford, Napa
18 meses em barrica, 14,6%
Aromas de frutas negras com notas de café e baunilha. Em boca, taninos equilibrados, bom corpo e complexidade.
Quintessa 2007, Rutherford, Napa
19 meses em barrica, 14,6%
Aromas de frutas negras, notas de café e especiarias. Em boca, bom corpo, intensidade e taninos marcantes.
A experiência na Quintessa foi rica e única. Não somente foi uma visita com o calor aconchegante do Brasil ou que aguçou meus sentidos em cada gole com a expressão do terroir, mas foi também uma nova percepção da interação do ser humano com a natureza e o cosmos. Assim encerrei minha visita à região dos vinhos na Califórnia.
O bom vinho é aquele que você gosta
O bom vinho é aquele que você gosta
01/02/2011 por crisapx
No mundo dos vinhos existe uma máxima que diz que não existe vinho bom ou ruim, existe sim o vinho que você gosta e o que não gosta. Isso significa que cada ser humano é único e tem o paladar diferente do outro. Portanto, não existe e nem deve existir uma verdade universal. E por isso o mundo dos vinhos é tão encantador e nos promove grandes surpresas a cada garrafa aberta. Mas será que na prática essa máxima funciona?
Recentemente li um livro que achei muito interessante e que nos faz questionar essa máxima e refletir sobre o caminho que estamos trilhando no mundo dos vinhos. O livro “A batalha por vinho e amor, e como salvei o mundo da Parkerização”, de Alice Feiring, escritora de vinhos e ex-jornalista do The New York Times, não é somente uma crítica ferrenha à padronização mundial do vinho, mas é também uma viagem fascinante por vinícolas tradicionais do velho mundo, apresentando as descobertas da jornalista em uma linguagem descontraída e os desafios enfrentados por famílias que há séculos vivem do vinho. Na obra, Alice faz um alerta aos leitores amantes do vinho para que a nossa máxima, que é a grande magia do mundo dos vinhos, não se perca.
Sem querer desmerecer o trabalho dos críticos de vinho, que muito merecem meu respeito e certamente têm muito que nos ensinar de suas descobertas e avaliações, mas devo concordar com a jornalista quando vemos que a crítica de vinhos, um conceito criado para servir de orientação para que as pessoas saibam o que esperar de um vinho, tem se mostrado uma análise característica, apresentando o paladar e a opinião pessoal do crítico. Aqui falamos especialmente de uma pessoa que fez de seu nome uma marca com tal força que sua crítica tem se tornado uma verdade absoluta. Se você ainda não descobriu de quem estamos falando, apresento-lhe Robert Parker: crítico de vinhos mais famoso do mundo, que lançou em 1978 uma publicação de avaliação de vinhos, o The Wine Advocate Journal, nos Estados Unidos, que tem hoje mais de 55.000 assinantes e está presente em mais de 37 países.
Alice Feiring em sua obra aponta a culpa da padronização do vinho, particularmente, a Robert Parker. Para ela, o crítico americano é o responsável pelo triunfo dos vinhos “carregados”, com excesso de madeira, encorpados e opulentos que hoje se bebe em toda parte. Ela não confia nas novas técnicas utilizadas pelos enólogos modernos, que vão desde o emprego de osmose inversa, micro-oxigenação, acréscimo de taninos, enzimas, leveduras selecionadas até a maturação intensa em barris de carvalho novo – e que escondem toda a identidade do vinho.
Em suas viagens, Alice descobriu vinhos que, por não agradarem ao paladar de Parker, ficam à sombra e não fazem sucesso. Esses são especialmente os vinhos produzidos com uvas cultivadas em agricultura orgânica ou biodinâmica e vinificados naturalmente. No entanto, já se vê produtores que, em função da não aceitação de seus vinhos por Parker e do quanto isso afeta seus negócios, começam a se “adequar” àquilo que é visto como “um bom vinho”, em busca de uma boa avaliação e pontuação de Robert Parker – e os rios de dinheiro que vem junto a isso.
Que atire a primeira pedra quem nunca se deixou levar por um vinho que tivesse uma pontuação acima de 90 na avaliação de RP. Será que não é hora de começarmos a fazer a nossa própria avaliação, tendo em conta o que é verdadeiro para nós mesmos, sem ter vergonha de gostar de um vinho diferente e sem nos preocupar ou nos deixar influenciar pelo que dizem os famosos críticos?
Saiba Mais:
25/01/2011 por crisapx
“Uma refeição sem vinho é como um dia sem sol”.
Robert G. Mondavi
Qualquer apaixonado por vinhos que já tenha bebido um bom californiano certamente já ouviu falar em Robert Mondavi. Considerado um marco na história vinícola americana, Mondavi construiu um império e foi responsável por importantes inovações que viriam a colocar os Estados Unidos no mapa vinícola mundial e elevar o Novo Mundo à categoria de produtor de grandes vinhos.
Qualquer apaixonado por vinhos que já tenha bebido um bom californiano certamente já ouviu falar em Robert Mondavi. Considerado um marco na história vinícola americana, Mondavi construiu um império e foi responsável por importantes inovações que viriam a colocar os Estados Unidos no mapa vinícola mundial e elevar o Novo Mundo à categoria de produtor de grandes vinhos.
A história da família Mondavi tem início com Cesare Mondavi, que vindo da Itália na época da Lei Seca americana, comprou terras na Califórnia para plantar e vender uvas. Com o fim da Lei Seca, comprou uma pequena vinícola em Napa e passou a fazer vinho de garrafão. Seus filhos, Robert e Peter viriam a trabalhar com o pai nos negócios da família.
Naquela época, o mercado de vinhos de garrafão era dominado pelas grandes vinícolas, como a Gallo, por exemplo. E não era um mercado lucrativo para as pequenas vinícolas. Foi quando a família comprou uma vinícola antiga chamada Krug, que foi totalmente renovada.
Com o falecimento do pai, Robert e seu irmão começaram a divergir sobre o futuro da vinícola. Robert queria investir na produção de vinhos de alta qualidade, enquanto seu irmão preferia seguir um caminho mais conservador. Assim, os irmãos se separaram e em 1966, Robert Mondavi fundou sua própria vinícola, a Robert Mondavi Winery e foi em busca do seu sonho: produzir vinhos californianos de alta qualidade, que pudessem ser equiparados aos melhores vinhos do mundo.
A nova vinícola já utilizava muitas das inovações que Robert havia introduzido a Califórnia. Algumas delas que foram fundamentais para a evolução e crescimento do mercado vinícola americano, tais como a utilização de equipe especializada em viticultura e vinificação, separadamente, o aperfeiçoamento do vinhedo para extrair todo o potencial da uva, investimento em tanques de fermentação a frio e rolhamento a vácuo, a utilização de pequenas barricas de carvalho francês e a utilização de rótulos com o nome do varietal que compunha o vinho.
Seu primeiro vinho produzido foi um Chenin Blanc, mas foi somente com o lançamento de seu primeiro Sauvignon Blanc, com uma nova fórmula que produziu um vinho diferente do que era conhecido nas terras da Califórnia, que seus vinhos começaram a ganhar destaque. Mondavi chamou seu vinho por um nome utilizado na região do vale do Loire, na França, mas nada conhecido nos Estados Unidos – Fumé Blanc – o que tornou o vinho um sucesso ainda maior.
Nos anos seguintes, a vinícola ganhou notoriedade com seu Cabernet Sauvignon e até 1975 seus vinhos já eram distribuídos por todo o país. Logo começaram a exportar. A reputação do vale de Napa foi ainda melhorada quando o Barão Phillipe de Rothschild anunciou planos para colaborar com Robert Mondavi na produção de um vinho super premium, que viria a se chamar Opus One. Na época, o consumo de vinhos premiunaumentava consideravelmente e o comprometimento de Robert Mondavi com a qualidade de seus vinhos o tornava uma marca forte na indústria do vinho.
Mondavi continuou a expandir e comprou outras vinícolas, como a Woodbridge, no segmento de vinhos finos de baixo custo.
Na década de 90 iniciou-se a transição da empresa para uma nova geração e os filhos de Robert Mondavi, Tim e Michael, assumiam os negócios da família.
A partir daí, os Mondavi começaram a investir em publicidade com o intuito de estimular o consumo de vinhos nos Estados Unidos. E nos anos que seguiram, grandes investimentos foram feitos não somente nos vinhos, mas em arquitetura, experiências enoturísticas e um retorno às técnicas tradicionais de produção de vinho. Além disso, criou-se o Centro Americano de Comida, Vinho e Artes (COPIA), um museu dedicado à cultura do vinho e comida, com diversas atrações que viriam a dar maior destaque para a região e tornar-se um centro referência.
Hoje a vinícola recebe mais de 350.000 visitantes por ano e possui cerca de oito opções de visitação e degustação de seus vinhos. Além disso, a Mondavi fechou uma Parceria com a Arboleda, vinícola Chilena e a Rosemount, Australiana numa colaboração de promoção e vendas de seus vinhos nestes mercados.
Robert teve um importante papel na promoção dos vinhos da Califórnia. Ele acreditava que a região tinha o potencial de produzir vinhos do mesmo nível dos países do velho mundo. Hoje pode descansar em paz, sabendo que deixou um legado inestimável para a indústria de vinhos americana e fez de sua paixão um exemplo a ser seguido.
Confesso que minha experiência de visitação na Robert Mondavi foi surpreendente. Pensando em uma vinícola de tal porte, em que o agendamento de visitação é feito online, não imaginava receber um atendimento tão caloroso e amigável, quase personalizado, como foi o que recebi pelo Tom, guia de visitação. Foi uma aula sobre a história da vinícola e uma excelente oportunidade para degustar e conhecer mais sobre seus principais vinhos.
Notas de Degustação Robert Mondavi Winery:
Robert Mondavi Winery Fumé Blanc 2008
6 meses de barrica, 14,5%
Aromas de limão, pêssego, maracujá e leve amanteigado. Médio corpo, boa persistência e acidez. Excelente!
Robert Mondavi Winery Pinot Noir 2008
12 meses de barrica, 15,5%
Aromas de cerejas maduras, especiarias e um leve toque de baunilha. Em boca, cheio, bom corpo com notas de especiarias. Muito bom.
Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 1999
94 pts Wine Spectator
14 meses de barrica. 14,1%
Aromas de frutas negras, notas de cassis, baunilha e doce de abóbora. Enche a boca, ótima acidez. Está perfeito!
Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2002
92 pts Robert Parker
14 meses de barrica. Aromas de frutas negras, baunilha e caramelo. Excelente corpo.
Preço na vinícola: $140,00
Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2005
92 pts Wine Spectator
14 meses de barrica. Aromas de frutas negras e licorosos, com toque de azeitona preta e baunilha. Em boca, taninos bastante presentes e acidez marcante. Pode esperar.
Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2006
96 pts Wine Spectator
14 meses de barrica. Aromas de frutas negras e leve toque de azeitona preta. Taninos bastante presentes. Ótimo potencial de guarda.
Robert Mondavi Winery Cabernet Sauvignon Reserve 2007
14 meses de barrica. Aromas de frutas negras, cedro e especiarias. Em boca, frutas negras, bom corpo, taninos agradáveis. Vai evoluir muito be
Aqui no Brasil você encontra vinhos da coleção Robert Mondavi Private Selection, uma linha intermediária da Robert Mondavi na Wine.com.br.
Saiba mais:
Vinícola Robert Mondavi:
18/01/2011 por crisapx
Os ingleses inventaram o vinho espumante no século 17, quando o cientista Christopher Merret descobriu que se adicionasse açúcar ao vinho já pronto, levaria a uma segunda fermentação, resultando em um vinho com borbulhas. Porém, os britânicos pouco puderam se beneficiar dessa descoberta, pois o clima frio e úmido das terras inglesas não favorecia a produção de uvas maduras para um vinho de qualidade. Algumas décadas depois, um monge francês chamado Dom Pérignon adaptou a idéia e criou uma bebida de sucesso: o Champagne.
Até pouco tempo atrás, falar em espumante inglês poderia soar como uma brincadeira. Mas com o fenômeno do aquecimento global na última década, aliado a melhores técnicas de produção, os britânicos talvez consigam dar o troco. Há um ano, um pequeno produtor de espumante inglês, chamado Nyetimber Estate, foi nomeado “o melhor espumante do mundo” em uma degustação de prestígio na Itália, derrotando dezenas de espumantes como Louis Roederer, Bollinger e Pommery. Isso nos mostra que as borbulhas inglesas estão em ascensão.
Dados oficiais indicam que a última década foi a mais quente dos últimos tempos no mundo. Para os produtores ingleses, isso levou a frutas mais maduras e concentradas, adequadas para a produção de espumante. Do ano de 2000 até 2008 o número de produtores cresceu de 363 para 416. Alguns dizem, inclusive, que 2009 foi a melhor colheita que jamais viram.
No entanto, muitos connoisseurs insistem que nenhum vinho espumante consegue atingir a finesse e os sabores do Champagne, feito somente na região de Champagne. Mas ao mesmo tempo, o espumante inglês começa a “estourar” algumas borbulhas francesas. Alguns espumantes já ganharam dezenas de prêmios internacionais e foram, inclusive, servidos no aniversário de 80 anos da rainha Elizabeth.
A produção anual de Champagne chega a 320 milhões de garrafas e é gigantesca perto das 1,4 milhão de garrafas de espumantes produzidas pelos ingleses. Ainda assim, alguns representantes de grandes casas de Champagne como Louis Roederer, Pol Roger e Duval-LeRoy chegaram a visitar algumas vinícolas na Inglaterra – os seus pequenos rivais.
O aumento da temperatura também ajudou os produtores franceses, mas se a tendência continuar, isso pode representar uma ameaça. O Reino Unido é um dos maiores importadores de Champagne no mundo, mas hoje a demanda por espumantes locais está “pegando”.
Recentemente, tive a oportunidade de degustar um espumante inglês trazido por um primo, a quem recorri para essa experiência. Confesso que, em acordo com meus colegas confrades que compartilharam do momento, fui surpreendida, não somente com a novidade, mas com um vinho espumante muito bem elaborado, elegante e com uma riqueza de aromas muito interessante. Esse foi o Chapel Down English Rose Reserve Vintage, produzido na pequena vila de Tenterden em Kent. Talvez ainda longe das características marcantes de um grande Champagne, mas digno de reconhecimento no mapa vinícola mundial.
Chapel Down: www.englishwinesgroup.com
Nyetimber Estate: www.nyetimber.com
Ridgeview Estate: www.ridgeview.co.uk
Referência: The Wall Street Journal, 21 de maio de 2010, Gautam Naik.
O conceito surgiu no início da década de 90 na França, com Jean Luc Thunevin, em Saint-Émilion, região de Bordeaux. Thunevin resolveu fazer um vinho especial: o Château Valandraud, com 1,5 mil garrafas produzidas na sua garagem, com barricas novas e todo o cuidado dos grandes vinhos franceses. Inicialmente, o seu sonho foi criticado pelos especialistas no assunto. Mas o Château Valandraud era tão especial que Thunevin virou mito e fonte de inspiração para a nova geração de produtores de vinhos de alta qualidade.
O vinho de Garage ou Boutique tem como princípio uma produção limitada. Os produtores deste estilo de vinho acreditam que o segredo está na uva e no vinhedo. E não é preciso se fazer quase nada na vinificação se a uva for bem tratada. Evita-se manipulações, pesticidas ou aditivos, de forma que o vinho possa carregar consigo as peculiaridades da terra onde nasce, as características da variedade que o identifica e um pouco de cada um daqueles que participaram de sua concepção. A idéia aqui é oferecer ao consumidor a experiência única da expressão do terroir.
E foi buscando esse conceito que fizemos a seleção dos rótulos a serem degustados pelo grupo na confraria, conforme veremos a seguir:
SAVIGNY LES BEAUNE 2007
Domaine C & C Marechal, Borgonha, França
Uvas: 100% Pinot Noir
Produção: Produzido num pedaço de terra de apenas 1,6 hectares. Para a vinificação, somente leveduras naturais do terroir são usadas. A maceração dura mais de vinte dias. Fica em barris de carvalho por um período de 12 a 18 meses e é envelhecido na borra para encorajar a expressão de seus aromas.
Características: De coloração rubi com reflexos alaranjados, aromas elegantes de ameixa seca, baunilha, aroma de couro e mate e taninos aveludados. Degustado às cegas, foi facilmente identificado como um Borgonha. É um vinho delicado e fácil de beber. Intensidade aromática bastante sutil e pouco persistente.
Tempo de guarda: Está pronto pra beber.
Sobre o Produtor:
Criado em 1981 o Domaine cultiva 10 hectares de vinhas espalhadas por 6 comunas do famoso “Côte de Beaune”. Claude Maréchal, seu proprietário, é um talentoso produtor de vinhos que em seus quase 40 anos, seguiu os passos de seu mentor Henri Jayer (um dos últimos gênios do vinho). Em seu trabalho nenhum herbicida é utilizado, a colheita é manual e a poda é severa para manter a produção dos cachos de uva baixa. A vinificação é feita em tonéis abertos de madeira e a fermentação não é induzida pela adição de leveduras. Sua intenção é produzir “vins de plaisir”, que oferecem uma experiência agradável a todos.
TORMENTAS FULVIA GARAGEM 2009
Uvas: 100% Pinot Noir
Teor Alcoólico: 12,14% vol
Produção:
Teor Alcoólico: 12,14% vol
Produção:
Colheita manual em caixas de 15,5 Kg, desengace manual, com seleção visual de grãos, remontagem manual por pigeage (sem uso de bomba), transporte do mosto por gravidade, sem bombeamento de sólidos, adição de leveduras enológicas e baixo teor de sulfito.
Foram produzidas somente 990 garrafas.
Foram produzidas somente 990 garrafas.
Características: Apesar de ser um vinho jovem, apresenta uma coloração de vinho evoluído, bastante transparente e quase atijolado. Pudemos notar também a presença de pequenas bolhas, o que pode ser um indício da presença do fungo Brettanomyces, que em pequena quantidade não é considerado um defeito, mas pode influenciar nas características visuais e aromáticas do vinho. O que de fato aconteceu. O vinho apresentou um aroma intenso de caça, que quase chega a incomodar. Outros aromas como baunilha, cassis, figo e notas florais também foram identificados. De corpo leve, taninos aveludados e boa persistência, é uma proposta diferente.
Tempo de guarda: Está pronto pra beber.
Sobre o Produtor:
O Projeto Tormentas é um projeto de Marco Danielle, que tem como meta elaborar vinhos sérios, capazes de consolidar o vinho brasileiro no mundo com o respeito da comunidade internacional, confirmando o Brasil como mais uma nação produtora de vinhos de terroir, à altura do que de melhor se faz no mundo, sem contudo abrir mão de uma pureza de uma vinicultura radicalmente natural, rejeitando correções, aditivos químicos e manipulações, usando as melhores uvas como único ingrediente no objetivo de expressar terra e fruta com franca honestidade e o mínimo de intervenção.
SOLUNE ZINFANDEL 2006
Solune Winery, Sierra Foothils, Estados Unidos
Região: Sierra Foothills, Califórnia
Uvas: 100% Zinfandel
Produção: 1.000 caixas
Envelhecimento: 16 meses em barris de carvalho francês e americano.
Álcool: 15,2% GL.
Uvas: 100% Zinfandel
Produção: 1.000 caixas
Envelhecimento: 16 meses em barris de carvalho francês e americano.
Álcool: 15,2% GL.
Características: De coloração rubi, pouco transparente e brilho intenso. Possui boa intensidade aromática, expressando fruta em compota, anis, baunilha e melado. Em boca, bom corpo e taninos agradáveis, com notas de caramelo, pimenta e certo tostado. Degustado às cegas, não teve sua casta ou região identificados, e foi confundido por vinhos de região quente, como um Malbec Argentino ou um vinho Alentejano. O vinho provocou em um dos participantes do grupo uma lembrança interessante de infância, da calda de caramelo do pudim da avó.
Sobre o Produtor:
Refletindo as raízes francesas do viticultor de origem canadense Jacques Mercier, a denominação Solune é a somatória de soleil e lune, traduzindo os não poucos trunfos das uvas seletas que crescem na bela área de Sierra Foothills, onde se complementam o sol e a lua, como o brilho rico e a maciez sedosa que honram as incríveis caudalies que ele é capaz de ostentar.
EME 2007
Uvas: 100% Graciano
Grau alcoólico: 13,8%
Produção: 6.500 garrafas
Tempo de barrica:Fermentação em depósitos de aço inoxidável de 5.000Kg, com contínuos controles de temperatura (28ºC). Onze meses em barricas novas de carvalho francês, americano, romeno, húngaro, chinês e 4 meses em garrafa com contínuos controles.
Características: Coloração violácea escura bem fechada e negra, quase impenetrável, característica da variedade. Apresenta aromas intensos de cedro, com notas de tabaco, chocolate e ameixa. Possui boa intensidade aromática e persistência. Em boca, bom corpo, taninos agradáveis e ótima personalidade. Degustado às cegas, foi identificado como velho mundo e possivelmente um Rioja. Porém a casta não foi identificada. Teve a melhor aprovação pelo grupo.
Sobre o Produtor:
Os vinhedos próprios da família dão um caráter consistente ao vinho. Estão localizados em uma das mais prestigiadas regiões produtoras do mundo, Rioja Alavessa em Laguardia e Lapuebla de Labarca, a uma altitude de 430-580 metros acima do nível do mar.
O microclima único, altitude, latitude e solo, com uma temperatura anual média de 13ºC, e a cadeia de montanhas de Sierra Cantabria que protege os vinhedos dos ventos gelados do norte criam um terroir único para cada um dos vinhedos.
Seu peculiar sistema de cultivo os tem permitido desenvolver um sistema de controle e permitido elaborar vinhos de altíssima qualidade, descobrindo o potencial de cada um dos vinhedos.
E a noite de descobertas não acabou por aí. Para celebrar o início da confraria de amigos amantes vinho abrimos um espumante inglês, que não se classificaria como um vinho de garage, mas que foi, certamente, uma interessante novidade, já que a Inglaterra não possui expressão internacional na produção de vinhos. Mas esse é outro assunto que iremos discutir na próxima semana. Fique atento!
29/12/2010 por crisapx
“Eu bebo Champagne quando estou feliz e quando estou triste. Por vezes eu bebo quando estou sozinha. Mas quando tenho visitas é imprescindível. Eu beberico se não tenho fome e bebo, se tenho. Caso contrário, eu nunca bebo. A menos que tenha sede.”
Madame Lily Bollinger
Como já dizia Madame Lily Bollinger, da famosa Maison Bollinger, o Champagne ou o vinho espumante é uma bebida versátil, que combina com diversas ocasiões. Porém, no Brasil, é no fim do ano que as prateleiras se recheiam com essa bebida, símbolo da celebração. Isso pode muitas vezes gerar uma confusão na mente do consumidor na hora de escolher suas borbulhas. Champagne? Prosecco? Cava? Afinal, o que os diferencia?
Basicamente, as características que classificarão cada tipo de vinho espumante são: o método de elaboração, a região onde é produzido, as castas utilizadas e o teor de açúcar. Vamos conhecer um pouco mais sobre essas características:
Métodos de elaboração
Os métodos mais comuns para elaboração de espumantes partem de duas fermentações. A primeira, a fermentação alcoólica que transforma os açúcares do suco de uva em álcool e a segunda, que é a que propicia a formação das borbulhas. A segunda fermentação pode ocorrer de duas maneiras: pelo método tradicional (ou Champegnoise) ou pelo método Charmat.
No método Champegnoise, a segunda fermentação ocorre na garrafa, ou seja, o gás carbônico produzido é retido dentro da própria garrafa que chegará ao mercado. Sua produção é uma arte. Após a segunda fermentação, o subproduto da ação da levedura sobre o açúcar deposita-se no fundo a garrafa. As garrafas então são giradas regularmente para que o líquido esteja em contato com os sedimentos, influenciando em sua complexidade, até que a garrafa seja totalmente virada de cabeça para baixo e seus sedimentos se acumulem no gargalo. Esse processo é conhecido comoremuage. Ao final da maturação, o gargalo é congelado para retirada do depósito de sedimentos, ou borra, que é expulsa pelo gás sob pressão formado e a garrafa é arrolhada finalmente.
Já no método Charmat, a segunda fermentação é feita em grandes tanques de aço inoxidável, chamadas de autoclaves. O gás carbônico produzido nesses tanques é retido e o líquido é engarrafado sob pressão. Nesse método é mais fácil extrair os resíduos das leveduras.
Classificação quanto ao nível de açúcar
O vinho espumante é, em geral, seco, pois o açúcar existente no suco de uva é totalmente consumido pelas leveduras. Para ajustar o produto às diferentes preferências em relação ao grau de doçura, usa-se o licor de expedição – basicamente uma mistura de vinho, açúcar e agente clarificante – que é adicionado antes do engarrafamento (método Charmat) ou no momento da retirada dos resíduos das leveduras (método Champegnoise).
A quantidade de açúcar do espumante tem relação direta com seu sabor, gerando classificações que vão do Extra Brut ao Doce. De acordo com a legislação brasileira, as classificações são as seguintes:
Brut Nature É aquele sem adição de açúcar
Extra Brut 0g a 6g de açúcar por litro
Brut 6g a 15g de açúcar por litro
Sec / Seco 15g a 20g de açúcar por litro
Meio Seco/ Demi-Sec 20g a 60g de açúcar por litro
Doce mais de 60g de açúcar por litro
Espumantes ao redor do mundo
Alguns dos espumantes mais conhecidos são produzidos de acordo com determinadas especificações, tanto em relação à região em que são elaborados, quanto aos tipos de uvas utilizadas, recebendo denominações particulares.
Champagne
É o mais famoso dos espumantes. Frequentemente, o nome Champagne é utilizado de forma equivocada para referir-se a qualquer tipo de espumante. Mas na verdade, somente pode ser chamado de Champagne o vinho espumante produzido na região demarcada na França que leva o mesmo nome. Além disso, deve ser produzido pelo método Champegnoise e a partir das uvas tintas Pinot Noir e Pinor Meunier e da branca Chardonnay.
Dicas:
-Veuve Cliquot e Taittinger, para quem não conhece, vale conhecer. Podem ser encontradas em qualquer empório de vinhos ou loja especializada. Preço médio: R$180,00.
Crémant
São espumantes produzidos na França, em regiões como Borgonha, Limoux e Loire, entre outras, respeitando as especificações de cada uma das AOCs (Appellation d’Origine Controlée). Além disso, é feito pelo método tradicional.
Prosecco
Recebem esse nome os espumantes produzidos nas cidades de Connegliano ou Valdobbiadene (no Vêneto, Itália), elaborados pelo método Charmat e com a casta das uvas Prosecco. No entanto, vale ressaltar que a uva Prosecco tem dado excelentes resultados no terroir brasileiro e produzido espumantes de qualidade comparável aos italianos.
Dica:
-Prosecco Salton é um ótimo custo-benefício e pode ser encontrado em qualquer rede de supermercados. Preço médio: R$26,00.
Asti
Espumante meio-doce e com baixa graduação alcoólica (6 a 7%) elaborados com uvas Moscato na cidade de Asti, na Itália. É produzido através de uma variação do método Charmat, na qual a base é um mosto que passa por primeira e única fermentação em granes tanques.
Franciacorta
Produzido pelo método tradicional a partir de uvas cultivadas nas colinas de Brescia, na Lombardia, a partir de uvas Chardonnay, Pinot Blanc e Pinot Noir. É considerado um dos espumantes mais sérios produzidos na Itália.
Cava
Nome dado aos espumantes espanhóis, em sua maioria, produzidos pelo método Champegnoise na região da Catalunha, a partir das uvas Xarel-lo, Parellada, Macabeo e Chardonnay.
Dicas:
-Cordoniú ou Freixenet são as mais populares e fáceis de encontrar nos grandes mercados. Preço médio: R$60,00
Sekt
Nome dado aos espumantes alemães majoritariamente feitos pelo método Charmat. Podem ser produzidos a partir de uma variedade de uvas e até mesmo utilizando-se vinhos base vindos de fora da Alemanha, desde que o processo de segunda fermentação aconteça em território alemão. É curioso lembrar que a Alemanha é o país com maior consumo per capita de espumantes do mundo.
Contudo, é preciso deixar claro que nem tudo que borbulha é espumante. Nos espumantes verdadeiros, o gás carbônico deve provir da fermentação. Assim, vinhos gaseificados artificialmente, como os vinhos frisantes, cujo CO2 é injetado, não são classificados como espumantes. Um exemplo de vinho frisante é o famoso Lambrusco, que costuma agradar o paladar do brasileiro.
Agora que você já é um conhecedor das borbulhas, por que não seguir os conselhos da madame Bollinger e aproveitar cada momento para abrir uma garrafa e celebrar, simplesmente, à vida?
Referência: Almanaque do Vinho edição 3.
06/12/2010 por crisapx
Fechamento de cota, planejamento 2011, corre-corre, férias chegando, verão começando, 13º salário, lista de presentes e muitas outras atividades para cumprir nos próximos dias… O fim de ano está aí, e é dada a largada às compras e preparativos para as tão esperadas festas de Natal e ano novo.
No mundo dos vinhos o corre-corre não é diferente. Somente nos últimos dias foram três eventos com boas novidades e ótimos preços para quem já está fazendo seu estoque para as celebrações.
Dentre eles, a degustação de vinhos do Alentejo, promovida pela comissão vitivinícola Alentejana, com vinhos que já estão disponíveis no mercado e novos rótulos ainda sem representação. Foi um ótimo evento para encontrar o pessoal do meio e conhecer as novidades. Os vinhos do Alentejo têm se mostrado bastante alegres, com uma complexidade aromática interessante, certa leveza e taninos macios. Mostraram-se fáceis de beber e bons companheiros para o dia-a-dia. Alguns destaques foram:
-Monge Bruto, produzido pelo método champegnoise com a uva castelão. Aromas defumados e de frutas secas. Em boca, cítrico e refrescante. Preço: 80,00.
-Casal da Coelheira 2007, Touriga Nacional, Touriga Franca, Alicante Bouschet. Alentejo, Portugal.
-Vale D’Algares Guarda Rios 2009. Alentejo, Portugal. Fácil, refrescante, notas cítricas.
-Vale D’Algares Vale D’Algares Alvarinho. Aromas de lichia com fundo de caramelo. Em boca, notas cítricas e minerais. Alentejo, Portugal.
Alguns dias depois estive na degustação da Expand do Bar des Arts, com apresentação de novos rótulos trazidos pela importadora e promoções especiais para o fim de ano. A degustação estava dividida entre os seguintes países: Itália, com o produtor Firiato apresentando seus vinhos espumantes, rosés e tintos; Argentina, representado pela Mendel, um produtor estilo boutique com vinhos de excelente personalidade; Chile, com vinhos mais ligeiros, para o dia-a-dia; e Austrália, impressionando com os seus vinhos brancos de uvas nada tradicionais neste país. Alguns destaques foram:
-Mendel Malbec 2008, Mendoza, Argentina. Aromas de amoras. Em boca, corpo médio, frutado. Leve presença de taninos.
-Mendel Unus Malbec 2007, Mendoza, Argentina. 16 meses de barrica. Aromas de baunilha e chocolate. Em boca, bom corpo e taninos presentes. Excelente!
-Peter Lehmann Barossa Semillon 2005, Tanunda, Austrália. Aromas minerais, certo frescor e um fundo de mel. Em boca, corpo médio e boa acidez. Muito interessante.
E por fim, a feira de vinhos Abravinis, que reuniu diversos produtores e importadores com preços irresistíveis no Esporte Clube Pinheiros. Estavam presentes Salton, Casa Valduga, Dommo, Abflug, La Pastina, World Wine, MS Import, dentre outros. Alguns destaques foram:
-Casa Valduga Arte Brut. Preço
-Perez Cruz Limited Edition Syrah 2008, Vale de Maipo, Chile. 14,5%. Aromas de frutas negras e pimenta. Em boca, ótimo corpo, aveludado. Muito bom.
-Cinco Tierras Cabernet Sauvignon 2006.
-Sur de Los Andes Malbec 2006.
E para quem não teve a oportunidade de degustar e fazer as compras de fim de ano, os eventos não param por aí:
17/11/2010 por crisapx
Com mais de 200 mil garrafas de vinhos exportadas ao Brasil anualmente, produtores da região portuguesa do Tejo, antes conhecida como Ribatejo, vêm a São Paulo para apresentar seus rótulos em um evento exclusivo realizado pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo no dia 17 de novembro.
Produtores e representantes de nove vinícolas conduzem a degustação a partir das 16 horas, no Hotel Tivoli Mofarrej. São elas: Casal da Coelheira, Fiuza & Bright, Pinhal da Torre, Vale d’Algares, S.A. João Barbosa, Quinta de Vale de Fornos, Casal Branco, Casa Cadaval e Quinta do Casal Monteiro.
A visita dos produtores do Tejo comprova o aumento do consumo de seus vinhos em nosso mercado, impulsionado pela mudança de imagem que veio reforçar e uniformizar a identidade da marca com a alteração da Indicação Geográfica dos vinhos da região, em 2009, de Ribatejo para Tejo. A transformação foi complementada com a alteração da denominação de origem dos vinhos, consolidada em março deste ano, que passou de DOC Ribatejo para DOC Do Tejo. O nome, inclusive, está associado ao Rio Tejo, que com seus 1.009 quilômetros de extensão é um símbolo da região.
As expectativas da CVRTejo são positivas em relação ao Brasil: o objetivo a médio prazo é duplicar o volume de exportações. “Fora do perímetro da União Europeia, nosso maior consumidor, países como Brasil, Angola, China, Canadá, Suíça e Estados Unidos surgem como os principais importadores, já tendo adquirido cerca de 562 mil litros de vinho da região”, explica José Gaspar, Presidente da CVRTejo.
No Tejo são cultivados, atualmente, cerca de 20 mil hectares de vinhas. As castas brancas como as tradicionais Fernão Pires e Arinto representam 60% da produção e as castas tintas, como Castelão e Trincadeira, 40%. A produção total anual atinge 600 mil hls. e são certificados em torno de 85 mil hls, dos quais 80% são vinhos regionais e 20% são de Denominação de Origem Controlada.
A região do Tejo
A região produtora dos vinhos do Tejo é, em termos de terroir, composta por condições distintas, podendo ser dividia em três zonas. O Campo, situado às margens do Tejo com solos de aluvião e quase planos, é propício essencialmente a produções mais elevadas e a vinhos mais suaves; o Bairro, situado na margem direita do rio, com solos argilo-calcários ondulados por colinas suaves, é propício à produção de vinhos mais encorpados; e a Charneca, situada na margem esquerda do Tejo, com terrenos de textura mais franca e arenosa, originando, assim, vinhos de teor alcoólico mais elevado, mas suaves.
CVRT – Comissão Vitivinícola Regional do Tejo
Com o objetivo de valorizar o patrimônio vitivinícola da região, foi criada, em setembro de 1997, a Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo, com atividades que consistiam na promoção e divulgação da marca Ribatejo, além de garantir a certificação de qualidade dos vinhos do local.
A Denominação de Origem Controlada Ribatejo estava, assim, em condições de ser criada. Desta forma, os Vinhos de Qualidade Produzidos nas Regiões Determinadas de Almeirim, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Santarém e Tomar passaram a ter acesso à DOC Ribatejo em seus rótulos. Em 2006, com a definição de requisitos de ordem técnica e organizacional para as entidades certificadoras, a CVRR se alinhou aos novos requisitos legais e constituiu uma nova entidade. Em 2008 ela foi extinta e deu lugar à Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, que, na prática não difere da CVRR, mas representa a sua evolução.
11/11/2010 por crisapx
O segundo dia de Sonoma amanheceu nublado. Saí para uma corrida pelas ruas de Santa Rosa, apreciando o cenário das casas bem ao estilo filme americano, com seus gramados bem cuidados, jardins floridos, paredes bem pintadas, varandas espaçosas e muitas vezes, com brinquedos que foram deixados ali no dia anterior, e que ninguém se preocupou em guardar. As ruas vazias em um domingo pela manhã transparecem uma vida tranqüila, até mesmo bucólica levada pela população dali. Dá até vontade de ficar umas horinhas a mais na cama. Mas a agenda do dia já estava cheia, então tomei a estrada e segui para o Russian River Valley, onde comecei o dia de visitações.
A primeira vinícola visitada foi a Iron Horse. Famosa pela produção de seus vinhos espumantes e especialmente, por serem o fornecedor de espumantes da Casa Branca. A área de degustação é externa, com uma vista bem bonita dos vinhedos. A vinícola já estava em época de colheita e foi possível ver as uvas chegando, passando pela desengaçadeira e mesa de seleção de frutas. Mas o melhor de tudo foi sentir o aroma do suco da uva começando a fermentar. Adoro!
Então dei início à degustação dos espumantes da casa, dos mais básicos aos mais elaborados. Alguns destaques abaixo:
Iron Horse Fairy Tale Cuvée 2006, Russian River, Sonoma
Aromas e sabores defumados com toques florais. Longa persistência em boca.
Esse espumante foi produzido exclusivamente para a Disney e a partir de uvas Pinot Noir.
Iron Horse Brut LD 2002, Russian River, Sonoma
Aromas de damasco e figo e um fundo de leveduras e pão. Vinho de degorgement tardio, é feito a partir das uvas Pinot Noir e Chardonnay. Muito bom.
Iron Horse Joy! 1996, Russian River, Sonoma
Aromas de leveduras e funghi seco. Longa persistência e ótima complexidade. Excelente.
Apesar de impressionarem bastante, foi difícil não comparar com o que temos aqui, já que o espumante, em minha opinião, é o ponto forte do Brasil. Levaria sim uma ou duas garrafas de espumantes de lá, mas o preço deles é muito superior às boas alternativas que temos no nosso mercado. É inevitável comparar, inclusive num país onde se vende Champagne mais barato que na França. Foi interessante conhecer e saber que eles fazem bem. Agora é torcer para os preços abaixarem, para que o produto seja mais competitivo e apareça em outros mercados.
Saindo de lá, segui para a Kendall Jackson’s, uma das grandes vinícolas de Sonoma. Sua sede assemelha-se a um chateau francês, antigo, mas bem conservado, com jardim florido e uma estátua do pequeno Bacco. Preparada para uma degustação cortesia para profissionais da área, acabei me surpreendendo com uma proposta de harmonização de pratos com os vinhos da casa. Achei a vinícola muito preparada para receber visitantes, além de ser uma das poucas que não exige agendamento prévio. A harmonização incluía um material explicativo sobre todos os vinhos a serem degustados com espaço para o visitante fazer as suas notas. Alguns destaques da casa foram:
Kendall Jackson’s Highland Estates Camelot Chardonnay 2007, Sonoma
Notas tostadas, açúcar queimado, mel e caramel. Em boca, toques de mel, boa persistência e médio corpo. Muito bom.
Kendall Jackson’s Late Harvest Chardonnay 2006, Sonoma
Aromas de limão e mel. Em boca, uma suave doçura, toques de mel e boa acidez. Muito bom.
O tempo se abria, compondo uma linda tarde de sol e céu azul. Parti para a Kenwood, uma das grandes também. Suas videiras estavam carregadas de fruta madura, eles ainda não tinham iniciado a colheita. A sede parece um grande galpão de madeira e lá dentro, uma lojinha e balcão de degustação. Em geral, achei os vinhos ligeiros, mais para o dia-a-dia e com preços bons. Senti falta de uma equipe mais preparada para falar sobre os vinhos servidos. Ali, o que mais me chamou a atenção foi o Zinfandel, que até então não havia provado nenhum que se destacasse.
Kenwood Reserve Chardonnay 2009, Sonoma
Aromas de pêssego maduro, mel e um fundo de caramelo. Em boca, cítrico com notas tostadas. Muito bom. Preço na vinícola: $20,00
Kenwood Jack London Zinfandel 2008, Sonoma
Aromas herbáceos, de mate e frutas negras. Em boca, notas de groselha. Muito bom.
O fim de tarde se aproximava e ainda tinha mais uma visita agendada, na vinícola Gundlach Bundschu, que foi uma experiência muito boa. A vinícola foi fundada em 1858 e é uma das mais antigas vinícolas familiares da Califórnia. Depois de muitos anos produzindo e vendendo uvas, perceberam que a qualidade de suas uvas era muito boa e a partir de 1969 começaram a produzir seus próprios vinhos. Hoje a vinícola produz quase 30.000 cases por ano. E com uma qualidade impressionante. Fui muito bem atendida pela Linda, atenciosa e prestativa, que dirigiu a degustação e tirou dúvidas sobre os vinhos apresentados. Alguns destaques:
Gundlach Bundschu Chardonnay 2008, Sonoma
Aromas de baunilha com notas de mel e limão. Em boca, toques de caramelo, boa acidez e corpo. Excelente. .
Gundlach Bundschu Zinfandel 2008, Sonoma
Aromas de cerejas maduras e ameixa com notas de pimenta. Em boca, taninos aveludados e médio corpo. Muito bom.
Uma volta pela cidade de Sonoma encerrou o dia. Há uma praça principal no centrinho, cercada por lojinhas, restaurantes e um empório onde se pode degustar e comprar queijos e vinhos da região, muito interessante. Além disso, neste empório pude experimentar um sorvete de abóbora surpreendente. Lembrando que outubro é o mês da bruxas e o mês das abóboras. Por fim, almocei em um restaurante italiano com um cardápio bastante variado e com propostas de dar água na boca. Comi um coelho delicioso e ainda fui surpreendida com uma taça de Pinot Noir cortesia da vinícola do dono do restaurante. A harmonização casou muito bem. E o dia foi realmente uma boa experiência.
Acompanhe nos próximos posts as descobertas no Vale de Napa.
31/10/2010 por crisapx
A 62 km ao norte da famosa Golden Gate, em São Francisco, está o charmoso condado de Sonoma. Foi ali que se plantaram as primeiras vinhas européias da Califórnia, no século XIX. A região é muito maior do que a vizinha Napa e abrange uma variedade mais ampla de áreas de cultivo.
Beirando a costa do Pacífico e ao mesmo tempo protegida por uma cadeia montanhosa, Sonoma sofre influência dos ventos frios que sopram do Pacífico pela Baía de San Pablo ao sul da região e das aberturas nas cadeias montanhosas, que favorecem a formação de uma característica neblina. Assim, na região sul que sofre maior influência dessas neblinas produz-se variedades de clima frio, que dão vinhos mais leves e delicados. Enquanto que nas regiões mais ao norte, o vinho é típico de clima quente, mais robusto.
As principais regiões produtoras são Russian River, Dry Creek e Alexander Valley. Russian River, mais ao sul, é a região mais fria em conseqüência de uma falha na cordilheira e da influência do rio Russian, que corre pela região até alcançar o Pacífico. A região produz excelentes Chardonnay e Pinot Noir. O vale de Alexander, mais ao norte, é mais quente e tem originado, além de bons Cabernet Sauvignon, outras variedades como a Syrah, Grenache e Sangiovese. Fazendo divisa com o vale de Alexander, a oeste, fica o Dry Creek valley, quente e seco, próprio para Cabernet Sauvignon e Zinfandel.
Minha chegada à região na manhã de 02 de outubro foi marcada pela característica neblina de verão. Aqui começava minha jornada pelos vinhedos da Califórnia. Uma parada no Visitor Center de Santa Rosa me ajudou com mapas dos roteiros vinícolas, informações sobre horários de visitação, degustações, indicações de lugares para comer, etc. Com o dia já pré-agendado, o que é muito importante se você quer visitar as vinícolas mais badaladas, comecei com uma visita a Simi Winery, onde fui recebida pela Nadine, que nos guiou pelas caves, vinhedos e sala de degustação.
SIMI WINERY
A SIMI é uma das vinícolas mais antigas da região. Fundada em 1848 por Giuseppe Simi, um italiano vindo da Toscana, que desenvolveu o negócio familiar até que fosse comprado pelo Grupo Constellation Brands, detentor de grandes marcas de bebidas pelo mundo. A vinícola produz 150.000 cases de vinho por ano e seu maior consumo se dá nos próprios Estados Unidos.
Segui para a degustação onde puder provar uma série de vinhos da casa. Sauvignon Blanc, Chardonnay, Zinfandel, Cabernet Sauvignon e até um Riesling Late Harvest. Aqui já pude perceber um destaque da região: a Chardonnay. Foi interessante provar e fazer o comparativo de uma Chardonnay do vale de Alexander e na seqüência, um Chardonnay de Russian River. É notável a diferença de corpo, acidez e frescor de uma região mais fria para outra mais quente.
Destaques:
SIMI Chardonnay 2007, Alexander Valley, Sonoma
13 meses de barrica francesa. 14,5%
Aromas de mel, manteiga, caramelo tostado e um fundo de peras. Em boca, muito caramelo. Média persistência. Bem interessante. Preço na vinícola: $30,00.
SIMI Chardonnay 2007, Russian River, Sonoma
13 meses de barrica francesa. 14,5%
Aromas de mel, manteiga e certo floral. Em boca, untuoso e cítrico. Boa personalidade. Muito bom. 90 pts. WE. Preço na vinícola: $30,00.
SIMI Zinfandel 2008, Dry Creek Valley, Sonoma
8 meses em carvalho francês e americano.
Aromas frutados, cerejas e um toque de pimenta. Muita fruta em boca. Corpo médio e média persistência. Muito bom.
J VINEYARDS
Segui então para a próxima experiência, uma harmonização no famoso Bubble Room da J Vineyards. A J é uma vinícola mais jovem, fundada em 1986 por Judy Jordan. No princípio, era especializada em vinhos espumantes, mas logo percebeu que seu terroir era muito bom para a produção de varietais de clima frio, como a Chardonnay e Pinot Noir, que hoje são também destaques da vinícola.
Fui recebida pela Courtney, sommelière da casa e responsável pela organização de uma incrível experiência enogastronômica. Sentei em um sofá aconchegante, na companhia de um casal americano muito simpático e logo demos início à seqüência de harmonizações.
Destaques:
J Vineyards Chardonnay 2007, Russian River Valley
Estágio de 10 meses em barrica.
Aromas de manteiga, baunilha e amêndoas torradas, com um toque de limão. Boa complexidade em boca – cítrico e untuoso. Acidez equilibrada. Excelente.
Harmonizado com peixe da região.
Aromas de cerejas com toque de canela. Boa persistência. Bom. Preço na Harmonizado com hambúrguer de cordeiro com molho de queijo.
Nicole’s Vineyard Pinot Noir 2006, Russian River Valley
Aromas intensos de ameixas e frutas negras maduras e um toque de canela. Em boca, frutado e taninos aveludados. Excelente. Preço na vinícola: .
Harmonizado com tiras de filé de carne.
Back Door Vineyard, Pinottage 2007, Russian River
Aromas de cassis e groselha. Em boca, muita groselha. Corpo leve e média persistência. Muito bom.
J Vintage Brut Late Degorgement 1999, Russian River
Aromas de funghi secchi, damasco e notas cítricas. Em boca, bom corpo e toques de caramelo. Excelente.
A visita a J foi realmente uma experiência e tanto. Não apenas pela cordialidade da equipe, pela beleza da vinícola e de sua sede, ou pela qualidade dos vinhos, onde se percebe o carinho e dedicação com que são feitos, mas por todo ambiente criado para uma harmonização e por todo pensamento dado às combinações de pratos com seus vinhos para uma inesquecível experiência sensorial.
JORDAN VINEYARDS
A próxima visita foi na vinícola Jordan, da mesma família da J. Fundada em 1972, a vinícola construiu seu nome com seus Chardonnay e Cabernet Sauvignon, de qualidade reconhecida internacionalmente. A Jordan produz hoje uma média de 90.000 cases por ano.
Nossa hostess nos levou a uma visita às caves, construídas a base de um sistema de proteção contra terremotos e depois, a uma degustação harmonizada com queijos da região.
Destaques:
Jordan Chardonnay 2008, Russian River, Sonoma
4 meses em barrica.
Aromas de maracujá com notas mineirais. Leveza e refrescância. Muito agradável.
Jordan Cabernet Sauvignon 2003, Sonoma
12 meses em carvalho francês e americano. 13,5%.
Aromas de amoras e frutas negras maduras. Em boca, ótimo corpo com toques de especiarias e pimenta. Muito bom. Preço na vinícola:
Jordan Cabernet Sauvignon 2006, Sonoma
12 meses em carvalho francês e americano. 13,5%.
Aromas de cerejas e franboesas. Em boca, bastante frutados, taninos um pouco agressivos. Pode esperar. Muito bom. Preço na vinícola
A impressão que ficou do primeiro dia de visitação às vinícolas em Sonoma foi que os americanos estão muito bem preparados para receber turistas. O que achei que foi realmente um diferencial e que, em outras viagens a regiões vinícolas em que estive praticamente não vi foi a importância que eles dão à combinação de seus vinhos com a comida.
Analisando o mercado americano como um todo, o que eu entendo é que eles têm uma visão interessante de marketing e buscam vender são somente um produto ou um produto bom, mas criar uma experiência. É a indústria americana do turismo e do entretenimento que consegue atrair um grande público de todos os cantos do país. Crítica ou elogio? Entenda como quiser. O que importa é que eles estão vendendo bem.
20/10/2010 por crisapx
Aos meus leitores, minhas desculpas pela ausência nas últimas semanas. Saí de férias em viagem a Califórnia, nos Estados Unidos, e retornei com inúmeras histórias e experiências para compartilhar. Com tanta informação e conhecimento fervilhando em minha mente, pingarei a cada semana um pouco do que vi, conheci e experimentei na deslumbrante Califórnia.
Pouco ouvimos falar dos vinhos americanos aqui no Brasil. Os mais curiosos, que freqüentam eventos da área sim já devem ter experimentado. Mas a maior fama desses vinhos vem da repercussão da famosa degustação de Paris em 1976, evento que premiou às cegas vinhos americanos sobre os famosos Grand Cru franceses. Ou, quem sabe, pelo filme Sideways, que promoveu, em 2004, a Pinot Noir californiana mundo afora.
Além disso, é de lá que vem nomes importantes como Robert Mondavi, empresário que fundou uma das maiores produtoras do país, que fez história e gerou polêmica no velho mundo; e Robert Parker, crítico de vinho que virou referência mundial – sendo também um marco na história do vinho.
Os Estados Unidos são hoje o quarto maior produtor de vinhos do mundo, ficando atrás apenas da Espanha, Itália e França. Mas se eles produzem tanto vinho assim, para onde vão que a gente não acha? Apesar do volume total considerável de vinho produzido, há um consumo interno bastante representativo, que gira em torno de 10L per capita. É curioso observar que, da mesma forma como acontece nos países que possuem grande tradição, quando buscamos pela seção de vinhos num mercado ou mesmo num Liquor Store nos Estados Unidos, o que se vê, basicamente, é o vinho americano. E alguma coisa de França e Itália lá nos fundos da loja. Assim, fica fácil entender porque esses vinhos dificilmente chegam até nós.
A história do vinho americano é longa e cheia de sobressaltos. Teve início com a colonização no século XVI. Quando os ingleses chegaram aos Estados Unidos ficaram bem impressionados com a quantidade de uvas que já se plantava naquelas terras (eram mais de 12 espécies). Imaginou-se que o vinho seria uma das boas coisas do novo mundo, mas as uvas ali cultivadas, quando vinificadas, tinham sabor esquisito. E as diversas tentativas de se plantar videiras européias em solo americano foram por um longo tempo em vão, até que se descobrisse porque elas não vingavam naquelas terras – a presença de uma praga que viria, tempos depois, avassalar as videiras de todo o velho mundo: a phyloxera.
Mas as dificuldades não pararam por aí. Veio a peste negra, a guerra civil e por fim, a Lei Seca, que proibiu a venda e o consumo de qualquer bebida alcoólica de 1918 a 1933. E assim, os Estados Unidos descobriram o vinho caseiro, e sua produção ilegal espalhou-se por diversas regiões no país.
Apesar de todas as barreiras, a produção vinícola floresceu e tem dado bons frutos, com destaque para Califórnia, Oregon e Washington na costa oeste e Nova Iorque, Pensilvânia e Virginia na costa leste.
Hoje o país é bastante preparado para o enoturismo, especialmente nas regiões de Napa e Sonoma – as estrelas da Califórnia. Visitas guiadas, degustações de diversos rótulos (de lançamentos aos library wines), harmonizações, áreas de picnic com paisagens deslumbrantes para os vinhedos e um serviço exemplar. Para quem ainda não conheceu e deseja fazer a experiência, acompanhe as novidades nos próximos posts com os pareceres e as dicas de cada uma das regiões. E viaje comigo nas descobertas do mundo vinícola. Tim-tim!
Referências: The World Atlas of Wine; Robinson, Jancis and Johnson, Hugh.
17/09/2010 por crisapx
Na matéria de capa da edição de outubro da Wine Spectator, podemos conferir os 200 rótulos de 15 países pelo mundo considerados como os melhores custo-benefício.
O que podemos perceber é que cada vez mais se produz excelentes vinhos a preços justos, o que torna o vinho uma bebida mais acessível e é um incentivo para o aumento de seu consumo.
Confira abaixo alguns destes rótulos e aproveite para abastecer a sua adega:
TINTOS
ARGENTINA
89 Kaiken Malbec Mendoza 2009
89 Bodega Norton Malbec Mendoza Barrel Select 2007
89 TriVento Amado Sur Mendoza 2008
88 Bodegas y Viñedos O. Fournier Malbec Uco Valley Urban 2009
87 Altos Las Hormigas Malbec Mendoza 2009
87 Bodega Elvira Calle Malbec Mendoza Alberti 154 2009
86 Valentín Bianchi Malbec Mendoza Sensual 2009
86 Fincas Patagonicas Malbec Mendoza Zolo 2009
85 Bodega Silvestre Hinojosa & Hijos 2 Copas Mendoza 2009
AUSTRALIA
89 Paringa Shiraz South Australia 2008
89 Razor’s Edge Cabernet Sauvignon McLaren Vale 2008
89 Four Sisters Shiraz Central Victoria 2008
89 Inkberry Shiraz-Cabernet Central Ranges Mountain Estate 2008
88 Wolf Blass Cabernet Sauvignon South Australia Yellow Label 2008
88 St. Hallett Gamekeeper’s Red Barossa 2008
88 2 Up Shiraz South Australia 2008
87 St. Kilda Shiraz South Eastern Australia 2008
87 R Wines Shiraz South Australia Strong Arms 2008
87 Red Heads Studio Yard Dog Red South Eastern Australia 2008
87 Rosemount Shiraz South Eastern Australia Diamond Label 2008
87 Yalumba Cabernet Sauvignon South Australia The Y Series 2008
87 First Drop The Red One South Australia 2009
85 Lindemans Cabernet Sauvignon South Eastern Australia Bin 45 2008
CALIFORNIA
88 Pedroncelli Zinfandel Dry Creek Valley Mother Clone 2008
87 Bogle Pinot Noir Russian River Valley 2007
87 Kenwood Zinfandel Sonoma County 2007
86 Red Rock Malbec California Reserve 2008
86 Montevina Zinfandel Amador County 2006
85 Line 39 Cabernet Sauvignon Lake County 20007
CHILE
90 Viña Maipo Cabernet Sauvignon-Syrah Maule Valley Gran Devoción 2007
90 De Martino Syrah Choapa Valley Legado Reserva 2007
86 Viu Manent Malbec Colchagua Valley 2008
86 Viñedos Emiliana Carmenère Central Valley Natura 2009
FRANCE
90 Cave de Rasteau Côtes du Rhône-Villages Rasteau La Domelière 2009
88 Domaine de la Présidente Côtes du Rhône Grands Classiques 2009
88 Cave de Rasteau Côtes du Rhône Ortas Les Viguiers 2009
87 Tresch Coteaux du Languedoc Château de Fourques 2007
87 Vignerons de Caractère Vin de Pays Portes de Méditerranée Petit Caprice 2009 $10
87 Maison Badet Clément Corbières Château Lamy 2008
87 Cave des Vignerons de Saumur Saumur Réserve des Vignerons 2009
86 Raoul Clerget Côtes du Rhône Pont du Rhône Terroirs 2007
86 Delas Côtes du Ventoux 2008
86 La Vieille Ferme Ventoux 2009
86 Vignerons de Caractère Vin de Pays de Méditerranée Culture Sud 2009
85 Domaine de Couron Côtes du Rhône 2009
ITALY
88 Villa Pillo Toscana Borgoforte 2008
88 Piccini Chianti Classico 2008
87 Castello Banfi Toscana Centine Red 2009
86 Piccini Chianti 2009
85 Melini Chianti Borghi d’Elsa 2008
85 Melini Chianti Borghi d’Elsa 2008
PORTUGAL
87 Casa Agrícola Alexandre Relvas Alentejo Ciconia 2009
87 Caves Aliança Dão Particular 2007
86 Real Companhia Velha Douro Porca de Murça 2008
86 Real Companhia Velha Douro Porca de Murça 2008
WASHINGTON
89 The Magnificent Wine Company House Wine Red Columbia Valley 2007
89 Waterbrook Merlot-Cabernet Columbia Valley 2007
88 Castle Rock Syrah Columbia Valley 2007
87 Snoqualmie Syrah Columbia Valley 2007
87 Columbia Crest Merlot Columbia Valley Grand Estates 2007
87 Castle Rock Cabernet Sauvignon Columbia Valley 2007 $
86 Hogue Columbia Valley 2007
OTHER
88 Simonsig Pinotage Stellenbosch 2007
87 Kavaklidere Öküzgözü d’Elazig Turkey Yakut 2008
87 Constantin Gofas Agiorgitiko Nemea Mythic River 2008
86 Achaia Clauss Nemea 2006
BRANCOS
AUSTRALIA
89 St. Kilda Chardonnay South Eastern Australia 2009
89 Angove’s Viognier South Australia Nine Vines 2009
87 Oxford Landing Chardonnay South Australia 2009
87 Yellow Tail Pinot Grigio South Eastern Australia 2009
87 d’Arenberg The Stump Jump White McLaren Vale-Adelaide Hills 2009
87 First Drop The White One South Australia 2009
87 Frisk Prickly Victoria 2009
87 Yalumba Viognier South Australia The Y Series 2009
86 Yellow Tail Riesling South Eastern Australia 2009
85 Banrock Station Chardonnay South Eastern Australia 2009
85 Jacob’s Creek Chardonnay South Eastern Australia 2009
85 Yellow Tail Sauvignon Blanc Australia-New Zealand NV
CALIFORNIA
88 Sterling Chardonnay Napa Valley 2008
87 Lucky Star Chardonnay California 2008
87 Big House White California 2008
87 Pomelo Sauvignon Blanc California 2009
87 Dancing Bull Chardonnay California Vintage Blend 2008
86 Fetzer Pinot Grigio California Valley Oaks 2008
86 Parducci Sustainable White Mendocino County 2008
85 Beaulieu Vineyard Sauvignon Blanc California Coastal Estates 2009
CHILE
90 De Martino Chardonnay Limarí Valley Legado Reserva 2008
88 Viña Cono Sur Chardonnay Casablanca Valley 2008
88 Veramonte Chardonnay Casablanca Valley Reserva 2008
88 Viña Maipo Sauvignon Blanc Casablanca Valley Gran Devoción 2009
88 Viña Maipo Sauvignon Blanc Casablanca Valley Gran Devoción 2009
85 Viña Santa Rita Chardonnay Central Valley 120 2009
FRANCE
89 Cave des Vignerons de Saumur Saumur White Réserve des Vignerons 2009
89 E. Guigal Côtes du Rhône White 2008
88 Jeanjean Vin de Pays d’Oc Naked Earth White 2008
88 HobNob Chardonnay Vin de Pays d’Oc 2007
87 Paul Jaboulet Aîné Côtes du Rhône White Parallèle 45 2009
86 J. & F. Lurton Chardonnay-Gros Manseng Vin de Pays des Côtes de Gascogne 2009
86 Mas de Daumas Gassac Vin de Pays de l’Hérault White Guilhem Moulin de Gassac 2008
86 La Vieille Ferme Côtes du Lubéron White 200
85 J. & F. Lurton Gros Manseng-Sauvignon Vin de Pays des Côtes de Gascogne 2009
ITALY
90 Vesevo Falanghina Beneventano 2008
88 Cantina Girlan Pinot Grigio Delle Venezie Filadonna 2008
87 Argiolas Vermentino di Sardegna Costamolino 2008
87 Tommasi Lugana Il Sestante Vigneto San Martino 2008
85 Castello Banfi Toscana Centine White 2009
NEW ZEALAND
90 Kono Sauvignon Blanc Marlborough 2009
89 Brancott Sauvignon Blanc Marlborough 2009
88 Chimney Creek Sauvignon Blanc Marlborough 2009
PORTUGAL
88 Terras de Alter Alentejo Fado White 2009
87 Quinta das Arcas Vinho Verde Arca Nova 2009
86 Aveleda Vinho Verde Casal Garcia NV
86 Casal Branco Tejo Quinta White 20
SOUTH AFRICA
88 Simonsig Chenin Blanc Stellenbosch 2009
88 Neil Ellis Sauvignon Blanc Western Cape Sincerely 2009
86 Valley Vineyards Chenin Blanc Swartland The Royal Old Vines 2009
WASHINGTON
89 Chateau Ste. Michelle Riesling Columbia Valley 2009
89 Pacific Rim Riesling Columbia Valley Sweet 2009
88 The Magnificent Wine Company House Wine White Columbia Valley 2008
87 Snoqualmie Sauvignon Blanc Columbia Valley 2008
86 Chateau Ste. Michelle Riesling Columbia Valley Harvest Select 2009
OTHER
89 Nik. Weis Selection Riesling QbA Mosel Urban 2008
88 Cave Spring Riesling Niagara Peninsula 2008
88 Nasiakos Moschofilero Mantinia 2009
88 Standing Stone Riesling Finger Lakes 2009
87 Cooper Mountain Pinot Gris Willamette Valley Cooper Hill 2009
87 Acrobat Pinot Gris Oregon 2009
87 Meinhard Forstreiter Grüner Veltliner Qualitätswein Trocken Niederösterreich Grooner 2009
87 Alamos Torrontés Salta 2009
87 Château des Charmes Riesling Niagara-On-The-Lake 2008
86 Skouras Roditis-Moscofilero Péloponnèse 2009
85 Wimmer Grüner Veltliner Qualitätswein Niederösterreich 2009 (1L)
30/08/2010 por crisapx
“O ano em que as uvas viníferas são colhidas é conhecido como safra. Quase todos os vinhos apresentam o ano da safra, mas há exceções: vinhos que não dependem da safra, como a maioria dos Champagnes, dos vinhos do Porto e outros vinhos fortificados, são produzidos com uma mistura de uvas colhidas em dois ou mais anos para garantir sua consistência de ano para ano.
O gosto, a textura, a complexidade e a qualidade em geral de um vinho podem variar de ano a ano, dependendo do clima, da época de colheita das uvas, e assim por diante. Essas variações são marcantes em regiões vinhateiras onde o clima é irregular, como a Borgonha e Bordeaux, na França, a Alemanha, o Piemonte, no norte da Itália, e a Nova Zelândia. Contudo, em áreas quentes e ensolaradas como o sul da Itália, a Califórnia, grande parte da Austrália, África do Sul e Espanha, a consistência se conserva melhor de ano para ano e as datas das safras se tornam indicadores de qualidade menos importantes.
Não obstante, mesmo regiões com clima normalmente quente e estável são sujeitas ao mal tempo durante a época da colheita, e regiões quentes produzem, ocasionalmente, uma má safra.
Não há mais muita dúvida de que as regiões vinhateiras parecem estar ficando mais quentes, especialmente na Europa. Cientistas da Universidade de Bordeaux mapearam as datas anuais de floração das vinhas e descobriram que ela está ocorrendo, em média, uns 10 dias mais cedo do que há apenas dez anos. Isso significa que a vinha floresce mais cedo, amadurece mais cedo e promete uma safra precoce; e quanto mais cedo a vinha amadurecer, maiores são as chances de se realizar a colheita com tempo bom. Portanto, embora o aquecimento global não elimine as variações entre as safras, parece que realmente contribui para o aumento geral da qualidade da maioria das safras.
Outro fator que parece estar diminuindo a importância das safras é o uso de colheitadeiras mecânicas. Tais máquinas permitem que as uvas sejam recolhidas com mais rapidez (especialmente com mau tempo), embora muitos produtores de vinhos de alta qualidade não as vejam com bons olhos.
Embora pareça exagero, os vinhateiros gostam de dizer que não existem mais safras ruins; a verdade é que safras de péssima qualidade, como foi a de Bordeaux em 1972, são provavelmente coisa do passado.
Vinhos bons de área onde o clima pode mudar dramaticamente de um ano para outro (principalmente na Europa) apresentarão variações em profundidade e personalidade dependendo da safra, ou seja, a data da safra deve ser considerada. Ao escolher vinhos menos caros, contudo, o ano não será necessariamente um fator tão importante na sua decisão, pois as diferenças entre safras não serão tão significativas.
As tabelas de safras o ajudarão a escolher entre vinhos de datas diferentes, mas os critérios de definição dos melhores vinhos podem ser pessoais e não combinar com o seu gosto. E mais, ao comprar vinhos mais velhos, você poderá fazer bons negócios ao escolher safras que não foram tão valorizadas, como a de Bordeaux 1981, que foi totalmente obliterada pela resplandecente safra de 1982.”
Deixo a minha dúvida: em meio a uma quantidade tão abundante de rótulos, regiões e variedades viníferas, você habitualmente considera a safra antes de selecionar uma garrafa?
Fonte: Le Cordon Bleu, Vinhos.
22/08/2010 por crisapx
O maior evento da agenda da importadora será realizado nos dias 24 e 25 de agosto, com grandes rótulos e a presença de diversos produtores
A Grand Cru promoverá nos dias 24 e 25 de agosto, na Casa da Fazenda do Morumbi, a terceira edição do esperado Grand Tasting, um dos mais importantes eventos da agenda de degustações promovidos pela importadora. Na ocasião, os participantes poderão degustar as principais novidades do catálogo 2010 e também o que há de melhor no portfólio da importadora, detentora da maior carta de Bordeaux do país. Serão dezenas de rótulos disponíveis para degustação, espalhados em plataformas temáticas. O investimento é de R$ 180 por pessoa, com direito a degustar todos os rótulos do Grand Tasting. Para as degustações paralelas e a vertical de Cobos haverá um acréscimo no valor do ingresso.
Serão dois dias de degustações: o primeiro para jornalistas e profissionais da área convidados pela Grand Cru, que terão ainda a sua disposição um serviço de traslado exclusivo de ida e volta. O segundo será para os clientes e terá ainda degustações extras e uma vertical de Cobos.
A feira será divida em diversas estações temáticas, separadas por uvas e regiões. Haverá também diversas estações com produtores representados exclusivamente pela Grand Cru no Brasil. Os visitantes poderão degustar o que há de melhor relativo a cada um dos temas, com rótulos altamente pontuados pelos mais importantes nomes e publicações do mercado mundial de vinhos.
A estimativa da importadora é que cerca de 400 pessoas visitem o evento.
Estações:
1 – Champagne e Espumantes
2 – Brancos do Novo Mundo
3 – Brancos do Velho Mundo
4 – Pinot Noir no Mundo
5 – 95+ (por Robert Parker)
6 – Grandes Ícones Du Rhône
7 – Argentina – A terra do Malbec
8 – Supertoscanos – Os vinhos fora da lei
9 – Grandes Achados pelo Mundo
10 – A perfeição do Assemblage
11 – 2005 – A Grande Safra de Bordeaux
12 – Vertical de Casa Real
Degustações Paralelas:
- Vertical de COBOS: R$ 300 (Grand Tasting incluso)
Safras: 1999, 2000, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007
- Os grandes Merlot do Mundo: R$ 590 (Grand Tasting incluso)
Petrus 2004, Massetto 2006, La Mondotte 2005, La Fleur de Gay 2005, Intruzo ( Giramonte ) 2006
Wine Weekend agita o Jockey Club de São Paulo
Serão dois dias de degustações: o primeiro para jornalistas e profissionais da área convidados pela Grand Cru, que terão ainda a sua disposição um serviço de traslado exclusivo de ida e volta. O segundo será para os clientes e terá ainda degustações extras e uma vertical de Cobos.
A feira será divida em diversas estações temáticas, separadas por uvas e regiões. Haverá também diversas estações com produtores representados exclusivamente pela Grand Cru no Brasil. Os visitantes poderão degustar o que há de melhor relativo a cada um dos temas, com rótulos altamente pontuados pelos mais importantes nomes e publicações do mercado mundial de vinhos.
A estimativa da importadora é que cerca de 400 pessoas visitem o evento.
Estações:
1 – Champagne e Espumantes
2 – Brancos do Novo Mundo
3 – Brancos do Velho Mundo
4 – Pinot Noir no Mundo
5 – 95+ (por Robert Parker)
6 – Grandes Ícones Du Rhône
7 – Argentina – A terra do Malbec
8 – Supertoscanos – Os vinhos fora da lei
9 – Grandes Achados pelo Mundo
10 – A perfeição do Assemblage
11 – 2005 – A Grande Safra de Bordeaux
12 – Vertical de Casa Real
Degustações Paralelas:
- Vertical de COBOS: R$ 300 (Grand Tasting incluso)
Safras: 1999, 2000, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007
- Os grandes Merlot do Mundo: R$ 590 (Grand Tasting incluso)
Petrus 2004, Massetto 2006, La Mondotte 2005, La Fleur de Gay 2005, Intruzo ( Giramonte ) 2006
Wine Weekend agita o Jockey Club de São Paulo
16/08/2010 por crisapx
Edição 2010 acontece entre os dias 19 e 22 de agosto
A M&P Eventos promoverá, entre os dias 19 e 22 de agosto 2010, o Wine Weekend, o maior e mais importante festival de vinhos voltado para o público consumidor já realizado no Brasil.
O local escolhido foi o festejado Jockey Club de São Paulo, situado na Cidade Jardim, que além do fácil acesso, dispõe de 7 mil vagas de estacionamento.
Reunindo em um só lugar centenas de produtores, importadores, sommeliers, enólogos, chefes de cozinha e jornalistas especializados, o Wine Weekend, além de oferecer os melhores rótulos nacionais e importados por um ótimo custo benefício, promoverá palestras, degustações, leilões de partilhas especiais, favorecendo negócios, lazer e entretenimento para os apreciadores dos bons vinhos e da boa mesa.
A expectativa é que, durante os quatro dias do Festival, passem pelo Jockey Clube mais de dez mil pessoas, que poderão apreciar e adquirir vinhos e espumantes da Salton, Casa Valduga, Donno do Brasil (também da Casa Valduga), Vila Francioni e Concha y Toro, além dos melhores rótulos das importadoras Reloco, Paralelo 35 , MR Man , Magna Import, Interfood, Dolivino, Tradebanc entre outras. Serão cerca de 1000 rótulos, vendidos diretamente ao consumidor, com descontos entre 10% e 50%.
Dentre as atrações previstas, estão as seguintes:
• Degustações gratuitas de mais de 2000 rótulos de tintos, brancos, rosés, espumantes e licorosos
• Wine Bazzar com exelentes produtores e importadores vendendo seus produtos por um ótimo custo/benefício
• Leilão de partilhas especiais
• Demonstração de acessórios e utensílios enogastronômicos
• Praça de gastronomia com menus harmonizados
• Cigar Point para degustação de charutos
• Ciclo de palestras sobre cepas e regiões com grandes experts
• Lounge de leituras com biblioteca temática à disposição
• Exposição de roteiros enoturísticos nacionais e internacionais
• Apresentação de pesquisas de mercado inéditas a produtores e importadores
• Arena de debates entre jornalistas e produtores
• Análise técnica dos vinhos por especialistas convidados e publicação na Vinho Magazine
Para os amantes do vinho, fica a dica de um evento que promete “aquecer” São Paulo numa semana tão gelada.
10/08/2010 por crisapx
Recentemente li um artigo que foi publicado no jornal The New York Times sobre uma prática de restaurante pouco conhecida: a degustação do vinho servido pelo sommelier da casa. No artigo em questão, o jornalista narra uma situação vivida por um conhecedor de vinhos em um restaurante de Nova Iorque. O conhecedor discutia com a sua companheira a qualidade do vinho que tomavam, quando o sommelier que escutava a conversa afirmou que o vinho estava bom, pois ele mesmo o havia provado. O casal, que desconhecia essa prática, ficou consternado e o que deveria ter sido considerado um serviço bem intencionado oferecido pelo restaurante acabou por gerar um mal estar desnecessário com um cliente que não abriria mão de seu primeiro gole.
Quando o primeiro gole é do Sommelier, e não seu
Quando o primeiro gole é do Sommelier, e não seu
10/08/2010 por crisapx
Recentemente li um artigo que foi publicado no jornal The New York Times sobre uma prática de restaurante pouco conhecida: a degustação do vinho servido pelo sommelier da casa. No artigo em questão, o jornalista narra uma situação vivida por um conhecedor de vinhos em um restaurante de Nova Iorque. O conhecedor discutia com a sua companheira a qualidade do vinho que tomavam, quando o sommelier que escutava a conversa afirmou que o vinho estava bom, pois ele mesmo o havia provado. O casal, que desconhecia essa prática, ficou consternado e o que deveria ter sido considerado um serviço bem intencionado oferecido pelo restaurante acabou por gerar um mal estar desnecessário com um cliente que não abriria mão de seu primeiro gole.
Apesar de não ser muito difundida, essa prática é na verdade muito mais antiga do que se imagina e data da época em que o papel do sommelier era provar as bebidas dos reis e realezas para garantir que não fossem envenenados. Para degustar, o sommelier usava um instrumento conhecido como “taste vin” ou “tasse de dégustation”, um recipiente raso de prata que o profissional do vinho carregava em uma corrente ao redor do pescoço. Com o passar dos anos essa prática foi se perdendo, mas recentemente alguns restaurantes vêm retomando-a com o intuito de garantir que o vinho chegue ao consumidor com a qualidade esperada.
Acontece que são poucos os bebedores que de fato sabem identificar algum defeito no vinho e então, muitas pessoas acabam tomando um vinho oxidado ou “passado” sem mesmo perceber, ou simplesmente consideram que o vinho não era lá tão bom, deixando uma boa parte sobrar na garrafa. Tendo isso em conta, restaurantes preferem adotar o “taste vin” para evitar qualquer experiência ruim do seu consumidor. E então entra o papel do sommelier, que ao abrir uma garrafa serve o primeiro gole para si, avalia as características de aromas e sabores e garante que o produto servido não tem falhas ou está estragado.
Pensando por este lado, a prática parece muito positiva, pois pauta-se unicamente em beneficiar o consumidor. Mas e quando o consumidor também é conhecedor, como foi o caso da história narrada no artigo do The New York Times? Será que ele teria essa mesma percepção? Eu mesma já passei por uma situação semelhante em um bistrô em São Paulo. Estava comemorando meu último dia de aula do curso de Sommelier com mais dois colegas da turma. Pedimos um vinho bacana e fomos surpreendidos com o “taste vin”. Confesso que foi bastante curioso. Entreolhamos-nos e acabamos achando graça da situação. Mas no caso do nosso amigo de Nova Iorque, a percepção não foi a mesma.
Como resolver uma questão tão delicada como esta? Em minha opinião de consumidora e sommelière, acho que o serviço tem muito a agregar. Mas acho também que é muito mais gentil perguntar ao consumidor se ele gostaria que osommelier averiguasse se o vinho está correto. Assim, certamente o consumidor que não entende muito ficaria feliz de ter a certeza de um vinho bom e satisfeito com a delicadeza de um serviço oferecido pelo restaurante, e o consumidor que entende não se sentiria ofendido.
E você, já foi surpreendido por um “taste vin”? O que você pensa sobre isso?
Tamanho é documento?
29/07/2010 por crisapx
Aqui temos uma lista bem completa de nomes e volumes para garrafas de vinho. Os nomes são quase todos tirados de reis bíblicos, e variam conforme o formato da garrafa – Bordeaux, Borgonha ou Champagne – ou o país de origem. Muito interessante conhecer:
½ garrafa – 375mL
Tamanho padrão – 750mL
Magnum – 1,5L (equivalente a 2 garrafas padrão)
Double Magnum – 3L (equivalente a 4 garrafas, apenas Bordeaux)
Jeroboam – 3 a 4,5L (4 garrafas – Champagne e Borgonha, 6 garrafas – Bordeaux)
Rehoboam – 4,5L (6 garrafas – Champagne e Borgonha)
Imperial – 6L (8 garrafas, apenas Bordeaux)
Matusalém – 6L (8 garrafas, Champagne e Borgonha)
Salmanazar – 9L (12 garrafas, Champagne e Borgonha)
Balthazar – 120L (16 garrafas)
Nabucodonossor – 12,0 a 15,0L (16 a 20 garrafas, dependendo do país de origem)
Melchior – 18L (24 garrafas)
Salomão – 20L (28 garrafas, apenas Champagne)
Sovereign – 25L (33,3 garrafas, apenas Champagne)
Maximus – 130L (173,3 garrafas – no formato Bordeaux)
Magnum – 1,5L (equivalente a 2 garrafas padrão)
Double Magnum – 3L (equivalente a 4 garrafas, apenas Bordeaux)
Jeroboam – 3 a 4,5L (4 garrafas – Champagne e Borgonha, 6 garrafas – Bordeaux)
Rehoboam – 4,5L (6 garrafas – Champagne e Borgonha)
Imperial – 6L (8 garrafas, apenas Bordeaux)
Matusalém – 6L (8 garrafas, Champagne e Borgonha)
Salmanazar – 9L (12 garrafas, Champagne e Borgonha)
Balthazar – 120L (16 garrafas)
Nabucodonossor – 12,0 a 15,0L (16 a 20 garrafas, dependendo do país de origem)
Melchior – 18L (24 garrafas)
Salomão – 20L (28 garrafas, apenas Champagne)
Sovereign – 25L (33,3 garrafas, apenas Champagne)
Maximus – 130L (173,3 garrafas – no formato Bordeaux)
Sabemos que os bons vinhos, quando bem armazenados, podem evoluir na garrafa com o passar do tempo. Um dos fatores que influencia na evolução de um vinho é o tamanho da garrafa que o acondiciona. As reações entre o vinho e o pequeno volume de oxigênio que fica preso entre a rolha e o líquido são determinantes para sua evolução.
Quando o vinho é acondicionado em uma garrafa de pequeno volume, a proporção de oxigênio em relação à quantidade de líquido na garrafa é maior, e consequentemente mais rápida será sua evolução. Mas uma evolução rápida não significa necessariamente uma evolução melhor. Ao contrário, muitos defendem que em garrafas maiores o desenvolvimento do vinho ocorre de maneira mais apropriada, uma vez que nessas condições ele irá evoluir mais lentamente.
Portanto, se a questão aqui for desfrutar de um bom vinho em sua melhor expressão, tamanho pode ser sim documento.
Saludos Mexicanos!
23/07/2010 por crisapx
De algum tempo para cá os vinhos do Novo Mundo vêm conquistando paladares de grandes críticos e as mesas dos consumidores mais exigentes. Há alguns países produtores, no entanto, que ainda não possuem uma expressão em mercados externos e que, muitas vezes, sofrem com o preconceito. O Brasil mesmo é um deles. Quem nunca viajou para um país com tradição vinícola e ao comentar sobre um vinho brasileiro recebeu aquela expressão de estranhamento: “Vinho Brasileiro? Mas o Brasil produz vinhos?” Não os culpo, pois apesar de já produzirmos vinhos há muito tempo, o aprimoramento das técnicas de cultivo e tecnologias usadas na vinificação são muito recentes, assim como o salto da qualidade dos nossos produtos os quais, há pouco tempo atrás, ainda eram medíocres. Além do mais, o Brasil sempre foi o país da cerveja ou da caipirinha, como é mais conhecido lá fora.
E o mesmo passa com o México, que leva tanta fama com a tequila. Quem de vocês já provou um vinho mexicano? Pois é. Eu já havia escutado algo a respeito, mas confesso que nunca havia visto nada nas prateleiras nem lido nenhuma reportagem nas edições do meio. Foi então que recebi um convite de trabalho para o México. Na área de marketing, mas nada relacionado a vinhos. Claro que para mim, assim como seria para qualquer enófilo, foi uma oportunidade de procurar conhecer mais sobre a produção vinícola, a história dos vinhos no país e, é claro, degustar! Aqui compartilho com vocês um pouco dessa experiência.
Muito antes dos conquistadores espanhóis chegarem às Américas, os nativos da região mexicana já plantavam uvas americanas para o consumo diário. Quando os espanhóis chegaram e se estabeleceram nas terras que chamaram de “Nova Espanha” em 1522, utilizaram-se das uvas que já eram plantadas ali para a produção de vinho para missa. Hernán Cortés encomendou também sementes e mudas espanholas e tornou o México o primeiro lugar nas Américas a cultivar vinhedos e produzir vinhos para consumo.
A primeira vinícola comercial mexicana foi fundada em 1593 por Francisco de Urdiñola, Marquês de Aguayo, na fazenda de Santa Maria de Las Parras. Parras é até hoje o centro de produção de vinho mexicano, apesar da vinícola Marquês de Aguayo hoje concentrar-se apenas na produção de destilados.
A produção vitivinícola mexicana sofre dois períodos de recessão: durante a guerra de independência em 1857, quando o clero perde poder ante o Estado e tem seus bens expropriados, e na guerra revolucionária em 1910, quando vinhedos por todo território foram abandonados ou destruídos. Somente em 1922 se reaviva a produção de vinhos em diversos estados do norte, região que é hoje mais conhecida pela qualidade de seus vinhos produzidos.
Mas foi apenas nas últimas décadas que se aprimoraram as técnicas de cultivo e produção, sob influência dos Estados Unidos, que inclusive levaram novas vinhas às regiões produtoras, melhorando a qualidade e ampliando a variedade de seus vinhos.
O vinho mexicano e suas regiões vinícolas estão experimentando seu auge, apesar de o consumo per capita ainda ser muito baixo (apenas 0,16 litros por ano, ocupando a 65° posição na lista mundial). No ano de 2007 a produção de vinhos atingiu 108,000 toneladas, dando ao México a 24° posição na lista mundial.
Os mexicanos que consomem vinho têm em média mais de trinta anos, alto nível acadêmico e boas condições econômicas. Esses consumidores bebem principalmente vinhos importados e apenas 40% dos vinhos produzidos no México são consumidos por mexicanos. O restante da produção é destinado a 27 países, sendo os Estados Unidos o principal comprador com 76%, seguido pela Inglaterra com 3,8%, Japão, Canadá e Alemanha com 1% e alguns países da América Central e Caribe.
Uma das vinícolas pioneiras no país é a espanhola Domecq, que possui cerca da metade dos vinhedos em Guadelupe, na Baixa Califórnia. Com 41.000 hectares de vinhedos, apenas 10% servem à produção de vinho. A maior parte da uva é utilizada para a produção de tequila e uvas passas. Tive a oportunidade de experimentar um corte de uvas tintas que muito me lembrou os vinhos portugueses – bom corpo e estrutura, redondo e muito aromático (confira detalhes em “Dica da Semana”).
Outros produtores mais conhecidos são L. A. Cetto, Bodegas Santo Tomás, Monte Xanic, de que também experimentei um Sauvignon Blanc muito refrescante, Bodegas San Antonio e Cavas de Valmar.
Assim, com essa experiência, convido o leitor a não criar rótulos e se deixar experimentar antes de qualquer julgamento. Além de aumentar seu conhecimento e poder de crítica, você pode acabar se surpreendendo com as novas descobertas.
Saludos!
Principais Regiões e Produtores:
Aguascalientes
- Bodegas Dinastía
- La Bordalesa
- Viñedos Santa Elena
Baja California
- Adobe Guadalupe
- Bodegas de San Antonio
- Bodegas de Santo Tomás
- Casa de Piedra
- Casa Domecq
- Cavas Valmar
- L.A. Cetto
- Monte Xanic
Coahuila
- Casa Madero
Querétaro
- Freixenet de México
Prêmios 2010:
- Vienalies Internationales (14va edición, Paris, Francia)
-Don Luis Cetto Terra 2004, L.A. Cetto – Medalla de Plata
-L.A.Cetto Boutique Sangiovese 2004, L.A. Cetto – Medalla de Plata
-L.A. Cetto Nebbiolo Reserva Privada 2003, L.A. Cetto – Medalla de Plata
- Chardonnay du Monde (15va edición, Borgoña, Francia)
-Casa Madero Chardonnay 2007, Casa Madero – Medalla de Oro
- International Wine Challenge (39 edición, Londres, Reino Unido)
-Casa Madero Chardonnay 2007, Casa Madero – Medalla de Bronce
-Casa Madero Semillón 2007, Casa Madero – Mención Honorífica
- Challenge International du Vin (32 edición, Burdeos, Francia)
-Monte Xanic Chardonnay 2005, Monte Xanic – Medalla de Bronce
-Monte Xanic Chenin-Colombard 2006, Monte Xanic – Medalla de Bronce
-Monte Xanic Sauvignon Blanc 2006, Monte Xanic – Medalla de Bronce
- Concurso Mundial de Vinos de Bruselas (15va edición, Bruselas, Bélgica)
-Casa Madero Semillón 2007, Casa Madero – Medalla de Oro
-L.A. Cetto Petite Syrah 2006, L.A. Cetto – Medalla de Oro
-Casa Madero Chenin Blanc 2007, Casa Madero – Medalla de Plata
-Chateau Camou Gran Vino Tinto 2004, Chateau Camou – Medalla de Plata
-Chateau Camou Gran Vino Tinto Merlot 2004, Chateau Camou – Medalla de Plata
-Chateau Domecq Cosecha Seleccionada 2005, Domecq – Medalla de Plata
-Monte Xanic Cabernet Sauvignon-Merlot 2005, Monte Xanic – Medalla de Plata
-Monte Xanic Chardonnay 2005, Monte Xanic – Medalla de Plata
-Santo Tomás Único Cabernet-Merlot Gran Reserva 2004 – Medalla de Plata
Referências
- Asociación Nacional de Vitivinícultores (México)
- Revista, El vino y otras delicias, ejemplar de colección México y sus vinos, año 3 número 17, Bimestral Agosto-Septiembre de 2002, Grupo Editorial Neón, México DF.
- Revista México Desconocido, Bebidas Nacionales de México, capitilo VIICervezas y Vino, guía no. 18, Editorial Jilguero México D.F. 1994.
- Revista Vinísfera, XVI Concurso Internacional Ensenada Tierra de Vinos, año 1 número 4, Bimestral, Septiembre-Octubre de 2008, Editorial Mexicana de Vinos SA de CV.Sitio Oficial
- Lloyd:Mexican Economic Report.
SBAV Brinda 30 anos de Existência
15/07/2010 por crisapx
A Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho, mais conhecida como SBAV, foi criada em 1980 por um grupo de pessoas que se reunia para apreciar e conhecer mais sobre o mundo dos vinhos.
Com o objetivo de proporcionar experiências, compartilhar informações e promover encontros entre os apreciadores da bebida e profissionais do ramo, a SBAV conquistou um nome respeitável entre enófilos e connaiseurs.
Hoje a SBAV conta com mais de 100 sócios e realiza semanalmente degustações e jantares harmonizados, promove cursos e palestras para todos os níveis de conhecimento, organiza viagens para regiões produtoras de vinho, além de participar em feiras e salões de degustação.
E para celebrar o sucesso de todo o trabalho realizado ao longo desses 30 anos de existência, a SBAV promoverá uma festa de confraternização aberta a todos os apreciadores, com um jantar harmonizado. A festa terá o patrocínio da vinícola Salton, que celebra este ano o seu centenário, além de música ao vivo e muita animação.
Garanta já sua vaga e venha brindar com a SBAV!
Cardápio
Entrada:
- Canapés variados acompanhados de espumantes Salton
Primeiro Prato:
- Brandade de bacalhau acompanhado de vinho branco
Segundo Prato:
- Ossobuco de cordeiro com vinho tinto
Sobremesa:
- Pannacota com frutas vermelhas.
Data do evento: 31 de julho de 2010.
Horário: A partir das 20h.
Local: SBAV – Rua Gabriel Monteiro da Silva, 2586 – Jardim Paulistano – São Paulo
Reservas: 11 3814–7905, com Sr. Nelson.
Qual é a temperatura ideal?
24/06/2010 por crisapx
É muito importante que os vinhos sejam servidos à temperatura recomendada para cada tipo, afim de serem apreciados em sua melhor condição, exaltando as características boas e eliminando possíveis sensações desagradáveis no serviço do vinho.
Champagnes e espumantes | de 6 a 8°C |
Vinhos brancos suaves ou doces | de 8 a 10°C |
Vinhos brancos secos | de 10 a 12°C |
Vinhos rosados | de 12 a 14°C |
Vinhos tintos leves, jovens frisantes | de 14 a 16°C |
Vinhos de médio corpo ou envelhecidos | de 16 a 18°C |
Vinhos tintos encorpados | de 18 a 20°C |
Dicas:
- Para resfriar rapidamente uma garrafa de branco, espumante ouchampagne que esteja à temperatura ambiente, o melhor meio é um balde de gelo com água.
- Não colocar o vinho em freezers, pois o choque térmico modifica o seu sabor.
- Nunca refrescá-lo colocando gelo dentro do copo, pois isso dilui o vinho e pode inclusive alterar seu próprio sabor.
Pequenos detalhes como temperatura ou a forma de armazenamento podem fazer toda a diferença na apreciação final do vinho.
Você costuma respeitar as regras de temperatura na hora de servir um vinho?
Referência: Famiglia Piagentini Vinhos Finos e Espumantes.
Vinho de Sobremesa, O Néctar dos Deuses
16/06/2010 por crisapx
Existem diversos tipos de vinho que permitem acompanhar uma sobremesa. De moscatéis a colheitas tardias, vinhos do Porto, eisweins ou mesmo os lendários Sauternes e Tokajis. Famosos por sua doçura extasiante, os vinhos de sobremesa há centenas de anos abençoam as nossas mesas e atendem hoje a diferentes paladares e bolsos por todo o mundo.
A quase totalidade dos vinhos de sobremesa é produzida com uvas brancas, geralmente do tipo aromático: Gewurztraminer, Moscatel, Muscadelle, Malvasia, a Sémillon em Bordeaux, Furmint na Hungria, Riesling na Alemanha e a Chardonnay no Novo Mundo.
Mas quais são as principais diferenças entre cada um desses vinhos? Vamos a uma rápida explicação do processo de produção dos principais vinhos doces:
- Colheita tardia ou Late Harvest: como o próprio nome diz, são feitos de uvas que permanecem por algumas semanas além do período regular de colheita nas videiras, o que ocasiona a desidratação da fruta e uma alta concentração de açúcar. O mosto obtido dessas uvas é muito espesso, quase um mel, e o volume, muito menor. Durante seu processo de produção é utilizada uma técnica que interrompe a fermentação pela adição de anidrido sulforoso ao mosto, preservando sua doçura e evitando que o açúcar seja transformado completamente em álcool. Este processo é originário da Alemanha onde se produzem os vinhos Spätlese e Auslese, sendo hoje utilizado em vários países da Europa e Novo Mundo.
-Sauternes: é uma região ao sul de Bordeaux e famosa por seus vinhos de sobremesa. Produzidos a partir das uvas Semillón e Sauvignon Blanc, os vinhos de Sauternes são vinhos de colheita tardia que passam por um processo um pouco diferente. A região possui um clima úmido e é caracterizada pela intensa neblina nos meses de setembro e outubro (período de colheita e pós colheita). Essa umidade favorece o aparecimento de um fungo conhecido como Botrytis Cinerea, ou a “podridão nobre”, e que faz perfurações finíssimas nas cascas das uvas, causando a desidratação e conseqüente aumento da concentração de açúcar. Este fungo se apresenta na forma de um pó acinzentado sobre as uvas, daí o nome Cinerea (cinza, em latim). Os vinhos produzidos por esse processo são também chamados de botritizados e se classificam entre os mais raros e deliciosos vinhos produzidos no mundo, podendo sobreviver por mais de 100 anos.
-Tokaji: Merece destaque o grande vinho doce húngaro, o Tokaji (pronuncia-se Tokay). Produzido na região de mesmo nome a nordeste da Hungria, este vinho tornou-se lenda há séculos por suas características ímpares de complexidade, longevidade e riqueza gustativa. Há registros de sua existência desde 1650. O clima frio e úmido favorece a ação do fungo Botrytis (ali denominado Aszú), atacando lentamente os vinhedos de uvas Furmint e Hárslevelü. As uvas botritizadas chegam a concentrar açúcar em índices altíssimos, recolhendo-se o mosto que chega a escorrer como uma pasta espessa em pequenos barris de 30 litros chamados puttonyos. Para produzir diferentes vinhos, adicionam-se de 1 a 6 puttonyos a cada 140 litros de vinho. Os vinhos resultantes levam no rótulo a indicação do número de puttonyos utilizado, crescendo em teor de açúcar, complexidade e longevidade conforme a concentração. O Tokaj Aszú Essencia é um tipo especial, o mais complexo de todos. Antes do engarrafamento, os Tokaji envelhecem em barris por um período de 4 a 8 anos.
-Eiswein ou Icewine: Nas regiões mais frias da Alemanha, por vezes, a colheita tardia encontra os frios de outono, ocorrendo o congelamento das uvas durante a noite. Essas uvas são então colhidas congeladas e imediatamente esmagadas, de forma delicada, separando parte da água da uva, que fica retida nos cristais de gelo, resultando num mosto de alta concentração de açúcar. Os vinhos assim produzidos são denominados Eiswein, ou “vinho do gelo”. Esse processo tem-se praticado com sucesso também no Canadá, mais recentemente.
-Passificação: As uvas são colhidas normalmente ao término da maturação. Em seguida os cachos são deixados para secar em esteiras em galpões cobertos e arejados. Isto causa uma desidratação progressiva, num processo similar ao da produção de passas. Como resultado, a perda de água causa uma concentração do açúcar nas uvas. Este processo é utilizado na Itália, dando origem a vinhos doces chamados Passitos na Sicília e Emiglia-Romana e aos Recioto no Veneto.
Levando-se em conta a baixa produção, o trabalho adicional de cuidar das uvas para a concentração do açúcar e os detalhes da elaboração, compreende-se porque normalmente os vinhos doces naturais são mais caros e mais raros no mercado. Além disso, a grande presença de açúcar permite que esses vinhos resistam bastante ao tempo, continuando sua evolução por décadas e às vezes mais de um século.
E você, qual a sua experiência com os vinhos de sobremesa?
Dicas:
Cortiça, sintética ou rosca?
11/06/2010 por crisapx
A maior parte das garrafas de vinho é fechada com rolhas de cortiça, um material vegetal, compacto e elástico, proveniente do sobreiro, que é cultivado principalmente em Portugal, na Espanha e no norte da África.
O sobreiro é uma árvore que cria, ao longo dos anos, uma casca espessa de cortiça. Essa casca é retirada em placas para a produção de rolha e o sobreiro tem a propriedade de recriar essa casca nos anos seguintes.
A cortiça não tem cheiro, nem sabor e apresenta grande poder de vedação, elasticidade e resistência. As melhores rolhas de cortiça são lisas e contínuas e apresentam-se sem quase nenhuma perfuração. Enquanto as de qualidade inferior apresentam buracos ou são feitas de material aglomerado, compostas de restos de cortiça colados que apresentam o risco de esfarelar ao se abrir uma garrafa.
Estima-se que 2 a 5% de todas as garrafas produzidas no mundo são perdidas por uma contaminação que a rolha de cortiça pode transferir ao vinho. É conhecida como doença da rolha ou “bouchonée”, caracterizada por um odor que lembra bolor ou pano molhado e deixa o vinho com um sabor desagradável. Essa contaminação acontece quando um fungo chamadoarmillaria mellea aparece na cortiça e o produto de seu metabolismo combinado com as moléculas do cloro usado na higienização da placa forma o TCA. O vinho contaminado fica sem condições de ser bebido, além de acabar causando uma má impressão para o seu consumidor.
Pensando nesse tipo de problema e no fato da cortiça ser um recurso esgotável, introduziram-se no mercado, no início dos anos 90, as rolhas sintéticas, que são feitas de material termoplástico resistente e de baixo custo, têm excelente poder de vedação e não reagem com o vinho. As rolhas sintéticas tiveram uma boa aceitação e tem-se mostrado apropriadas para vinhos jovens e frescos que não devem ser guardados por muito tempo. Isso porque o material da rolha com o passar do tempo adere ao vidro e sua extração torna-se bastante difícil.
Outra alternativa mais recente é a tampa com vedação estilo “screw cap” ou rosca. Utilizada inicialmente em garrafas miniatura, tem sido usada cada vez mais em função de sua praticidade, custo e higiene. Mas apesar de parecer uma excelente solução, o screwcap sofre um problema um pouco mais profundo: a quebra do ritual do vinho. Imagine selecionar um vinho especial para uma comemoração e abrir a garrafa como se estivesse abrindo uma garrafa de água ou cerveja. O entusiasmo, a elegância e a emoção do momento de celebração seriam o mesmo? O que você pensa sobre as novas alternativas de vedação?
Fonte: Vinhos, O Essencial.
Orgânicos e Biodinâmicos – vinhos ecologicamente corretos
02/06/2010 por crisapx
Muitos ainda desconhecem os vinhos orgânicos, que invadiram o mercado seguindo a onda sustentável mundial. Produzidos em países do Novo e do Velho Mundo, os vinhos orgânicos são o resultado de uma agricultura que não agride o meio ambiente. Não se utilizam herbicidas ou pesticidas químicos para eliminar as pragas que prejudicam a vinha e nem adubos químicos, já que eles são absorvidos pela raiz e podem contaminar a planta e também o solo.
Sem dúvida alguma, trata-se de uma agricultura que exige um trabalho extremamente complexo dos produtores e isso inclusive aumenta os custos de produção. Por outro lado, traz incríveis benefícios em longo prazo, principalmente no que diz respeito ao equilíbrio da natureza.
Diferentes espécies de vegetação, como gramas, flores entre outras, se misturam às parreiras, atraindo insetos que ajudam a combater os inimigos naturais. O controle das ervas é feito, além dos insetos, por outros animais que convivem no meio da plantação. Os cavalos são utilizados na aeração do terreno, as galinhas e os patos comendo os insetos. Mas além de toda harmonia entre a biodiversidade a principal condição de um vinhedo orgânico é o uso de produtos naturais e de origem biológica.
No Brasil, o enólogo uruguaio Juan Carrau é o único que produz comercialmente vinhos certificados como orgânicos, em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai.
Quando falamos dos vinhos biodinâmicos, além de seguir os mesmos preceitos da produção orgânica, os produtores respeitam o calendário lunar e utilizam preparos naturais para borrifar nas parreiras como forma de prevenção a possíveis doenças.
Os seguidores da biodinâmica consideram o vinhedo um organismo vivo e não defendem apenas um sistema de produção agrícola, mas todo um modo de vida, um jeito de pensar, no qual grande parte dos esforços se volta para a prevenção das doenças que afetam as parreiras. A formulação de preparados exóticos – como esterco bovino fermentado num chifre de vaca que é enterrado no solo em pleno inverno ou ainda sílica misturada com água da chuva dentro de um chifre de vaca, que é soterrado na primavera e desenterrado no outono – é um dos diferenciais dos biodinâmicos em relação à produção convencional e aos orgânicos em geral. O conteúdo desses preparados é diluído e energizado ou ativado por um processo denominado dinamização, que lembra procedimentos da homeopatia, e depois é aplicado no solo ou nos vinhedos de acordo com os ciclos da lua e de outros preceitos cósmicos.
Parece loucura? Pois a partir do momento em que o famoso Domaine de La Romanée-Conti (DRC), uma mítica propriedade situada na Borgonha, converteu-se aos preceitos da biodinâmica, o conceito de vinhos “ecologicamente responsáveis” difundiu-se pelo mundo.
Confira algumas vinícolas da Argentina e do Chile que também seguem o estilo de produção orgânica ou biodinâmica:
Orgânicas
Pinot Noir Alemão?
20/05/2010 por crisapx
Spätburgunder: esse é o nome alemão para a uva Pinot Noir. Aqui no Brasil pouca gente já a provou e a maioria nem imagina que a Alemanha produza vinhos tintos – muito menos tintos muito bons de Pinot Noir. Poucas lojas oferecem o produto, e as que sabem do segredo têm duas ou três garrafas, no máximo. Para piorar, os nomes alemães e a classificação vinícola do país não ajudam na sua divulgação.
Um Pinot Noir alemão pode soar como algo muito recente, mas existe há centenas de anos, desde o século 13 quando, do mesmo jeito que ocorreu na Borgonha, monges cistercienses plantaram a variedade ao longo do rio Reno. Mas, enquanto na França ela se adaptou maravilhosamente, no clima mais frio da Alemanha lutou para conseguir amadurecer.
Até bem pouco tempo os Pinots alemães eram sem corpo e pálidos. A acidez refrescante que propiciavam tinha seu charme, só que muito distante da complexidade e densidade dos bons Borgonhas. Esse estilo ainda existe, e não deixa a desejar. Mas as mudanças climáticas recentes facilitaram a maturação das uvas, não só em Baden, a região mais ao sul, líder na produção de tintos alemães, mas Ahr, no noroeste de Koblenz, uma das regiões vinícolas mais no norte da Europa, especializa-se em Spätburgunder. Até o Mosel, ao sul de Koblenz, e curiosamente mais fria, que não permitia o plantio de variedades tintas até 1986, tornou-se agora fonte de Pinots excepcionais.
Para os curiosos amantes do vinho que quiserem sair na frente, devem começar seguindo um princípio básico, que divide os vinhos alemães em quatro categorias:
-DeutscherTafelwein, a mais baixa delas (tafelwein significa vinho de mesa), é uma mistura de vinhos de diversas regiões, elaborados com uvas de terceira categoria;
-Landwein, um pouco acima do tafelwein, tem indicação de procedência (“land” é área/zona), o que equivale a vinho regional;
-Qualitätswein, que precede uma das 13 regiões demarcadas – as dez principais são Ahr, Mosel-Saar-Ruwer, Mittelrhein, Rheingau, Rheinhessen, Nahe, Pfalz, Franken, Baden, Württemberg -, e é sujeito a algumas regras, passando por um comitê que lhe concede um número de aprovação, o AP, e pode ser considerado um vinho sem pretensões para o dia a dia;
-Qualitätswein mit Prädikat, onde estão necessariamente os melhores vinhos do país, embora isso não signifique que todos são ótimos. Estes também têm um número de aprovação.
A maior barreira, entretanto, para encontrar esses vinhos é que são tão populares na Alemanha que eles bebem quase todos por lá mesmo. Portanto, se você conseguir o seu por aqui, aproveite!
Fonte: Jorge Lucky e Eric Asimov
Queijos e vinhos…na sintonia do inverno
14/05/2010 por crisapx
Se adequadamente combinados, queijos e vinhos formam um par perfeito. E o pão tem um papel importante nessa combinação – é elemento essencial para limpar o paladar entre um vinho e outro, ou entre um queijo e outro. Esses são os mais antigos alimentos do homem, sempre lembrados quando, como agora, o inverno se anuncia.
A variedade de queijos existente é enorme e suas possibilidades de combinação com o vinho, infinitas. Na França, por exemplo, os queijos foram classificados em 1925, bem antes dos vinhos, que receberam sua AOC (Appellation d’Origine Contrôlée) 10 anos depois, em 1935. Só a França possui mais de 400 queijos classificados.
Os queijos devem ser servidos sem as embalagens e sobre madeira ou porcelana, de preferência, separados. Os que tiverem casca devem ser servidos com ela. Deixe os pequenos inteiros e, no caso dos de tamanho médio, insinue o corte.
Cada fatia deve conter todas as partes da peça em cada porção: da casca (as comestíveis) ao centro. Cada queijo deve estar acompanhado de sua própria faca e se possível ser identificado com um rótulo ou bandeirinha. Evite os fortes demais ou apimentados, pois estragam o paladar. Uma opção é reservá-los para o final do evento.
Quanto à variedade, procure escolher ao menos cinco tipos, variando a matéria-prima (leite de vaca, cabra, ovelha e búfala), o tipo de consistência (dura, branda e mole), e o estágio de maturação (frescos, meia-cura e curados).
Quanto aos vinhos, uma sugestão é usar ao menos quatro tipos: um branco seco – entre eles um Sauvignon Blanc seria uma boa pedida – , um tinto leve, como um Pinot Noir; um tinto mais encorpado, como um Shiraz australiano ou um bom Bordeaux, e um doce, como um Porto, para o encerramento. E é claro, seguir esta ordem para que os sabores não se sobreponham.
Algumas sugestões:
Queijos frescos com baixa acidez e sal (ricota, minas frescal, cottage, mussarela de búfala, cabra fresco) com vinhos brancos leves e secos (Sauvignons Blancs, Rieslings ou Chardonnays jovens e não barricados). Já os queijos macios de meia-cura como camembert e brie pedem brancos estruturados como um chardonnay barricado ou tintos leves como um Pinot Noir, ou mesmo italianos populares como o Valpolicella.
Os queijos de massa semidura (emmental, gouda, minas meia-cura) sugerem tintos de médio corpo, como um Merlot chileno ou Crianza espanhol. Os de massa dura (parmesão, pecorino, minas curado) são tipicamente combinados com tintos tânicos e estruturados, um Cabernet Sauvignon mais alcoólico, por exemplo. A ressalva é apenas quanto ao excesso de sal que caracterizam esses queijos. O sal e o tanino dos tintos encorpados são uma combinação perigosa, pois ambos tendem a secar a boca. A opção é usar um vinho doce, como um late harvest.
Para os queijos azuis (gorgonzola, roquefort, stilton), o clássico infalível é usar um Porto Ruby ou um Vintage novo.
Os pães são fundamentais. Eles consolidam a união entre vinho e queijo. Sirva uma boa variedade: italiano, alemão, francês, de centeio, com nozes.
Acompanhe tudo com frutas secas ou cristalizadas, nozes, amêndoas. Para os chocólatras a sugestão para o encerramento é um suflê quente de chocolate, que pode ser acompanhado de generosa quantidade de calda. Este vai bem com um Porto LBV, com um bom conhaque, ou um simples café expresso.
Fonte: Marcelo Copello
Por que os vinhos estragam depois de alguns dias?
06/05/2010 por crisapx
Tanto os vinhos tintos quanto os brancos irão oxidar e estragar um dia – a oxidação acontece quando o líquido entra em contato com o oxigênio, alterando suas características até que ele se transforme em vinagre. Essencialmente, os únicos vinhos que mantém suas características por um tempo mais extenso depois de abertos são os vinhos fortificados, como os vinhos do Porto ou Madeira, pois seu teor alcoólico mais alto contribui para sua conservação.
Tipicamente, os vinhos brancos estragam mais rápido que os tintos e esse processo pode ser acelerado com a temperatura ambiente mais elevada. Substituir a rolha ou rosca por um vacun vin e guardar o vinho na geladeira são atitudes que ajudarão a conservar o vinho por mais tempo, pois o processo de oxidação será mais lento.
Um vinho branco normalmente não dura mais que dois dias depois de aberto e guardado na geladeira, enquanto o tinto, normalmente, dura um pouco mais. Assim, quando abrimos um vinho e não conseguimos terminá-lo de uma única vez, é possível consumi-lo até alguns dias depois.
Sabe-se que deixar um vinho “respirar” ou decantá-lo para que ele entre em contato com o oxigênio, estimulará seu envelhecimento. Nesse caso, um tinto que deverá envelhecer por mais alguns anos poderá passar por esse processo ao invés de passar pelo processo tradicional – o de deixar a garrafa descansar, fechada, por mais alguns anos.
Estatísticas mostram que 95% dos vinhos comprados são consumidos em até 48h. Tendo isso em vista, muitos produtores estão produzindo vinhos para serem consumidos jovens, ou seja, para consumo imediato. No entanto, vinhos que possuem uma complexidade maior podem envelhecer alguns anos mais na adega.
Um indicativo de que um vinho não deve ser bebido logo após a sua compra é o preço: vinhos mais caros normalmente podem ser guardados na adega por mais tempo. São vinhos mais elaborados e com maior complexidade, que evoluem e melhoram sua estrutura com o passar do tempo. Por outro lado, sabe-se que alguns produtores estocam seus melhores vinhos por alguns anos, para só então colocá-los no mercado, já prontos para o consumo.
De qualquer forma é sempre bom consultar umsommelier para garantir o consumo correto do vinho a fim de tirar o melhor proveito dele.
E você, costuma beber a garrafa de uma vez só ou guarda para os próximos dias?
Referência: tonight.co.za
ExpoVinis 2010
30/04/2010 por crisapx
Para todos os momentos um bom vinho, para todos os vinhos uma única feira.
Dia 28 de abril, segundo dia de evento às 17h. Uma fila danada no credenciamento e gente de todo o tipo circulando, mas com um interesse em comum: o vinho.
A Expovinis é a maior feira de vinhos da América Latina e acontece uma vez ao ano. Ali, reúnem-se produtores, importadores, lojistas, distribuidores, prestadores de serviços, representantes, fornecedores de acessórios para o serviço do vinho e equipamentos para a vitivinicultura. É certamente uma excelente oportunidade para fazer negócios, relacionamento e claro, experimentar bons vinhos.
Alguns destaques importantes, como a presença numerosa das vinícolas nacionais, que se tornam cada vez mais expressivas; a delegação da França, com um estande de 500 metros quadrados no centro da exposição; a Viniportugal com uma comitiva numerosa de representantes portugueses promovendo seus rótulos; e um novo expositor que chamou bastante atenção: a delegação da Bolívia!
Entre goles e papos, fui anotando alguns vinhos interessantes, com bons preços e fáceis de beber que achei que valeria compartilhar:
1) Los Haroldos Malbec Rosé 2009, Los Haroldos, Valle de Uco, Argentina – Lançamento!
2) Llama Malbec 2006, Belasco de Baquedano, Mendoza, Argentina
3) Errazuriz Ovalle Chardonnay/ Viogner 2008, Errazuriz Ovalle, Colchagua, Chile
4) Las Perdices Pinot Noir 2008, Las Perdices, Mendoza, Argentina
5) Pasus Reserva 2006 (Tempranillo, Garnacha e Mazuelo), Honorio Rubio, Rioja, Espanha
6) Terroir Merlot 2008, Miolo, Vale dos Vinhedos, Brasil
7) Volpi Pinot Noir 2009, Salton, Vale dos Vinhedos, Brasil
Onde comprar: Santa Luzia, Empório São Paulo
8) Gran Reserva Extra Brut 2004, Casa Valduga, Vale dos Vinhedos, Brasil
9) .Nero Extra Brut, Domino, Garibaldi, Brasil
Onde comprar: Metapunto, Vinomundi
10) Identity Tannat/ Syrah/ Petit Verdot 2008, Gimenez Mendez, Las Brujas, Uruguai
11) Montal Monastrel 2008, Bodega Roqueta Montal, Murcia, Espanha
12) Monte do Enforcado Aragonês/ Trincadeira 2007, Monte do Enforcado, Alentejo, Portugal
Vale conferir também a lista dos 10 melhores vinhos apresentados na Expovinis eleitos por renomados sommeliers e connaisseurs.
Um brinde!
Aveludado ou Adstringente?
23/04/2010 por crisapx
Um dia você se pega em uma reunião de amigos que apreciam e entendem de vinho. Ou então, você sai para almoçar com um cliente importante que conhece exatamente aquilo que está tomando. E agora, faltou vocabulário?
Confira um guia resumido de termos utilizados no mundo dos vinhos e que podem ajudá-lo a entender melhor do assunto. E claro, a causar uma boa impressão.
- A -
ABRIR – diz-se que o vinho “está abrindo” (ou “abriu”) quando está havendo (ou houve) crescimento de suas características (em especial do aroma), com certo tempo após a abertura da garrafa
ACIDEZ – Sensação de frescor agradável, provocada pelos ácidos do vinho (cítrico, tartárico, málico, lático, succínico) e que resulta em salivação
ADSTRIGENTE – com muito tanino, que produz a sensação de aspereza (semelhante à sentida ao comer-se uma banana verde); o mesmo que tânico ou duro
AFINADO – bem envelhecido, maduro e equilibrado
ALCOÓLICO – com muito álcool, desequilibrado
AMBIENTAR – (em francês CHAMBRER) deixar o vinho à temperatura ambiente, do recinto onde é servido
APAGADO – de aroma inexpressivo
AQUOSO – fraco, que teve adição de água
AROMA – odor emanado pelo vinho. O primário é proveniente da uva. O secundário é resultante da vinificação. O terciário origina-se do envelhecimento e é denominado buquê
ÁSPERO – com excessivas adstringência e acidez (esta um pouco menor)
ASSEMBLAGE – mistura de vinhos diferentes; o mesmo que corte
AVELUDADO – macio, untuoso, viscoso com textura de veludo
AVINAGRADO – com odor e sabor de vinagre, deteriorado, inutilizado para o consumo
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- B -
BALANCEADO – que apresenta harmonia entre os aspectos gustativos fundamentais, em especial a acidez, a doçura adstringência e o teor alcoólico o mesmo que o equilibrado e harmônico
BOTRITIZADO – vinho de sobremesa doce licoroso, feito com uvas botritizadas, isto é, contaminadas com o fungo Botrytis cinerea. Em poucas regiões do mundo de microclima específico como Sauternes na França, esse fungo, ao invés de destruir as uvas, perfura-lhes as cascas grãos, provocando a saída de água e concentrando o açúcar. As uvas assim contaminadas ficam com aspecto de uvas passas e/ou apodrecidas, daí o nome podridão nobre (“pourriture noble”,no francês, e noble rot, no inglês)
BOUCHONNÉE (frances – bouchon = rolha) – com odor de rolha (defeito)
BRUT (francês) – utilizado para espumantes muito secos
BUQUÊ – (do francês bouquet) – aroma complexo, também denominado aroma terciário, resultante do envelhecimento.
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- C -
CARÁTER – conjunto de qualidades que dão personalidade própria ao vinho permitindo distingui-lo de outros
CAVA – nome dos espumantes espanhóis
CHAMBRER (francês) – o mesmo que ambientar
CHAPTALIZAÇÃO (do francês, “Chaptalization”) – adição de açúcar durante a fermentação (proibida em alguns países), técnica proposta pelo francês Chaptal.
CHEIO – o mesmo que encorpado
CLAIRET (francês) – nome utilizado pelos franceses a vinhos tintos leves, frutados, quase rosés
CLARET (inglês) = CLARETE (francês) – vinho tinto de Bordeaux na França
COMPLEXO – com aromas múltiplos, com buquê
CORPO – sensação tátil do vinho à boca, que lhe dá peso (sensação de “boca cheia”) e resulta do seu alto teor de extrato seco
CORTE – mistura de vinhos diferentes. O mesmo que assemblage (francês)
CRU (francês) – termo derivado do verbo “coître” (crescer) de múltiplos significados, dos quais os mais importantes são os que seguem. Na região de Bordeaux, “cru” tem o mesmo significado de “terroir” ou “château”, isto é, uma propriedade específica de um único produtor. Na subregião do Médoc, os melhores vinhos são classificados em cinco níveis de “cru” (Premiers Crus, Deuxièmes Crus, etc.), seguidos dos “Crus Bourgeois”. Nas outras subregiões bordalesas, como por exemplo, Saint-Emilion, os melhores vinhos classificam-se em “Premiers Grand Crus Classés” e “Grand Crus Classés”. Na região da Borgonha, “cru” significa o mesmo que “climat”, isto é, uma comuna ou região delimitada com vinhedos de vários produtores que produzem vinhos semelhantes ou “domaine”, uma única propriedade. Os melhores vinhos da Borgonha são designados “grand cru”, seguidos dos “premier cru”.
CURTO – que não deixa sabor persistente na boca; de retrogosto curto
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- D -
DECANTER (inglês) – decantador; frasco de vidro usado para decantar vinhos que possuem sedimento formado durante o envelhecimento. É também usado para arejar (“respirar”) o vinho antes de servi-lo
DELICADO – equilibrado e sóbrio
DEMI-SEC (francês) – meio seco, ligeiramente doce
DENSO – viscoso, encorpado
DESARMÔNICO – que possui exacerbação de um dos componentes gustativos, mascarando-os (ex: excessiva acidez, tanicidade exagerada, doçura elevada); o mesmo que desequilibrado
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- E -
ELEGANTE – o mesmo que delicado
ENCORPADO – que tem muito corpo
ENÓFILO – apreciador e estudioso de vinhos
ENOLOGIA – ciência que estuda o vinho
ENÓLOGO – indivíduo que tem conhecimentos de enologia; formado em faculdade de enologia
EQUILIBRADO – o mesmo que balanceado
ESCANÇÃO – o responsável pelo serviço de vinhos de um restaurante; o mesmo que sommelier (francês)
ESPUMANTE – vinho com gás carbônico, efervescente; nos de qualidade o gás é resultante da fermentação
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- F -
FECHADO – jovem, recém-engarrafado, ou recém-aberto e que ainda não demonstra toda a sua potencialidade
FLAUTA ou FLUTE – taça ideal para espumantes
FLORAL – com aroma de flores
FORTIFICADO – ao qual é adicionado aguardente vínica, como o vinho do Porto, o Madeira, o Jerez, o Marsala, o Banyuls e outros
FRESCOR – sensação agradável transmitida geralmente pelos vinhos brancos, jovens ou espumantes, resultante de um ligeiro predominância da acidez, sem perder o equilíbrio
FRISANTE – efervescente, com borbulhas provenientes de gás carbônico injetado
FRUTADO – com aroma de frutas
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- G -
GRAPA ou GRASPA – Bebida destilada tipicamente italiana, produzida a partir das cascas e resíduos do mosto de uva.
GROSSEIRO – adstringente, sem elegância
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- H -
HARMÔNICO – o mesmo que balanceado e equilibrado
HERBÁCEO – com aroma de ervas
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- I -
INSÍPIDO – sem gosto característico, sem caráter ________________________________________
- J -
JOVEM – vinho geralmente frutado, pouco tânico com acidez agradável e que não se presta ao envelhecimento (Ex: vinhos brancos em geral, espumantes e a maioria dos vinhos brasileiros); pode também significar vinho recém fabricado,que pode e deve envelhecer ________________________________________
- L -
LEVE – com pouco corpo e pouco álcool,mas equilibrado; o mesmo que ligeiro
LÍMPIDO -sem sedimento ou partículas em suspensão transparente
LONGO – de boa persistência (ver verbete)
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- M -
MADURO – no apogeu de sua vida; estado que precede a decadência
MOSTO – líquido resultante da prensagem das uvas; suco; sumo
MOUSSEUX (francês) – espumante
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- N – NEUTRO – sem caráter marcante
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- O -
OPACO – turvo; velado; sem limpidez
ORGANOLÉPTICO (A) – sensorial, que sensibiliza os sentidos. As características organolépticas de um vinho são as suas sensações olfatórias, gustativas e táteis, percebidas durante a sua degustação
OXIDADO – que sofreu oxidação; envelhecido além do suportável; decomposto na cor (do dourado ao castanho para os brancos e do tijolo ao marron para os tintos), no aroma (adocicado, cetônico, etc.) e no sabor (desagradável e apagado)
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- P -
PÉ – borra; depósito; sedimento
PERFUME – o mesmo que buquê
PERLAGE – (francês) as bolhas dos espumantes
PERSISTÊNCIA – sensação do gosto deixado pelo vinho na boca (retrogosto) após ser deglutido ou cuspido. Quanto melhor o vinho, maior o tempo de persistência, do retrogosto: 2 a 3 segundos nos curtos, 4 a 6 segundos nos médios e de 6 a 8 nos longos
PESADO – encorpado, mas com pouca acidez; sem fineza
PLANO – sem sabor e sem corpo ou sem corpo e sem acidez; também usado como sinônimo de chato
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- Q -
QUENTE – Referência à sensação de calor causada pelo teor alcoólico alto de um vinho
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- R -
REDONDO – maduro e equilibrado
RETROGOSTO ou AROMA DE BOCA – sensação gustativo-olfatória final deixada pelo vinho na boca, após ser deglutido ou cuspido. Ela é percebida através da aspiração do ar pela boca, o que provoca a sua passagem pela nasofaringe (comunicação entre a boca e o nariz) e a consequente estimulação dos receptores olfatórios no nariz. Alguns estudiosos preferem utilizam a palavra retrogosto para as sensações desagradáveis percebidas ao final da degustação
ROBUSTO – encorpado, nervoso e, sobretudo, redondo
ROLHA – diz-se que o vinho tem odor e/ou gosto de rolha quando apresenta aroma desagradável passado por rolha contaminada pela Armillaria mella (fungo parasita da casca da árvore com a qual é feita a rolha, o sobreiro)
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- S -
SÁPIDO – com acidez moderada (entre o chato e fresco)
SUAVE – o mesmo que ligeiro; também significa vinho meio-doce (demi-sec)
SUR LIE (francês: sur = sobre; lie = borra) – vinho não filtrado, que vai do barril, onde ficou sobre a borra, direto para a garrafa.
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- T -
TANINO – substância existente na uva e que confere a adstringência ao vinho
TERROIR (francês) – literalmente designa o “terreno” onde se localiza um vinhedo, mas o seu sentido é muito mais amplo. Na realidade, designa as características do solo, do microclima e do ecossistema do local, responsáveis pela qualidade do vinhedo e, conseqüentemente, pela qualidade do vinho que ele originará.
TERROSO – com sabor de terra, do solo de onde veio a uva
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- U -
UNTUOSO – o mesmo que aveludado, sedoso e viscoso
13/04/2010 por crisapx
O vinho é um organismo vivo, e como todo organismo vivo deve ser cuidado para que se desenvolva bem e apresente sua melhor expressão quando aberta a garrafa. Para isso, as condições de armazenamento das garrafas são fundamentais e devem ser respeitadas. Caso elas não sejam adequadas, pode ocorrer uma evolução irregular ou deterioração do vinho.
O local de guarda do vinho em um restaurante pode fazer toda a diferença. É preciso evitar ambientes quentes, muito iluminados e jamais guardá-los junto a outros produtos, principalmente os de cheiro forte, como produtos de limpeza ou alimentos, por exemplo.
Na sua casa, você deve observar as seguintes condições:
1) Temperatura constante (em torno de 15º): um local muito quente provoca uma evolução acelerada do vinho, o que pode comprometer sua qualidade. Por outro lado, um local muito frio retarda sua evolução. Se você não possui uma adega climatizada, procure um ambiente fresco para armazenar suas garrafas e garantir uma boa evolução dos seus vinhos.
2) Umidade: deve-se procurar um ambiente que não seja muito úmido, mas que também não seja seco em excesso. Isso é importante considerar, pois um ambiente úmido pode favorecer o desenvolvimento de microorganismos que formam mofo nas rolhas, podendo estragar o vinho. Já os locais muito secos podem favorecer o ressecamento da rolha e permitir a entrada de ar por pequenas fissuras, o que acarretará na oxidação do vinho (que confere um sabor avinagrado e nada agradável).
3) Luz: é um agente acelerador que estimula reações químicas dentro da garrafa. O vidro escuro das garrafas já limita a penetração da luz, mas ainda assim devemos guardá-las em ambiente escuro.
4) Trepidação: num vinho que ainda está evoluindo, algumas reações químicas acontecem ao longo do tempo e irão definir o seu caráter. As trepidações podem acelerar esse processo, comprometendo sua evolução e seu resultado final.
5) Posição: as garrafas devem permanecer deitadas para que o vinho esteja em contato constante com a rolha, evitando seu ressecamento.
É importante considerar que, para que o vinho percorra o seu ciclo ideal de evolução e atinja sua maturação, apresentando sua máxima expressão, ele deve descansar tranquilamente em local apropriado. Sem ser incomodado por luz, cheiro, barulho, trepidações, calor ou posição inadequada. Mas é importante lembrar que vinhos mais jovens, frutados e pouco elaborados não devem ser armazenados por muito tempo para que não percam o seu frescor.
Tendo isso em mente e escolhido o local ideal, você pode começar a montar a sua adega e quem sabe, colecionar um novo hobby.
O Vinho no Brasil
05/04/2010 por crisapx
As primeiras videiras do Brasil foram trazidas pela expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, em 1532. Brás Cubas, fundador da cidade de Santos é, reconhecidamente, o primeiro a cultivar a vinha em nossas terras. As uvas eram da qualidade Vitis vinifera (ou seja, uvas européias adequadas para a produção de vinho fino), oriundas de Portugal e da Espanha.
No Rio Grande do Sul, a videira chegou em 1626, trazida por jesuítas que plantaram videiras européias em Sete Povos das Missões para utilização em missas. No entanto, a dificuldade de adaptação de variedades européias em nossas terras, em função do terroir difícil (condições de clima e solo), impediu a disseminação da vitivinicultura no Brasil.
Já em 1840, videiras americanas das espécies Vitis labrusca e Vitis bourquina(variedades Isabel, Concord e outras) foram importadas por um comerciante que as plantou basicamente para o consumo in natura, na forma da fruta fresca ou passas, mas que se adaptaram tão bem ao clima local que logo começaram a ser utilizadas para a produção de vinho.
A vitivinicultura gaúcha teve um grande impulso a partir de 1875, com a chegada de imigrantes italianos, que aportaram com videiras trazidas principalmente da região do Veneto – e uma forte cultura de produção e consumo de vinhos. Apesar do sucesso inicial, as videiras européias não se adaptaram ao clima úmido tropical e foram dizimadas por doenças fungícas. Porém, perceberam que as variedades americanas, como a uva Isabel, eram mais resistentes e deu-se continuidade à produção de vinhos que, embora de qualidade inferior, espalharam-se para outras regiões do país, tornando-se base do desenvolvimento da vitivinicultura no Rio Grande do Sul e em São Paulo.
Há algumas décadas, a preocupação com a melhoria da qualidade dos vinhos e das técnicas agronômicas fizeram com que, novamente, se iniciasse o plantio de variedades viníferas. A partir de 1970, vinícolas multinacionais, como a Moet & Chandon, a Martini & Rossi e a Heublein estabeleceram-se na Serra Gaúcha, trazendo equipamentos de alta tecnologia e técnicas viticulturais modernas. A melhora no sistema de condução das videiras, o acesso à tecnologia, a automação e o cuidado na seleção das uvas são alguns dos fatores que contribuíram com a qualidade do produto brasileiro, tornando-o mais competitivo.
Outras regiões produtoras, além da Serra Gaúcha, que vem se destacando na produção de vinho são as regiões do Vale do São Francisco, na Bahia, onde acontecem em média duas colheitas anuais devido ao clima quente o ano todo, e a região de São Joaquim em Santa Catarina, com vinhos de ótima qualidade.
Hoje o consumo de vinho no Brasil ainda é muito baixo, com uma média de cerca de 2 litros de vinho por ano, volume bem inferior aos cerca de 32 litros consumidos pelos argentinos e os 24 litros dos uruguaios. Na Europa, o consumo anual por habitante é de aproximadamente 60 litros, o que mostra que o Brasil tem um grande potencial de crescimento em relação ao consumo de vinho.
De alguns anos para cá, o vinho brasileiro vem ganhando maior expressão e hoje, já e exportado para diversos países pelo mundo, como os Estados Unidos e Suíça, por exemplo. Vinícolas como Salton, Miolo, Casa Valduga, Lídio Carraro e Cave Geisse já acumulam prêmios internacionais, principalmente com seus vinhos tintos e espumantes. Vale dar um destaque especial para os espumantes, que se beneficiam de um clima bastante favorável para sua produção e que vem agradando o paladar de brasileiros e enófilos, mundo afora.
E você, já percebeu esse salto na evolução de qualidade dos vinhos brasileiros?
Referências:
Ranking dos 50 Melhores Vinhos da América do Sul
25/03/2010 por crisapx
Publicado no Jornal Valor Econômico, eis a relação dos 50 Melhores Vinhos da América do Sul, que irão fazer parte do Guia Decorchados Amércia do Sul 2010.
2º – La Reserva del Calimoro 2006 – Chile – Importadora Casa do Porto
3º – Maycas del Limarí Reserva Especial Syrah 2007 – Chile – Importadora Enoteca Fasano
4º – Ribera del Lago Cabernet-Merlot 2007 – Chile – Sem Importadora no Brasil
5º – Nicolas Catena Zapata 2006 – Argentina – Importadora Mistral.
6º – Cypress Vineyard Sauvignon Blanc 2009 – Chile – Importadora Vinea
7º – Carmín de Peumo Carmènére 2007 – Chile – Importadora VCT
8º – Tanagra Syrah 2007 – Chile – Importadora Decanter
9º – Finca La Anita Malbec 2006 – Argentina – Importadora Bodegas
10– House of Morandé 2006 – Chile– Importadora Carvalhido
12º–Casa Real Reserva Especial 2006 – Chile – Importadora Gran Cru
13º–Microterroir de Los Lingues Carmènére 2006 – Chile – Importadora vinhos do Mundo
14º–Manso de Velasco Viejas Vinas Cabernet Sauvignon 2006 – Chile – Importadora Reloco
15º–Noemia Malbec 2006 – Argentina – Importadora Vinci
16º -Riglos Gran Corte Cab. Sauvignon /Malbec 2006 – Argentina – Importadora Gran Cru
17º-Quebrada Seca Chardonnay 2007 – Chile – ImpTortadora Enoteca Fasano
18º-Tabali Reserva Especial Sauvignon Blanc 2009 – Chile – Importadora Gran Cru
19º-Catena Zapata Malbec Argentino 2007 – Argentina – Importadora Mistral
20º-Carmen Wine Maker´s Reserva 2007 – Chile – Importadora Vince
22º-Paisage de Barrancas 2006 – Argentina – Importadora World Wine
23º-Zavala 2007 – Chile – Importadora Épice
24º-DV Catena Vineyard Designated AdrianaVineyard 2003 – Argentina – Importadora Mistral
25º-Terrunyo 2007 – Chile – Importadora VCT Brasil
26º-Caro 2007 – Argentina – Importadora Mistral
27º-Lota 2007 – Chile – Importadora Santar
28º-Albis 2006 – Chile – Importadora Winebrands
29º-J Alberto 2008 – Argentina – Importadora Vince
30º- Pequeñas Producciones Sauvignon Blanc 2009 – Chile – Importadora Obra Prima
31º–Finca Altamira Malbec 2007 – Argentina- Importadora Expand
32º-Trivento Golden Reserve Malbec 2006 – Argentina – Importadora VCT Brasil
33º-Sophenia Syntesis Malbec 2007 – Argentina – Importadora Expand
34º-Ribera del Lago Sauvignon Blanc 2007 – Chile – Sem importador no Brasil
35º-Alta Vista Alto 2005 – Argentina- Importadora Épice
36º-Linda Flor Malbec 2005– Argentina – Importadora Gran Cru
38º-Cadus Single Vineyard 2005 – Argentina – Importadora Santar
39º-Morandé Edición Limitada Sauvignon Blanc 2008 – Chile – Importadora Carvalhido
40º-Finca Mirador Malbec 2007 – Argentina – Importadora Expand
41º-Finca Bella Vista 2007 – Argentina- Importadora Expand
42º-Mendel Finca Remota Malbec 2007 – Argentina – Importadora Gran Cru
43º-Storia Merlot 2005– Brasil – Lojas especializadas
44º-Flecha de los Andes Gran Corte 2006 – Argentina – Importadora Gran Cru
45º-Talento 2006 – Brasil – Lojas especializadas
46º-Colomé Estate Malbec 2006 – Chile – Importadora Decanter
48º-Cheval des Andes 2006 – Argentina – Importadora LVMH
49º-Triple C Carmènére 2006– Chile – Importadora Gran Cru
50º-Pulenta Gran Estate Malbec 2007– Argentina- Importadora Gran Cru
Observem que temos nessa lista quatro vinhos brasileiros. Aí eu deixo a minha pergunta: qual a sua opinião sobre o vinho brasileiro? Fica um tema para próxima semana.
Beber ou Degustar?
17/03/2010 por crisapx
Degustar é provar com atenção, procurando analisar as qualidades do objeto degustado. Degustar e beber um vinho são coisas distintas: beber é ingerir um líquido e degustar é submetê-lo a nossos sentidos para julgá-lo e descrevê-lo.
Alguns pré-requisitos para degustação são: a taça, que deve ter um bojo com espaço suficiente para que se possa girar o vinho e desprender seus aromas, um pano de fundo claro para observar o vinho, água e pão para limpar o paladar entre um vinho e outro. Se for usar a mesma taça ao mudar de um vinho para o outro, gire um pouco do novo vinho dentro da taça e despeje-o. Isso chama-se “avinhar” o copo.
Os órgãos fundamentais para degustação são: visão, olfato e paladar, capazes de captar os estímulos sensoriais emitidos por grande parte das mais de quinhentas substâncias que existem no vinho. As sensações visuais são quase instantâneas. Já as olfativas e gustativas necessitam de estímulos que variam de pessoa para pessoa e podem ser aumentados com um treino.
Comece a análise visual segurando a taça pela haste. Evite sustentá-la pelo bojo, pois o calor da mão aquecerá o vinho. Com a taça na altura dos olhos, contra um ponto luminoso, você pode perceber as partículas em suspensão, o que define o grau de limpidez e sanidade do vinho. Se o vinho está turvo, pode indicar que deveria ter sido decantado ou mostrar a existência de alguma doença do vinho.
A cor define os tipos de vinhos: tinto, branco ou rosado. Suas nuances podem variar de púrpura, rubi, granada e alaranjados para os tintos, e esverdeado, palha, dourado e âmbar para os brancos. Essas nuances nos informam sobre a idade ou a evolução dos vinhos. Normalmente a cor dos tintos clareia com o tempo, enquanto a dos brancos escurece.
Outro aspecto importante é a intensidade, que é reação do vinho à reflexão da luz e que define o corpo do vinho. Um vinho de cor intensa é um vinho encorpado e o de cor pouco intensa é um vinho de menos corpo.
O álcool é um fator que influi no aspecto fluido e móvel do vinho e pode ser percebido quando é girado dentro do copo. Nesse movimento, uma parte do líquido sobe pelas as paredes da taça e escorre até a base em forma de gotas que originam linhas irregulares, chamadas de lágrimas do vinho. Isso se deve ao fato de o álcool evaporar-se mais rapidamente que a água do vinho. Quanto maior o teor alcoólico, mais abundantes são as lágrimas do vinho.
Na degustação, chamam-se aromas as sensações olfativas. Existem mais de cento e vinte substâncias aromáticas nos vinhos. Aproxime a taça ao nariz e cheire. Isso permite apreciar os aromas mais voláteis. A seguir, faça um movimento de rotação com a taça para agitar o vinho e aumentar a superfície de evaporação. Dê algumas aspiradas rápidas e deixe a imaginação funcionar.
Por fim, chegamos à análise gustativa. Prove em pequenas quantidades e deixe o vinho passear por toda a boca, sentindo-o por todos os lados da língua, bochecha e gengiva. Com o líquido ainda na boca, aspire um pouco de ar com os lábios semiabertos. Essa técnica permite sentir o “retrogosto”.
É importante ter em mente que em uma degustação nunca há unanimidade em relação ao vinho degustado. Cada um tem um paladar e o melhor vinho sempre é definido por maioria.
Então, fica a minha dica: comece a degustar vinho e não simplesmente beber. Você irá descobrir sensações nunca antes imaginadas.
Referência: Vinhos, O Essencial; Jose Ivan Santos
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Os Prazeres da Harmonização
10/03/2010 por crisapx
A combinação entre pratos e vinhos nada mais é que um jogo delicioso que se pratica a mesa. Existem regras bem específicas para harmonizar sabores de um prato e de um vinho. O fundamental é o equilíbrio entre ambos: o prato e o vinho devem se completar e nunca se sobrepor.
Alguns fatores importantes a se considerar são as combinações de peso, intensidade, taninos, madeira e álcool. Confira abaixo algumas dicas essenciais da harmonização de vinho com a comida:
- Vinho ácido
• Escolha pratos que sejam ricos, cremosos, gordurosos ou salgados para contrabalancear.
• Combine a acidez da comida com o vinho.
• Use o vinho para equilibrar o calor das especiarias.
- Vinho doce
• Ao servir vinho com sobremesa, certifique-se de que a sobremesa seja menos doce que o vinho: caso contrário, o vinho parecera sem graça.
• Se o vinho não for muito doce (meio doce) tente servi-lo com pratos levemente doces ou pratos com toque de especiarias ou pimenta.
• Tente combinar o vinho com pratos levemente salgados: você pode encontrar boas combinações, especialmente com queijos e cozinhas do estilo tropical.
- Vinho alcoólico
• Certifique-se de que o prato servido também seja igualmente pesado e rico em personalidade, ou o vinho poderá ofuscá-lo.
• Não sirva o vinho com pratos apimentados ou com especiarias.
• Evite excesso de sal, que ira amplificar a percepção do calor/ álcool.
- Vinho tânico
• Sirva os taninos com pratos ricos em proteínas, gordura ou ambos.
• Lembre-se de que entradas pobres em proteína ou gordura podem provocar a sensação de o vinho ser ainda mais tânico.
• Lembre-se de que tanino e especiarias não combinam.
• Utilize ingredientes que sejam amargos (brócolis, berinjela, abobrinha, etc.).
- Vinho com carvalho
• Combine o toque amadeirado com ingredientes como nozes e especiarias doces, ou com técnicas de cocção (grelhar ou defumar).
• Lembre-se de que o envelhecimento em carvalho enriquece a textura do vinho e harmoniza bem com pratos e molhos igualmente ricos em textura.
- Vinho tinto e envelhecido
• Sirva o vinho com carnes malpassadas.
• Tenha em mente que o vinho se torna mais delicado com o tempo: escolha preparações mais simples para que o vinho possa aparecer.
- Vinho branco envelhecido
• Sirva o vinho com pratos de características aromáticas semelhantes (nozes, amêndoas e frutas secas).
• Compense a perda da acidez do vinho envelhecido com a acidez no prato: sumo do limão ou um toque de vinagre.
Vale lembrar que essas regras não são tão rígidas e deve-se considerar o paladar de cada pessoa, desde que haja bom senso nas combinações. O importante é experimentar e se deliciar com cada nova descoberta. Bon appetit!
Referências: Vinho e Comida, Ed. SENAC, Jose Ivan Santos e Jose Maria Santana.
Ah, o Porto!
03/03/2010 por crisapx
O vinho do Porto é um vinho fortificado, produzido a partir de uvas provenientes da região do Douro, no norte de Portugal.
A “descoberta” do Vinho do Porto é polêmica. Uma das versões conta que a origem data do século XVII, quando mercadores britânicos, em função de conflitos com a França, passaram a abastecer o mercado inglês com o vinho Português como fonte alternativa. No entanto, como a viagem de Portugal era mais longa, os vinhos estragavam mais rápido. Assim, os ingleses adicionaram aguardente para evitar que ele azedasse, já que na época ainda não se utilizavam conservantes.
Mas o processo que caracteriza a obtenção deste vinho já era conhecido bem antes do início do comércio com os ingleses. Já na época dos Descobrimentos o vinho era armazenado desta forma para se conservar um máximo de tempo durante as viagens e ainda servia como lastro para as embarcações. A diferença fundamental estava na forma de produção e nas castas utilizadas, hoje protegidas.
O que torna o vinho do Porto diferente dos outros vinhos, basicamente, é o fato de a fermentação do vinho ser interrompida numa fase inicial, com a adição de um aguardente vínica neutro (com cerca de 77º de álcool). Assim, o vinho do Porto é um vinho naturalmente doce, visto que o açúcar natural das uvas não se transforma completamente em álcool, e é mais forte do que os vinhos de mesa (entre 18 e 22º de álcool).
Existem três tipos de vinhos do Porto: Ruby, Tawny e Branco.
Porto Ruby
Ruby é o estilo de Porto feito com uvas tintas que passam menos tempo em madeira. De cor mais intensa e aromas frutados, apresenta os seguintes tipos:
- Comum: jovem, áspero, de sabor pronunciado e doce. Passa em média três anos em madeira.
- Vintage: é o Porto mais prestigiado, feito com uvas de uma só colheita, em anos excepcionais. Mesmo num ano muito bom nenhum produtor irá declarar um vintage assim que o vinho for feito. O produtor acompanha o desenvolvimento do seu vinho e somente após 18 meses pode ser declarado um vintage ou não. Este vinho, depois de dois anos na madeira, é engarrafado, mas deve passar necessariamente por envelhecimento em garrafa por muitos anos.
- Late Bottled Vintage (LBV): é do ano que está declarado no rótulo e é engarrafado depois de quatro a seis anos em madeira. Apesar de ser de um ano muito bom, o produtor considera que ele não atingiu o ponto para ser engarrafado como vintage.
Porto Tawny
Tawny é um estilo de Porto que permanece mais tempo na madeira. Envelhecem dois a três anos nos tonéis, passando depois para os barris de 550 litros. Estes permitem um mais elevado contato do vinho com a madeira e assim ganham ainda mais complexidade aromática, enriquecendo os aromas de frutas secas e adquirindo aromas de madeira, tostado, café, chocolate, mel, etc. As categorias existentes são:
- Tawny Comum: é envelhecido por até oito anos, apesar de esta informação raramente aparecer no rótulo.
- Tawny Reserva, com indicação de idade (10 anos, 20 anos, 30 anos e 40 anos): é o Tawny de alta qualidade. Vinhos de vários anos são misturados e a data se refere à idade média dos vinhos na mistura. São vinhos com sabor de frutas secas e se tornam cada vez mais leves com a idade. Geralmente são mais caros.
- Colheita: é o Tawny elaborado com uvas da mesma safra, somente de anos excepcionais. Geralmente traz a safra da colheita no rótulo.
Porto Branco
Menos conhecido, o vinho do Porto branco é feito exclusivamente a partir de uvas brancas e envelhece em grandes tonéis de madeira de carvalho (20 mil litros). Existem brancos secos, meio-secos e doces. Ainda assim, e devido à forma como o Porto é produzido, o vinho nunca é completamente seco, guardando sempre alguma da sua doçura inicial.
O vinho do Porto tornou-se uma bebida imensamente popular no norte da Europa e hoje está presente em diversos países pelo mundo. Na França, por exemplo, é tradição pedir “un Porto” após as refeições. E você, incluiria uma dose de Porto no seu dia-a-dia?
Referências
- Livro: Vinhos, O Essencial; José Ivan Santos.
O Beaujolais nouveau é um vinho tinto feito da uva Gamay, produzida na região de Beaujolais na França. É um vin de primeur, ou seja, um vinho comercializado no mesmo ano de sua colheita. Fermentado por apenas algumas semanas, origina um vinho muito frutado, leve e fresco.
A região de Beaujolais sempre produziu o “vinho do ano” para celebrar o encerramento da colheita. Mas até o pós-segunda guerra, era produzido apenas para consumo local. Foi apenas em 1951, quando alguns membros da associação de vinho Beaujolais viram um potencial em comercializar este vinho para outros mercados que se estabeleceu o lançamento do que viria a ser chamado de Beaujolais Nouveau. Não era apenas uma maneira de vender um vinho mais simples com boa rentabilidade, mas vender vinhos poucas semanas após a colheita era ótimo para o fluxo de caixa.
A região de Beaujolais sempre produziu o “vinho do ano” para celebrar o encerramento da colheita. Mas até o pós-segunda guerra, era produzido apenas para consumo local. Foi apenas em 1951, quando alguns membros da associação de vinho Beaujolais viram um potencial em comercializar este vinho para outros mercados que se estabeleceu o lançamento do que viria a ser chamado de Beaujolais Nouveau. Não era apenas uma maneira de vender um vinho mais simples com boa rentabilidade, mas vender vinhos poucas semanas após a colheita era ótimo para o fluxo de caixa.
Assim surgiu a idéia de fazer uma corrida a Paris carregando as primeiras garrafas da nova safra, o que atraiu muita mídia e até os anos 70 já havia virado um evento nacional. A corrida se espalhou nos países vizinhos nos anos 80. E hoje já alcança diversas partes do mundo.
Na França, a chegada do Beaujolais Nouveau é celebrada com festa em bares e restaurantes, que recebem o vinho sempre na terceira quinta-feira do mês de novembro, anunciada com a célebre frase Le Beaujolais Nouveaux est arrivée!!! Essa é talvez uma das maiores jogadas de marketing inventadas pelos franceses.
Hoje já são produzidos em torno de 49 milhões de litros de Beaujolais Nouveau por ano, totalizando quase a metade da produção total de vinho da região. Aproximadamente metade dessa produção é exportada, abastecendo principalmente os mercados Alemão, Japonês e Americano.
O sucesso comercial do Beaujolais Nouveau levou ao desenvolvimento de outros vinhos “primeur” em outras partes da França, como a Gaillac AOC próxima a Toulouse. A prática se espalhou para outros países produtores de vinho, como a Itália com o “Vino Novello”, a Espanha com o “vino nuevo” e até os Estados Unidos com o “nouveau wine”.
O Nouveau deve acompanhar pratos igualmente leves e deve ser bebido a uma temperatura mais baixa que outros tintos: aproximadamente 14ºC. Deve também ser consumido cedo, em até seis meses. Os vinhos das melhores safras e produtores podem ser consumidos em até um ano da fabricação.
No Brasil, a tradição da chegada do Beaujolais Nouveau reúne cada vez mais entusiastas. Em 2009, quase 30 estabelecimentos disponibilizaram o vinho em suas adegas. Veja abaixo os endereços onde você poderá encontrá-los:
O sucesso comercial do Beaujolais Nouveau levou ao desenvolvimento de outros vinhos “primeur” em outras partes da França, como a Gaillac AOC próxima a Toulouse. A prática se espalhou para outros países produtores de vinho, como a Itália com o “Vino Novello”, a Espanha com o “vino nuevo” e até os Estados Unidos com o “nouveau wine”.
O Nouveau deve acompanhar pratos igualmente leves e deve ser bebido a uma temperatura mais baixa que outros tintos: aproximadamente 14ºC. Deve também ser consumido cedo, em até seis meses. Os vinhos das melhores safras e produtores podem ser consumidos em até um ano da fabricação.
No Brasil, a tradição da chegada do Beaujolais Nouveau reúne cada vez mais entusiastas. Em 2009, quase 30 estabelecimentos disponibilizaram o vinho em suas adegas. Veja abaixo os endereços onde você poderá encontrá-los:
E você, já experimentou a moda “nouveau”?
Fontes: Sites Uol, Qvinho e Wikipedia
As Riquezas da África do Sul
03/02/2010 por crisapx
A história do vinho na África do Sul começou com os colonizadores holandeses em 1652, que vinificaram uvas encontradas no sudoeste do continente sul africano. Pouco tempo depois, imigrantes franceses, trouxeram em sua bagagem o conhecimento necessário para elaboração de bons vinhos, dando início ao desenvolvimento da produção vinícola na região.
No século XVIII, o vinho Sul Africano começou a ser comercializado internacionalmente, com a introdução da uva Muscat, da qual se produziu um vinho doce chamado Constantia, que se tornou famoso nas cortes reais da Europa, rivalizando com os conceituados vinhos licorosos de Sauternes e da Hungria. Mas que acabou desaparecendo nos séculos seguintes com os inúmeros conflitos vividos pelo país.
Foi somente no pós Apartheid que o setor vitivinícola renasceu na África do Sul e seus vinhos voltaram ao mercado internacional, depois de anos de sanções ao comércio com o país. A utilização de uvas nobres, as novas diretrizes de qualidade, as novas tecnologias nos vinhedos e caves permitiram aos vinicultores tirar o melhor proveito de seu terroir único para produzir vinhos vencedores em competições internacionais e exportar para mais de 80 países.
A produção vinícola hoje no país constitui-se aproximadamente de 80% de uvas brancas e 20% de tintas. Produz excelentes brancos com as uvas Chardonnay, Sauvignon Blanc e Chenin Blanc, apesar de sua marca registrada ser a uva tinta Pinotage – que surgiu em 1925 a partir do cruzamento entre Pinot Noir e Cinsault – e do recente destaque nos mercados internacionais com a Shiraz e Cabernet Sauvignon.
O país que sediará a Copa do Mundo de 2010 está investindo para ganhar projeção, e principalmente, conquistar novos mercados. Um dos patrocinadores oficiais é a vinícola Nederburg, pertencente a gigante companhia sul-africana Distell. Originada em 2000, a Distell nasceu a partir de uma fusão de duas tradicionais empresas, a Stellenbosch Farmers’ Winery (SFW) e da Distillers Corporation. Para resumir, basta dizer que a Distell é dona da marca do famoso licor Amarula. Com uma tradição vitivinícola de mais de dois séculos, a Nederburg está localizada no distrito de Paarl (Pérola), a 60Km da Cidade do Cabo. O vinho “Nederburg FIFA Limited Edition Wine” foi especialmente produzido pelos enólogos da vinícola para celebrar a Copa do Mundo de Futebol. A linha trará 2007 Cabernet Sauvignon, a 2009 Sauvignon Blanc e 2009 Dry Rosé.
Aproveite a oportunidade para conhecer um pouco do vinho Sul Africano. E quem sabe, comemorar o “hepta” com uma boa taça de vinho.
Fontes:
-Vinhos: O Essencial; Jose Ivan Santos
-www.enciclopediadovinho.com.br
-www.academiadovinho.com.br
Está em Desenvolvimento um substituto do Álcool que Previne o Alcoolismo e Ressacas
18/01/2010 por crisapx
A nova substância traz como vantagem o fato de poder ser “desligada” instantaneamente pela ingestão de uma pílula que permitirá aos condutores voltar para casa ou para o trabalho dirigindo sem culpa.
O álcool sintético, que esta sendo desenvolvido a partir de químicos provenientes do Valium, age no sistema nervoso dando uma sensação de bem-estar e relaxamento, da mesma forma que o álcool no organismo. Mas ao contrário do álcool, a substância não afeta outras partes do cérebro que alteram o humor e que levam ao vício. Além de ser muito mais fácil de eliminar do organismo. Basta tomar um “antídoto” que o consumidor do vinho estará sóbrio imediatamente.
O novo álcool está sendo desenvolvido por um time de cientistas na Universidade Imperial de Londres, liderado pelo Professor David Nutt, um britânico expert em drogas, ex-conselheiro do governo no assunto. O expert idealiza um mundo onde as pessoas possam ‘beber sem se embebedar’.
A bebida deverá ser transparente e sem gosto a fim de manter as características da bebida em que é adicionada. Eventualmente ela seria usada para substituir o álcool contido na cerveja, no vinho e em destilados e o álcool retirado destas bebidas poderia ser usado com combustível.
O Professor Nutt acredita que a nova droga, que precisaria de licença, pode ter um efeito drástico na sociedade e trazer melhorias a saúde pública. Algumas estatísticas apontam que entre 2007 e 2008 na Inglaterra houve 800.000 internações em hospitais em função do álcool e mais de 6.500 mortes – com um gasto público de 2.7 bilhões de libras por ano.
De acordo com o Professor Nutt, a aprovação da droga pode ser dificultada em função dos altos custos com os experimentos clínicos, além de ainda não se saber quem pagaria por eles. Ele afirma que a indústria de bebidas não mostrou interesse, mas que alguns países podem ser convencidos a patrocinar o time.
Fica a pergunta: você trocaria o vinho tradicional por um vinho com álcool artificial?
Fonte: Telegraph – Reino Unidohttp://www.telegraph.co.uk/health/healthnews/6874884/Alcohol-substitute-that-avoids-drunkenness-and-hangovers-in-development.html
Noé e o Surgimento do Vinho
12/01/2010 por crisapx
O vinho talvez tenha sido descoberto por acaso. É um produto natural decorrente da fermentação de uvas amassadas. Temos na Bíblia (Gênesis 9:20-25) a menção à primeira videira. Noé, herói do Dilúvio, ancora sua arca no Monte Ararat (atual Turquia). Logo planta uma parreira e com as uvas faz, acidentalmente, o vinho. Os filhos o encontram sem roupa, caído no chão em sua tenda e o recompõe com uma túnica.
No teto da Capela Sistina, no Vaticano, existe um célebre afresco de Michelangelo Buonarroti (1568-1646), inspirado na embriaguez de Noé. Há também um mosaico do século 11 na Basílica di San Marco, em Veneza, a mais deslumbrante igreja bizantina da Europa ocidental, que o apresenta ao lado de uma videira, segurando numa mão um cacho de uva e, tendo na outra uma taça com vinho.
Reverendos russos, do Centro Científico-Cristão Parthenit, avaliaram o porre de Noé à luz das reações físico-químicas e afirmam que as condições atmosféricas pós-dilúvio teriam influenciado seu metabolismo alcoólico. Arriscam dizer que foi a primeira embriaguez da raça.
Com o avanço da genética, cientistas da Universidade da Pennsylvania empenham-se em desvendar a “Hipótese Noé”, e buscam o local onde as primeiras vinhas teriam sido domesticadas. O importante é que há 7 mil anos havia parreiras na mesma Turquia de Noé e descobrindo a “parreira-mãe”, será mais fácil traçar a expansão dos vinhedos pelo mundo e suas linhagens.
Cristina, sommelière.
Referências:
Tão antigo quanto o ser humano – JOHNSON, HUGH
Artigo S/A O Estado de S. Paulo
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